Seis em cada 10 empresas brasileiras já fizeram algum piloto de metaverso
Pesquisa mostra que elas tiveram reduções de 15% de despesas de capital e de 6% em despesas operacionais
O metaverso chegou e muitas pessoas viram esses espaços como ambientes puramente digitais focados em jogos, redes sociais e comércio. Os investimentos cresceram: de acordo com a consultoria McKinsey, as empresas de metaverso atraíram US$ 120 bilhões em financiamento durante o primeiro semestre de 2022 – mais que o dobro do investimento total no ano anterior.
Nesse meio tempo, algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo anunciaram projetos ambiciosos no mesmo sentido. É que, apesar de um certo um declínio em relação à quantidade de usuários, o metaverso tem potencial para diferentes usos empresariais e industriais.
Estudo recente da consultoria da EY, em parceria com a Nokia, abordou o metaverso por três pontos de vista: do consumidor, da empresa e industrial. Segundo o levantamento "Metaverse at Work", os dois últimos proporcionam valor tangível e devem progredir mais rapidamente no curto prazo em comparação com o metaverso do consumidor (no qual grande parte da atenção está hoje).
O metaverso permite que as empresas aproveitem seus esforços de digitalização já em andamento para conseguir maior eficiência, sustentabilidade e melhorias de segurança em seus negócios.
No setor empresarial a implantação do metaverso é impulsionada pela demanda por melhoria na colaboração digital e nas ferramentas de comunicação, envolvendo os atributos de produtividade.
Já no setor industrial, ele pode ser usado para promover a integração físico-digital, que aumenta a capacidade dos colaboradores, incluindo representações digitais de indústrias físicas, ambientes, sistemas, processos e espaços que os profissionais podem controlar, monitorar e interagir.
NÃO É MODISMO
“Os metaversos industriais e empresariais estão aqui. O estudo mostra o claro interesse por tecnologias como realidade estendida e gêmeos digitais, visando atingir os objetivos de negócios", afirma Vincent Douin, diretor executivo de consultoria e transformação de negócios da Ernst & Young LLP.
"Já estamos vendo muitas organizações indo além dos estágios de planejamento e reconhecendo benefícios tangíveis das implementações iniciais”, complementa. O estudo foi realizado com 860 líderes empresariais em seis países (incluindo o Brasil) para avaliar o estado atual dos metaversos industrial e empresarial.
Apenas 2% dos entrevistados veem o metaverso como uma “palavra da moda” ou “modismo”. Computação em nuvem (72%), inteligência artificial/ machine learning (70%) e conectividade de rede (68-70%) são considerados os principais capacitadores técnicos importantes para o uso dessa tecnologia.
Em termos de implantação de casos de uso do metaverso industrial ou empresarial, Brasil aparece em terceiro lugar, com 63% realizando pelo menos um programa piloto ou um caso de uso, logo atrás dos EUA (65%) e do Reino Unido (64%).
Entre os entrevistados, 80% dos que já implementaram um projeto piloto ou um caso de uso acreditam que o metaverso terá um poder transformador em seus negócios. Os resultados apontam redução de 15% em despesas de capital (Capex) e de 6% em despesas operacionais (Opex).
Para 70% dos entrevistados brasileiros, a capacidade de lançar novos modelos de negócios é o principal benefício do metaverso. A percepção de risco legal para a adoção do metaverso é menor entre as empresas brasileiras, com apenas 20% dos entrevistados considerando haver algum risco, contra 34% na média geral.
Para os brasileiros, inteligência artificial e machine learning são considerados os facilitadores técnicos mais importantes para a implantação do metaverso.
Outra dificuldade apontada é a preocupação com segurança cibernética e a privacidade de dados, além da dificuldade de encontrar pessoas com a experiência certa. Por fim, falta ainda comprovação de retorno sobre o investimento (ROI) para impulsionar a adoção da tecnologia internamente.
Todos os participantes, independentemente do país ou do setor, avaliam que a implantação dos metaversos empresarial e industrial demanda um extenso conjunto de conhecimentos técnicos, com os quais muitos ainda não estão familiarizados.