Robôs humanóides sob risco? Guerra comercial de Trump pode afetar tecnologia

Tarifas sobre produtos chineses podem frear o avanço da robótica americana

Robôs humanóides do EUA e da China dando as mãos
A disputa comercial entre EUA e China pode ter consequências profundas para o futuro dos robôs humanóides. Crédito: Criada por IA via ChatGPT.

Guynever Maropo 2 minutos de leitura

No fim de março, empresas de tecnologia americanas reuniram-se em Washington para apresentar o que há de mais avançado em robôs humanóides. 

A demonstração, organizada pelo Comitê Especial da Câmara sobre o Partido Comunista Chinês, teve como objetivo mostrar o potencial dos Estados Unidos nesse novo campo de disputa tecnológica. Porém, poucos dias depois, um novo desafio surgiu: as tarifas do governo Trump.

Com a imposição de tarifas de até 145% sobre produtos chineses, muitas empresas do setor de robótica passaram a enfrentar incertezas. Isso porque os robôs humanóides (que se parecem e se movem como pessoas) exigem uma grande variedade de componentes, muitos dos quais são produzidos na China, segundo reportagem da Bloomberg.

De acordo com uma análise do Bank of America, os atuadores  que representam mais da metade da composição de um robô  costumam conter peças como motores de torque, parafusos de rolos e rolamentos de precisão, todos frequentemente fabricados em território chinês. Além disso, quatro das cinco principais fornecedoras de sistemas de visão para robôs são empresas chinesas.

Mesmo empresas que montam seus robôs nos Estados Unidos, como a Apptronik, ainda dependem de alguns componentes chineses. E com o aumento nas tarifas, os custos podem disparar, tornando o avanço dos robôs humanóides nos EUA mais lento e caro.

A preocupação do setor é que, apesar da intenção de fortalecer a indústria americana, as tarifas acabem atrasando a corrida tecnológica justamente num momento em que os Estados Unidos começavam a ganhar tração. Com os avanços da inteligência artificial e a redução de custos em materiais, proporcionada pela China, empresas como Apptronik, Figure AI e Dexterity começaram a atrair milhões em investimentos. Gigantes como Apple, Meta e Tesla também demonstram interesse nesse mercado.

Empresas como a Rapid Robotics, que recentemente investiram na criação de robôs humanóides industriais, agora correm para diversificar seus fornecedores. Mas encontrar substitutos para a produção chinesa não é simples. Países como Alemanha, Japão, Canadá e Taiwan podem suprir parte da demanda, mas com prazos mais longos e preços mais altos. “Eles entregam em 36 semanas, mas nós precisamos disso em 36 dias”, afirmou Kim Losey, CEO da Rapid Robotics.

A disputa comercial entre EUA e China pode ter consequências profundas para o futuro dos  robôs humanóides. Embora a intenção seja fortalecer a produção nacional, a dependência de componentes chineses ainda é grande  e o aumento dos custos pode frear o avanço de startups e até mesmo afastar investimentos.


SOBRE A AUTORA

Jornalista, pós-graduando em Marketing Digital, com experiência em jornalismo digital e impresso, além de produção e captação de conte... saiba mais