Techs americanas prometem apoiar funcionárias que optarem pelo aborto

Essas empresas de tecnologia dos EUA estão se comprometendo a reafirmar políticas de apoio a serviços de saúde reprodutiva

Crédito: Gayatri Malhotra/ Unsplash

Redação Fast Company 4 minutos de leitura

Várias empresas de tecnologia e mídia estão se posicionando contra a decisão da Suprema Corte norte-americana de anular o direito ao aborto. Mas mais do que manifestarem sua posição, elas estão se oferecendo para pagar as despesas de locomoção e estadia de funcionárias que agora precisarão viajar para acessar serviços de saúde reprodutiva em outros estados.

Espera-se que, dentro de um mês, 13 estados dos EUA comecem a aplicar leis que proíbem o aborto, aprovadas em antecipação à última decisão da Suprema Corte. No entanto, após essa decisão do tribunal, as empresas do Vale do Silício, incluindo Meta, Uber e Duolingo, anunciaram ou reafirmaram políticas de apoio a funcionárias que buscam serviços de aborto.

“Esta decisão coloca a saúde das mulheres em risco, nega seus direitos humanos e ameaça desmantelar o progresso que fizemos em direção à igualdade de gênero no local de trabalho desde a lei Roe”, disse o cofundador e CEO da Yelp, Jeremy Stoppelman, em comunicado enviado à Fast Company.

“Os líderes empresariais devem se esforçar para apoiar a saúde e a segurança de seus funcionários, manifestando-se contra a onda de proibições ao aborto que será desencadeada como resultado desta decisão, e pedir ao Congresso que garanta, por meio de uma lei, a opção de fazer um aborto sem alguma restrição governamental”, complementou Stoppelman.

No final de maio, um porta-voz da Meta disse em comunicado: “pretendemos oferecer reembolsos de despesas de viagem, na medida permitida por lei, para funcionários que precisarem deles para acessar serviços de saúde e reprodutivos outro estado. Estamos no processo de avaliar a melhor forma de fazê-lo, dadas as complexidades legais envolvidas”.

Um porta-voz do Duolingo disse à Fast Company que a empresa estava “atualizando seus benefícios para garantir que todos os funcionários do Duolingo nos Estados Unidos possam ter acesso à saúde reprodutiva, incluindo o reembolso de quaisquer despesas de viagem necessárias para acessar os serviços de aborto”.

“Os líderes empresariais devem pedir ao Congresso que garanta a opção de fazer um aborto sem restrição governamental.”

Um porta-voz da Uber disse: “após a decisão da Suprema Corte, reiteramos aos funcionários que os planos de seguro da Uber nos EUA já cobrem uma série de benefícios de saúde reprodutiva, incluindo interrupção da gravidez e despesas de viagem para acesso à saúde. Também continuaremos a apoiar os motoristas, reembolsando despesas legais, caso algum motorista seja processado sob a lei estadual por fornecer transporte em nossa plataforma para levar alguém a uma clínica”.

POSICIONAMENTO POLÍTICO

A Apple também reafirmou seu apoio aos funcionários que buscam cuidados reprodutivos. “Apoiamos os direitos de nossos funcionários de tomar suas próprias decisões sobre sua saúde reprodutiva”, declarou um porta-voz da empresa à Fast Company. “Por mais de uma década, os benefícios abrangentes da Apple permitiram que nossos funcionários viajassem para fora para atendimento médico se o procedimento necessário não estivesse disponível em seu estado de origem.”

A Variety relata que a Disney enviou um e-mail aos funcionários lembrando que eles têm acesso a benefícios para planejamento familiar e saúde reprodutiva, incluindo aborto, “independentemente de onde moram”. Esse benefício fornece fundos para “cobertura acessível para receber níveis semelhantes de atendimento em outro local”.

A Netflix também disse à Variety que seus planos de saúde oferecem um subsídio de viagem para funcionários dos EUA e seus dependentes para acessar serviços de aborto.

Várias empresas divulgaram declarações de políticas depois que o Texas aprovou uma das leis antiaborto mais restritivas do país.

Nas últimas semanas, outras empresas de tecnologia e mídia prometeram apoio a funcionários que buscam assistência médica reprodutiva.  Suas declarações foram motivadas por um rascunho vazado da opinião majoritária do juiz Alito derrubando Roe, que o Politico publicou em maio.

Depois do vazamento desse rascunho, a Microsoft disse à Bloomberg que ofereceria “assistência de despesas de viagem para esses e outros serviços médicos onde o acesso aos cuidados é limitado em disponibilidade na região geográfica de origem de um funcionário”.

Além disso, a Amazon disse à Reuters que cobriria até US$ 4 mil em despesas de viagem para seus funcionários dos EUA que viajassem para fazer abortos.

Várias empresas também divulgaram declarações de políticas depois que o Texas aprovou sua nova proibição ao aborto no ano passado, que está entre as mais restritivas do país. A lei expõe qualquer pessoa, de médicos e conselheiros a motoristas de Uber, que ajudem as mulheres a acessar serviços de aborto.

A Tesla, com sede no Texas, disse que cobriria os custos de viagem de funcionários que buscam abortos fora do estado. Já a Salesforce disse à CNBC que se ofereceria para ajudar seus funcionários do Texas a se mudar para escapar da nova lei de aborto do estado.

Com base em texto de Mark Sullivan.


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