Quantidade de plástico no nosso cérebro aumentou 50 vezes em 8 anos
Há mais partículas de plástico no nosso cérebro do que no fígado e nos rins
Os plásticos estão por toda parte, inclusive no nosso cérebro. De acordo com um artigo publicado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, amostras de cérebros humanos coletadas em 2024 continham uma quantidade 50% maior de partículas de plástico do que amostras coletadas em 2016. Os pesquisadores descobriram que, atualmente, em média 0,48% do cérebro humano contém microplásticos e nanoplásticos.
Para o estudo, os cientistas coletaram amostras de fígado, rim e cérebro em autópsias realizadas entre 2016 e 2024. Eles encontraram partículas de plástico em todas as amostras, mas a quantidade encontrada no cérebro era mais elevada – sete a 30 vezes maior do que nos demais órgãos.
“De alguma forma, esses nanoplásticos arrumam um jeito de se infiltrar no nosso corpo e chegar ao cérebro, atravessando a barreira hematoencefálica”, disse à CNN o principal autor do artigo, Matthew Campen.
“Plásticos adoram gorduras, isto é, lipídios. Uma teoria possível é que eles conseguem entrar no nosso sistema pegando carona com as gorduras que comemos, que em seguida são transportadas para os órgãos que realmente gostam de lipídios. O cérebro está no topo dessa lista.”
O tipo presente em maior quantidade foi o polietileno, que representou 74% do plástico encontrado no cérebro, e entre 44% e 57% do plástico encontrado no fígado e nos rins. O polietileno é o plástico mais utilizado no mundo, geralmente na produção de embalagens. Ele é encontrado em itens como filme plástico, sacolas e garrafas.
Embora ainda não esteja claro como isso afetará a saúde das pessoas, os pesquisadores observaram que há relação entre os microplásticos e o aumento das taxas de Alzheimer e demência.
“O cruzamento entre os dados atuais, que indicam uma tendência de aumento da concentração [de plásticos] no cérebro, a presença cada vez maior de microplásticos no meio ambiente e o aumento dos casos [de Alzheimer e demência] no mundo realça a urgência do entendimento dos impactos do plástico na saúde da população”, escrevem os autores do estudo.