Quais serão as profissões mais demandadas pelo metaverso?

Com o interesse crescente por esses universos, especialistas preveem quais serão os profissionais e habilidades mais requisitados

Créditos: JESHOOTS.COM/unsplash

Redação Fast Company Brasil 5 minutos de leitura

O conceito de metaverso ainda está tentando se estabelecer, misturando diferentes elementos do real e do virtual. Essa nova complexidade, que converge diversas tecnologias, irá demandar a expertise de diferentes profissionais. Não só para tornar esses mundos possíveis, mas também atraentes, com experiências fluidas e cativantes. Muitos especialistas já preconizam um boom de novas oportunidades. 

“Já que um sem-fim de tecnologias são necessárias, há, em igual medida, um universo de possibilidades e oportunidades para pessoas e profissionais dispostos a construir estes mundos fantásticos”, afirma Eliza Flores, sócia-diretora executiva de operações da Broders, agência de projetos digitais.

“Na verdade, isto já está acontecendo. Mesmo que estejamos em uma fase inicial de construção de alicerces e pontes entre os diversos mundos virtuais, é possível vislumbrar habilidades técnicas e criativas que serão chave nesse desenvolvimento.” Eliza trabalha há 17 anos desenvolvendo projetos digitais em pós-produção e produção de imagens para o meio publicitário, com foco, principalmente, em conteúdos imersivos.

Eliza Flores (Crédito: Victor Furlan)

Ao pensar no metaverso, é possível listar de cara alguns profissionais que serão demandados. O que não significa que esse universo não possa gerar oportunidade de crescimento para mercados mais tradicionais. A eXP, empresa de tecnologia imobiliária com mais de 80 mil corretores espalhados pelo mundo, usa uma plataforma de realidade imersiva, a eXp Realty, na qual seus profissionais fazem as negociações.

“O metaverso é mais um espaço que facilita o contato entre as pessoas. Quando falamos em ambiente de trabalho, ele proporciona melhor experiência nas interações sociais. É um local de descoberta, por isso as ferramentas de trabalho devem ser cada vez mais pensadas no ambiente digital. Principalmente depois das mudanças trazidas pela pandemia”, diz Elisa Tawill, head de growth da eXp Brasil.

Estamos passando de uma realidade de consumo de conteúdo digital para uma na qual vivemos dentro do conteúdo. “Ela já pede uma forma inteiramente nova de pensar e desenvolver plataformas e interfaces. Os profissionais que lidam com esse tipo de desafio estão sendo formados em tempo real, dentro de empresas e startups. Não existe receita de bolo, nem cursos prontos”, afirma Eliza Flores.

PROFISSÕES NO METAVERSO

A construção de metaversos demandará tecnologia, design, storytelling e visuais imersivos. O que deve significar uma grande demanda por profissionais desses setores. A executiva da Broders listou alguma das áreas e profissionais que poderão ser mais requisitados:

- Engenheiros de software: para trabalhar nas bases de interoperabilidade entre metaversos e entre metaversos e outros sistemas digitais (meios de pagamento, e-commerces, sensores do mundo físico) e para que objetos virtuais possam fazer sentido entre diversos mundos virtuais.

- Desenvolvedores de motores de games: existem mais de 63 game engines pagos e gratuitos no mercado. No centro está a criação de ambientes virtuais que reagem em tempo real à nossa presença, decisões e ações. São frameworks multimedia e incluem uma lista de funcionalidades fundamentais para a criação dessas interações. Futuros desenvolvedores de metaversos deverão ser mestres na utilização de softwares como esses.

- Especialistas em cibersegurança: os metaversos já estão sendo considerados canais propícios a ataques virtuais. Serão necessárias pessoas que possam fornecer orientação e supervisão para aspectos como privacidade, transparência, verificação de dados, captação e tratamento de dados durante os vários estágios de projeto – além de validação e produção (de hardware ou software), garantindo que esses mundos digitais sejam seguros e atendam os requisitos regulatórios aplicáveis. Tudo isso sem sacrificar funcionalidades, o design, a qualidade da experiência do usuário e a receita.

- Especialistas em moedas digitais, NFTs e blockchain: os metaversos abrem um mundo totalmente novo de transações financeiras – de skins de avatares a eventos de música virtual, passando por toda uma gama de produtos baseados em NFT. O crescimento da compra e venda de bens digitais é impressionante, deixando claro o quanto as tecnologias de blockchain são fundamentais no seu desenvolvimento. Para esses especialistas, a interoperabilidade é um conceito central. Ele garante que um cliente ou visitante possa carregar seus itens e moedas virtuais quando navega entre diferentes metaversos (ou plataformas) e experiências. Também estão no escopo desses profissionais a interlocução com instituições financeiras, para fomentar o apoio e adoção de contratos inteligentes (smart contracts) para bens e serviços, tanto do mundo virtual quanto do mundo físico.

- Desenvolvedores de ecossistemas: um bom comparativo para o grau de complexidade do desenho dos ecossistemas de metaversos é a dificuldade enfrentada pela indústria automobilística na transição para veículos elétricos e autônomos. O desenvolvedor de ecossistemas seria responsável por coordenar setores públicos e privados, voltados ao lucro ou não, para garantir as várias funcionalidades debatidas, criadas e pensadas para entregas em larga escala.

- Planejadores e organizadores: são os agregadores de pessoas com talentos diversos. A capacidade de antever, planejar e implementar todas as questões de design e funcionalidade em um mundo totalmente virtual será fundamental para a maioria das empresas, assim como selecionar as pessoas certas para construir esse mundo digital em expansão. Os profissionais precisam conduzir um conjunto estratégico de etapas, desde a prova de conceito até o piloto e a implantação. No processo, estar atento às oportunidades de mercado, novos business cases, desenvolvimento de métricas de sucesso e a tradução destes parâmetros e influências no mapa de geral desenvolvimento.

- Designers: serão os construtores de mundos e interfaces, criando experiências inesquecíveis. Isso exigirá muitas das mesmas habilidades que vemos nos designers de games, embora com um conjunto de regras potencialmente diferentes. Precisarão ter visão de futuro e serão responsáveis por determinar as interfaces através das quais nos relacionaremos com os ambientes virtuais. 

- Storytellers: na medida em que a economia da experiência e a força da gamificação seguem ganhando relevância, é natural que as experiências imersivas e interativas façam sentido a partir de grandes histórias, com as quais possamos nos identificar, entreter e aprender. Essa pessoa será responsável por dar sentido e projetar vivências imersivas para os usuários explorarem os metaversos.


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