Rede de farmácias restaura e preserva prédios históricos pelo Brasil
Com mais de 2,6 mil lojas no país, RD-RaiaDrogasil mantém as características originais em 59 endereços e lança livro com suas histórias
Com o crescimento das redes de farmácias, ficou comum encontrar uma em cada esquina e ao mesmo tempo quase não conseguir diferenciar uma fachada de outra. Um exemplo dessa expansão é a RD-RaiaDrogasil, que, com a fusão das bandeiras Raia e Drogasil (em 2011), passou de 776 para 2,6 mil unidades em todo o Brasil.
O que não significa que a empresa não possa dar um toque único aos seus prédios. A rede tem 59 lojas em endereços históricos e criou um projeto de preservação da arquitetura e patrimônios locais.
“Embora o investimento para revitalizar imóveis históricos seja maior se comparado a um tradicional, o grupo RD acredita que a diferença não seja tão significativa”, afirma Clarissa Santos Andreotti, arquiteta responsável pelo trabalho de pesquisa e levantamento de informações sobre os imóveis.
Segundo ela, após o início do funcionamento, os dois modelos de construção apresentam o mesmo resultado de vendas e circulação de pessoas. Assim a preservação e manutenção desses imóveis tem mais a ver com uma postura adotada pela empresa do que com retorno financeiro.
Mesmo que a busca por esses imóveis não seja ativa, dentro do escopo de expansão imobiliária do grupo podem surgir outros pontos históricos. A rede ampliou o plano de abertura de novas lojas de 240 para 260 endereços por ano até 2025.
“Com certeza, novas construções históricas vão aparecer, até porque temos como importante campo de atuação grandes cidades do interior do Brasil, que costumam manter vivas as tradições locais”, aponta Clarissa.
“Apesar da velocidade com que a rede se espalha pelo país, seguimos o princípio de preservar o valor histórico dos imóveis onde instalamos nossas farmácias, nos conectando à identidade do entorno – mesmo dos imóveis que não são tombados, mas tem valor histórico para o local”, diz Marcilio Pousada, CEO da RaiaDrogasil.
Para celebrar essas construções, o grupo editou o livro Lugares de Cuidado e Memória – Raia e Drogasil: Arquiteturas de Interesse Histórico, que conta a história de 43 imóveis preservados que se conectam com a evolução da empresa. Confira abaixo alguns desses endereços históricos.
- Palacete da Rua do Catete, Rio de Janeiro/ RJ (segunda metade do século 19) - a partir da metade do século 20, mesmo com a modernização do bairro, um conjunto histórico notável no entorno do Palácio do Catete persistiu, com sobrados bem preservados de arquitetura eclética, com estabelecimentos comerciais instalados no térreo.
- Edifício Santa Elisa, São Paulo/ SP (1929) - em 1930, no entorno do Largo do Arouche, a vida era movimentada e elegante. O Santa Elisa foi um dos primeiros prédios no entorno da praça e é tombado pelo patrimônio histórico da cidade. Apesar das poucas alterações e reformas ao longo do tempo, suas principais características arquitetônicas estão preservadas.
- Sobrado da Rua da Praia, Porto Alegre/ RS (meados do século 19) - em meados do século 18, quando começou a se desenvolver, a cidade de Porto Alegre era formada, na parte alta, pela Praça da Matriz (o Alto da Praia), local do poder político e religioso, e, na parte baixa, pela Praça da Alfândega, ponto de entrada para os navegantes. Instalado em área peninsular, o núcleo urbano passou por sucessivos aterros e a Rua da Praia, via comercial e movimentada, que a princípio se ligava ao porto, se distanciou das águas.
- Solar da Praça Matriz, São Sebastião do Paraíso/ MG (1913) - a praça, onde se encontra a igreja de São Sebastião, abrigou residências e estabelecimentos marcantes como a sorveteria Sposito, a casa Santos e o Hotel Cosini. Uma das casas mais antigas, o casarão pertenceu a um fazendeiro com projeção política no cenário mineiro. Com o crescimento da cidade, foi vendido e transformado em ponto comercial. O solar se notabiliza por suas características arquitetônicas, típicas da expansão cafeeira da região.
- Casa da Rua Safira, São Paulo/ SP (década de 1920) - o Jardim da Aclimação, de inspiração francesa, ficou muito famoso na década de 1920. Suas atrações, na época, colaboraram para a venda de lotes para famílias de bom poder aquisitivo na parte alta do entorno do parque. Na esquina da rua Safira situa-se a última edificação remanescente, contornada por um quintal, seguindo o padrão dos loteamentos da época, inspirados na ideia de bairro-jardim.
Todas as imagens fazem parte do livro "Lugares de Cuidado e Memória – Raia e Drogasil: Arquiteturas de Interesse Histórico"