R/GA decreta que local de trabalho é onde o funcionário quiser

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Em mais de dois anos de pandemia, o que não faltou foi polêmica. Uma das poucas coisas que parece ser consenso é que ela mudou de forma irreversível o modo como encaramos o trabalho. Pesquisa realizada pelo Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (Progep) da FIA Business School mostra que a proporção de profissionais satisfeitos com o home office aumentou de 64% em 2020 para 73% em 2021. 

Para muitos, o teletrabalho passou de uma solução provisória a um esquema permanente. Tanto que, entre os pesquisados, quase metade (45%) têm um cômodo específico, individual, para o trabalho. Um em cada cinco conta, inclusive, com equipamentos ergonômicos (como cadeiras e suportes).

A agência de publicidade R/GA resolveu oficializar o teletrabalho. Agora, a base de operações de cada funcionário é sua própria casa (ou onde ele/ ela quiser). “Temos estações de trabalho para quem precisar ou preferir trabalhar na agência. O que estamos fazendo é oferecer o espaço do escritório para ocasiões em que as pessoas, juntas, conseguem resolver melhor as coisas, como o início de um projeto, o ensaio para uma apresentação de campanha para o cliente, gerenciamento de crise ou mudança de rumo de um projeto”, explica Marcio Oliveira, diretor geral da operação São Paulo da RGA. 

Sede da R/GA em São Paulo (Crédito: Divulgação)

Na maior agência de publicidade do país, a WMcCann, 80% dos mais de 600 colaboradores trabalham em esquema híbrido, frequentando a agência dois dias por semana. Os demais seguem em home office. “Fomos uma das primeiras a adotar o home office para todos”, diz a diretora de recursos humanos, Paula Molina.

Segundo Paula, a tecnologia foi uma grande aliada nesse momento  de transição forçada, contribuindo para a troca de informações e até para um novo modelo de trabalho. “Na época, o principal impacto, em termos operacionais, foi na produção das campanhas, já que as filmagens foram adiadas”, lembra.

Um dos principais benefícios apontados pelas duas empresas é a descentralização da contratação de mão-de-obra. Na R/GA, 15% dos funcionários, hoje, vivem fora do eixo Rio-São Paulo. A WMcCann também tem funcionários espalhado pelo Brasil. E nada impede o recrutamento de profissionais de outros países, em especial da América Latina.

“Estamos chamando essa tendência de criatividade distribuída. O novo lugar do trabalho é a nuvem. Podemos juntar especialistas em diferentes lugares do mundo para criar projetos, campanhas, soluções”, afirma Oliveira. O escritório da agência em São Paulo foi modificado para promover a interação, com poltronas e lousas de trabalho para troca e desenvolvimento de ideias.

Para a diretora da WMcCann, esse é  um modelo que pode ser replicado em vários ramos de atividade. “O home office já era uma tendência adotada em outros países. Com a pandemia, veio para ficar e trazer possibilidades alternadas, como o modelo híbrido. Acredito que, para aquelas áreas que não necessitam de mão-de-obra presencial, o modelo pode ser facilmente adotado”, afirma. 

Marcio Oliveira tem uma visão mais filosófica da questão. Ele lembra que a tecnologia fez com que o trabalho nos perseguisse onde estivéssemos, e em qualquer horário. “A pandemia inverteu a lógica. Já que o trabalho vai onde eu estiver, então quero ter a liberdade de trabalhar onde bem entender”. Quem discorda?


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