Procura e oferta de vistos nômades aumentam nos últimos dois anos

Modelo de visto provisório traz benefícios não só para o profissional, mas para países que o oferecem

Crédito: CardMapr.nl/ Unsplash

Redação Fast Company Brasil 3 minutos de leitura

Enquanto a discussão sobre os benefícios dos diferentes modelos de trabalho continua, muitas pessoas já adotaram o remoto como um estilo de vida e países estão validando essa escolha ao oferecer vistos nômades para profissionais digitais.

Os vistos para nômades digitais preenchem uma lacuna nas leis para trabalhadores remotos que querem passar períodos curtos ou estendidos no exterior enquanto trabalham de forma independente.

Esse formato ficou tão popular que o site de mapeamento de tendências Exploding Topics notou que as pesquisas pelo termo aumentaram incríveis 1.900% nos últimos cinco anos, impulsionadas pelos hábitos de trabalho difundidos pelos anos pandêmicos. Já as pesquisas por “nômade digital” cresceram 376% nos últimos dois anos.

Segundo a plataforma, atualmente existem cerca de 35 milhões de nômades digitais em todo o mundo, número duas vezes maior que nos últimos 24 meses. Atualmente, 46 países oferecem vistos nômades e outros 20 iniciaram programas semelhantes nos últimos dois anos.

Durante a pandemia de Covid-19, muitos países, principalmente aqueles que tiveram o turismo afetado pelas medidas restritivas, começaram a oferecer vistos específicos para esses nômades digitais para reaquecer a economia.

TRABALHO X TURISMO

A principal diferença entre um visto de turista e um visto nômade digital é quanto tempo o titular pode ficar no país. Os vistos de turista são para estadas curtas, normalmente até três meses, ao passo que aos nômades são permitidas estadas mais longas, frequentemente de um ano ou mais.

Cada país tem suas próprias regras e políticas. Alguns permitem que a pessoa elegível se candidate online, enquanto outros exigem que a candidatura seja feita por meio de uma embaixada ou consulado.

Todos esses requisitos devem ser conferidos, mas geralmente os candidatos precisam de um passaporte válido e elegível, além de comprovação de ganhos estáveis remotamente e, eventualmente, o pagamento de uma taxa.

Muitos países também podem considerar outros pontos para a elegibilidade do profissional, como a nacionalidade, o histórico de vistos ou se o candidato pode ser considerado uma ameaça à segurança ou à saúde do país de destino.

Com esse esquema, os profissionais têm a liberdade de trabalhar do jeito que mais os agrada e os países usufruem dos benefícios econômicos da geração de renda proporcionada por eles. “Os nômades digitais investem seu tempo e dinheiro na economia local, sem tomar empregos locais, e constroem pontes com trabalhadores e conhecimento local – uma vantagem para os dois lados”, afirma Prithwiraj Choudhury, em artigo para a Harvard Business Review.

Para Choudhury, os vistos nômades trazem três benefícios claros:

1. São uma solução temporária para questões relativas a políticas de imigração e atrasos de vistos em todo o mundo. A mobilidade geográfica pode estimular as viagens de negócios no curto e médio prazo, impulsionando diferentes setores, como as companhias aéreas.

2. Os nômades digitais podem fomentar novos fluxos de conhecimento e recursos entre países, gerando novas ideias e beneficiando todos os envolvidos.

3. Esses profissionais podem ser responsáveis pela promoção do empreendedorismo e pela criação de centros de tecnologia e inovação.

VISTO NÔMADE NO BRASIL

O Conselho Nacional de Imigração, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, regulamentou, em janeiro deste ano,  a concessão de visto temporário e autorização de residência a imigrantes que, sem vínculo empregatício no país e fazendo uso de tecnologias da informação, possam executar trabalhos para empregadores estrangeiros, com duração de um ano e possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.

O visto nômade pode ser solicitado em qualquer repartição consular brasileira no exterior, com a apresentação dos documentos previstos na resolução, que incluem seguro saúde válido no território nacional e a comprovação de condição de nômade digital (contrato de trabalho ou de prestação de serviços, entre outros documentos que demonstrem vínculo com empregador estrangeiro). Para o imigrante que já se encontra no país, o pedido pode ser apresentado pelo Sistema MigranteWeb.


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