Unesco pede aos governos nacionais que proíbam o uso de celular nas escolas

Novo relatório analisa o papel da tecnologia na educação e indica que os smartphones estão atrapalhando a aprendizagem

Créditos: Projeto Estoque RDNE/ Pexels

Michael Grothaus 2 minutos de leitura

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) acaba de divulgar um novo relatório sobre o papel da tecnologia na educação. Entre as muitas descobertas e recomendações do estudo, os autores pedem aos governos nacionais que tomem medidas no sentido de banir os smartphones das escolas, devido ao seu efeito negativo no processo de aprendizagem. 

A recomendação da ONU vem após os pesquisadores constatarem que o uso excessivo de celulares na escola leva a um desempenho ruim na sala de aula. O relatório também concluiu que o tempo excessivo de tela afeta negativamente a estabilidade emocional das crianças. Por fim, os autores apontam que restringir o uso de smartphones na escola poderia proteger os estudantes contra o cyberbullying.

A ONU não tem o poder de exigir que os países restrinjam o uso de smartphones na escola, mas espera que o relatório estimule os governos a reconsiderarem suas políticas caso a caso. No entanto, mesmo antes da divulgação do estudo, diversas nações já estavam limitando ou proibindo o uso de smartphones nas escolas.

Créditos: pngtree/ Ron Lach/ Pexels

Como apontou o FirsPost, vários países vêm adotando essa medida. A França foi um dos primeiros, banindo os celulares das escolas em 2018, seguida da Tasmânia, em 2019. Em julho, a Holanda anunciou uma proibição de smartphones em escolas que entrará em vigor em 2024 e a Finlândia aprovou uma lei no mesmo sentido.

Nos Estados Unidos, em fevereiro, a Associação Nacional de Educação (NEA) citou um relatório de 2020 do Centro Nacional de Estatísticas da Educação que indicava que 76% das escolas do país já tinham proibições de celulares em vigor.

O relatório concluiu que o tempo excessivo de tela afeta negativamente a estabilidade emocional das crianças.

Ou seja, muitas escolas concordam com as recomendações da ONU. No entanto, é provável que tanto o governo federal quanto os governos estaduais deixem a decisão para cada escola, em vez de aprovar leis estaduais ou nacionais.

Além de abordar o uso de smartphones na escola, o relatório da Unesco também analisou o crescimento do ensino à distância, que se generalizou durante o período de isolamento social na pandemia de Covid-19. O estudo constatou que o ensino online tem seu lugar, mas não substitui a sala de aula física.

“A revolução digital tem um potencial inestimável, mas, assim como foram emitidos alertas sobre como ela deve ser regulamentada, atenção semelhante deve ser dada à forma como é usada na educação", disse a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.

"Seu uso deve ser para aprimorar a experiência de aprendizado para promover o bem-estar de alunos e professores, e não para prejudicá-los. Devemos colocar as necessidades dos alunos em primeiro lugar e apoiar os professores. As conexões online não substituem a interação humana.”


SOBRE O AUTOR

Michael Grothaus é escritor, jornalista, ex-roteirista e autor do romance "Epiphany Jones". saiba mais