Segurança alimentar e inovação em tecnologia social no terceiro dia do congresso UP
Projeto modelo em Sergipe ajuda escolas a gerenciar recursos para merenda dos cerca de mil alunos participantes
Em seu terceiro dia, o congresso UP – Utopia Pragmática apresentou um dos debates mais importantes e atuais da programação: “Segurança alimentar – o potencial transformador da associação entre agricultura familiar, tecnologias digitais e ciência de dados”. A conversa foi mediada por Marcelo Lobianco, CEO da Fast Company Brasil.
“A responsabilidade de dedicar esforços e energia para reduzir a insegurança alimentar é de todos nós. O uso da tecnologia para essa questão é fundamental”, avaliou Jaime Oliveira, diretor de assuntos públicos, ciência e sustentabilidade da Bayer no Brasil e que atua há mais de 20 anos em áreas ligadas à saúde pública e sustentabilidade.
Durante o painel, Saulo Barretto, cofundador do IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação), apresentou detalhes do NHAM, modelo de tecnologia social implementado em Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, onde está localizado o instituto. O projeto promove o combate à desnutrição e anemia, além de incentivar e viabilizar a agricultura familiar. Tudo baseado em ciência e evidências.
Um dos principais destaques da iniciativa é um aplicativo que ajuda escolas, merendeiras e nutricionistas do município a organizar os cardápios, controlar o estoque e o prazo de validade dos alimentos, entre outras funcionalidades que estão sendo desenvolvidas.
“Por meio de inteligência artificial, da tecnologia e das parcerias, podemos oferecer soluções concretas para o problema da insegurança alimentar no Brasil”, afirmou Oliveira, da Bayer, que é uma das empresas que apoiam o IPTI e o NHAM.
“A segurança alimentar impacta a vida das crianças e adolescentes em muitos sentidos. Ninguém consegue aprender com fome ou ter um desenvolvimento escolar com questões de saúde ligadas a uma alimentação inadequada. Incorporar uma cultura alimentar rica e de maneira adequada é nosso foco com o NHAM”, contou Saulo Barretto.
"O uso da tecnologia [para reduzir a insegurança alimentar] é fundamental.”
A iniciativa, que funciona em seis escolas de Santa Luzia do Itanhy, conta com a participação de cerca de mil alunos. O projeto também propõe a valorização da agricultura familiar e do trabalho das merendeiras, que, além de responsáveis pelo preparo dos alimentos, podem se tornar importantes agentes de transformação e disseminação de informações sobre alimentação. “Elas precisam ser protagonistas do processo e atuar como educadoras”, disse Barretto.
O projeto desenvolvido pelo IPTI deve ser em breve adotado por todas as 22 escolas de Santa Luzia do Itanhy e, posteriormente, reaplicado por todo o país, uma vez que é escalável e pode melhorar a segurança alimentar e diminuir os obstáculos os agricultores familiares.
“A beleza das tecnologias sociais é que, após testarmos e validarmos os modelos de escalabilidade, podemos atender demandas locais. Para isso, precisamos preparar também o capital humano, que é um dos mais importantes”, finalizou o cofundador do IPTI.
O UP acontece até sexta-feira (12/08), na casa Melhoramentos, em São Paulo, com patrocínio de SPX Capital, Bayer, Fundação Telefônica Vivo e Beja Instituto e apoio de Melhoramentos e Globo. Para se inscrever e participar, clique nos links dos temas:
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