Redução da oferta de Bitcoin pode aumentar o impacto ambiental das criptomoedas
A mineração exige uma enorme quantidade de energia e a redução da oferta estimulará ainda mais operações nesse sentido
A recente redução da oferta de Bitcoin colocou a principal moeda virtual de volta aos holofotes e levantou novas questões sobre a pegada ambiental do universo dos criptoativos.
A mineração de criptomoedas exige uma enorme quantidade de energia e a redução da oferta deve estimular ainda mais operações nesse sentido.
Isso tem preocupado ambientalistas (e alguns políticos), que temem que o impacto sobre o clima aumente, especialmente com o avanço da inteligência artificial (que já está sobrecarregando as redes de energia) e com os eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
Qual é a pegada de carbono da indústria de criptomoedas?
Globalmente, as criptomoedas representaram cerca de 0,4% de todo o consumo de energia do mundo em 2022, de acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia divulgado em janeiro. Isso é aproximadamente a mesma quantidade de energia consumida pelos Países Baixos no mesmo período.
De 2020 a 2021, a pegada de carbono da mineração de Bitcoin foi equivalente à queima de 38 milhões de toneladas de carvão ou a 190 usinas elétricas a gás natural em operação, segundo as Nações Unidas. Para compensar isso, os mineradores precisariam plantar 3,9 bilhões de árvores – o que corresponde a 7% da floresta amazônica.
Quanta energia exatamente a mineração de criptomoedas consome?
De acordo com o mesmo estudo da ONU, a rede global de mineração de Bitcoin consumiu 173,42 terawatts-hora no período de 2020 a 2021. Se fosse um país, seu consumo de energia teria ficado em 27º lugar no mundo, ultrapassando o Paquistão, que tem uma população de mais de 230 milhões de pessoas.
A redução da oferta terá impacto na pegada ambiental das criptomoedas?
A competição pelo número reduzido de Bitcoins deve estimular muitos mineradores a investir em máquinas mais novas, o que poderia resultar em equipamentos mais antigos sendo descartados em aterros sanitários.
As criptomoedas representaram cerca de 0,4% de todo o consumo de energia do mundo em 2022.
Normalmente, a vida útil do equipamento de mineração mais utilizado, chamado de circuito integrado específico de aplicativo (ASIC, na sigla em inglês), é de cinco a sete anos. Mas os mineradores poderiam trocá-lo antes para ganhar vantagem.
No ano passado, a operação da Bitmain no estado da Geórgia, nos EUA, por exemplo, gastou US$ 54 milhões para importar 27 mil das máquinas ASIC mais recentes.
Existe algum benefício para o meio ambiente na redução da oferta?
Possivelmente, mas provavelmente é menor. A substituição desses equipamentos vai aumentar o volume de resíduos em aterros, mas os mineradores buscarão reduzir custos – e provavelmente vão recorrer à energia sustentável para isso.
A Marathon Digital Holdings, uma das maiores mineradoras de Bitcoin do mundo, recentemente comprou um data center de mineração de 200 megawatts próximo a uma fazenda eólica no Texas. A empresa prevê uma redução de 20% nos gastos operacionais.
Outros poderiam seguir o exemplo, mas, mesmo assim, será difícil conter a produção de lixo eletrônico (que chegou a 30,7 mil toneladas em maio de 2021).
Quais países têm as maiores operações de mineração de Bitcoin?
A China proibiu a mineração de criptomoedas em 2021, o que levou muitos mineradores a se mudar para outros países, mas as operações clandestinas continuam. Entre os principais mineradores, segundo a ONU, estão os EUA, Cazaquistão, Rússia, Malásia, Canadá, Alemanha, Irã, Irlanda e Singapura.