UP mostra a importância do investimento social em projetos de impacto

No encerramento do Festival UP, cofundador do IPTI diz que é possível combater a pobreza aplicando-se modelos que colocam a comunidade como protagonista das mudanças

Crédito: divulgação.

Redação Fast Company Brasil 4 minutos de leitura

Entre os dias 8 e 12 de agosto. o congresso UP – Utopia Pragmática reuniu o setor privado e investidores sociais para um debate sobre o uso das tecnologias sociais e sobre o papel do investimento privado no combate ao cenário de pobreza no Brasil.

Durante o evento, o conceito de tecnologia social foi apresentado em diversos projetos e iniciativas que já trazem resultados reais. “Dinheiro sozinho não resolve a pobreza. Ela se resolve tirando a pobreza da cabeça das pessoas”, afirmou Saulo Barreto, um dos maiores especialista no tema e cofundador do IPTI, no último dia do evento.

Segundo ele, isso é possível quando se aplicam modelos que colocam a comunidade como protagonista das mudanças.

No encerramento do congresso, o debate foi sobre um assunto que está na pauta mundial: como lidar com o lixo que geramos. O tema do painel mediado por Renata Moraes, do Instituto Iguá, foi “Inovação e simplicidade para tratamento de resíduos sólidos em comunidades subestimadas”.

Ao abrir a conversa, Renata apontou de que forma inovação e simplicidade – além de sensibilidade e humanidade – podem envolver as comunidades de forma efetiva no cuidado com a destinação e tratamento dos resíduos.

Na sequência, o físico Paulo Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e coordenador do projeto Zero - Tecnologia Social para a Reciclagem Local de Plástico, junto ao IPTI (Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação), mostrou um caminho viável para um dos maiores problemas mundiais, que é reciclagem e o reaproveitamento do plástico.

“A poluição causada por este material é uma ameaça mundial e não conseguimos lidar com ela. Precisamos de soluções integradas, que transformem plásticos, pessoas e comunidades”, afirmou.

Gomes apresentou um caso de sucesso idealizado por ele e sua equipe para a reutilização do plástico por meio de uma máquina de reciclagem de baixo custo, fácil operação e manutenção e que pode transformar o material em placas. A partir delas, é possível modelar peças que podem ser utilizadas, inclusive, em substituição à madeira.

“Com esse projeto, além de retirarmos o plástico da natureza, compartilhamos conhecimento e empoderáramos comunidades subestimadas. Além disso, atuamos em 10 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU com um projeto que pode ser escalável e reaplicado em outros lugares”, disse Gomes.

PROBLEMA GLOBAL, SOLUÇÕES LOCAIS

O debate também contou com a participação de Helena Pavese, diretora da Plastic Bank no Brasil. A empresa atua na causa de impedir o plástico oceânico, liderando o projeto de expansão na costa brasileira e América Latina. Segundo dados da Plastic Bank, em 2050 haverá mais plástico que peixes no oceano.

 “Precisamos entender que somos parte do problema e também da solução. Nosso trabalho é mostrar que plástico não é somente lixo, é oportunidade, tem valor comercial, pode gerar renda, emprego e oportunidade”, disse Helena.

Com atuação no país desde 2019, a Plastic Bank conta com mais de 80 parceiros e pretende tirar, só no Brasil três mil toneladas de plástico do mar até o fim desse ano.

O saneamento básico foi outro tema bordado no último dia do UP. Quem mostrou um modelo eficiente para a promoção universal dessa questão foi o engenheiro Luiz Fazio, idealizador e atual presidente da Associação Biosaneamento.

“Validamos tecnologias junto às comunidades que não possuem saneamento e, com isso, sofrem com muitos problemas. É um direito fundamental e lutamos para que ele seja promovido de forma universal e incondicional”, afirmou.

Fazio trouxe um dos exemplos mais recentes de uma comunidade que teve sua realidade transformada após um diagnóstico da Biosaneamento e a implementação de um projeto de utilização de biodigestores no local, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

Para finalizar o painel, Mario Rachid Abirached Neto, que atua à frente da área de Inovação na Melhoramentos falou sobre o desafio de desenvolver iniciativas que gerarão os negócios futuros da empresa.

“Estamos sempre em busca de soluções que nos ajudem a diminuir a quantidade do uso de plásticos. Hoje, buscamos tecnologias de alto rendimento que nos permitem desenvolver produtos importantes nesta jornada”, afirmou.

PROJETOS DE IMPACTO E O PAPEL DO SETOR PRIVADO

O UP trouxe um debate essencial hoje: como as empresas podem se reposicionar e fazer escolhas conscientes na busca de soluções que impactem a sociedade de forma efetiva.

“As tecnologias sociais são soluções para problemas sociais construídas de maneira participativa com a comunidade local, associando o conhecimento científico e tecnológico e o conhecimento das pessoas que vivenciam a questão. Entre seus diferenciais, estão pontos como eficácia, escalabilidade, sustentabilidade e o pleno protagonismo das comunidades”, explicou Saulo Barretto.

Organizado pelo IPTI – instituição de arte, ciência e tecnologia sem fins lucrativos – o congresso UP – Utopia Programática contou com o patrocínio da SPX Capital, Bayer, Fundação Telefônica Vivo e Beja Instituto, além do da Melhoramentos e da Globo. Em breve, a íntegra dos debates estará disponível nas redes sociais do IPTI.


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