Prédios na orla de Miami estão afundando – e mais rápido do que se esperava

Um novo estudo mostra que 35 prédios afundaram até 8 centímetros de 2016 a 2023

Crédito: Fast Company Brasil

Kristin Toussaint 2 minutos de leitura

Arranha-céus são pesados, o que pode fazer com que o solo abaixo deles a afunde e vá se assentando devagar, especialmente logo após sua construção. Mas em Miami, dezenas de prédios ao longo da costa estão afundando a taxas “inesperadas” e muito tempo após terem sido erguidos.

Cientistas da Universidade de Miami descobriram que 35 prédios ao longo de um trecho de aproximadamente 17 quilômetros da costa, de Miami Beach a Sunny Isles Beach, estão afundando – um processo conhecido como subsidência.

Os pesquisadores examinaram os prédios de 2016 a 2023 e descobriram que eles afundaram de dois a oito centímetros. São condomínios e hotéis à beira-mar, como o Trump Tower III (que afundou quatro centímetros nesse período) e o Ritz Carlton Residences (cinco centímetros).

O fenômeno é mais intenso em Sunny Isles Beach, seguida por Surfside, onde um prédio de 12 andares desabou em 2021. Miami Beach apresentou a menor subsidência.

Para determinar o quanto os prédios estavam afundando, os pesquisadores usaram imagens de satélite que podem medir a altura das construções em milímetros. Eles compararam centenas dessas imagens ao longo do tempo para criar uma “série temporal de deslocamento de superfície”.

“A descoberta da extensão dos pontos críticos de subsidência ao longo da costa do sul da Flórida foi inesperada”, disse Farzaneh Aziz Zanjani, principal autor do estudo. “A pesquisa ressalta a necessidade de monitoramento contínuo e uma compreensão mais profunda das implicações de longo prazo para essas estruturas.”

Em Miami, os prédios foram erguidos sobre calcário coberto de areia. Os pesquisadores dizem que o solo provavelmente está afundando devido à forma como os grãos de areia se deslocam sob o peso das estruturas, bem como às vibrações que ocorrem durante a construção. Além disso, as marés diárias e as rachaduras no calcário poderiam levar a um afundamento contínuo.

Os pesquisadores também estudaram especificamente o prédio em Surfside que desabou em 2021, para verificar o papel da subsidência no desastre, no qual 98 pessoas morreram – e que levou à elaboração de leis para revisões estruturais de condomínios na Flórida.

A pesquisa ressalta a necessidade de monitoramento contínuo dessas estruturas.

No entanto, os pesquisadores disseram que “nenhum sinal de deslocamento foi detectado” antes do desabamento do prédio, o que significa que o afundamento ou assentamento não foi a causa. Uma investigação federal encontrou problemas nas colunas de concreto que sustentavam o edifício e falhas de construção no deck da piscina.

Ainda assim, o estudo, publicado na revista "Earth and Space Science", pode ser um divisor de águas para o monitoramento de prédios e da estabilidade do solo abaixo deles no futuro. Segundo os pesquisadores, tanto as autoridades locais quanto os moradores devem ser informados sobre qualquer subsidência em andamento.

Isso permitiria o monitorar as estruturas, procurar por rachaduras e tomar medidas preventivas. Embora a subsidência não possa ser totalmente evitada, é possível providenciar para que o solo tenha sistemas de drenagem adequados e trabalhar com engenheiros para reforçar as fundações.


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais