Usuários se incomodam com IA do Instagram “bisbilhotando” suas fotos

A melhor maneira de garantir que suas fotos e outros dados não sejam usados para treinar a IA da Meta é não postar

Crédito: Vika Valter/ iStock

Chris Morris 3 minutos de leitura

Se você usou o Instagram recentemente, provavelmente se deparou com algo curioso: diversos stories e postagens defendendo que os usuários – não a plataforma – detêm os direitos autorais de todas as imagens e publicações (passadas, presentes e futuras).

A inteligência artificial, como você pode imaginar, está por trás dessa tendência – mais especificamente, o medo dela. Enquanto a Meta se esforça para expandir seus sistemas de IA na tentativa de alcançar os concorrentes, alguns usuários estão se mostrando incomodados com o uso de suas postagens para treinar os modelos da empresa.

O problema é que estes posts também já devem estar sendo incorporados à AI. “Mesmo que alguém afirme em uma postagem que possui os direitos sobre qualquer publicação futura, isso não tem valor legal algum”, explica Nicole Morris, professora de direito da Universidade de Emory, nos EUA.

“Ninguém pode deter os direitos autorais de uma obra que ainda não existe. Não é como uma propriedade, que pode ser transferida para herdeiros. Ou as pessoas não leem ou não entendem as implicações e regras legais.”

Esses posts não são muito diferentes das velhas mensagens que circulam nas redes sociais desde seu surgimento. Algumas dizem que não dão permissão para o Facebook lucrar com suas contas. Outras afirmam que não permitem que seus dados sejam coletados para estudos acadêmicos. Em todos os casos, porém, isso é tão eficaz quanto dizer que o Sol não tem a sua permissão para brilhar.

Para deixar claro, o Instagram não está dizendo que suas fotos não pertencem a você. Os termos de uso afirmam isso claramente. Ao usar qualquer serviço da Meta (seja Instagram, Facebook ou outros), os usuários concedem à empresa uma licença não exclusiva, global e transferível para “hospedar, usar, distribuir, modificar, executar, copiar, exibir publicamente, traduzir e criar obras derivadas do seu conteúdo”. Essa licença dura até que a publicação seja excluída.

A grande questão é que as leis de privacidade online nos EUA não são suficientemente rigorosas. A Meta já está usando postagens para treinar sua inteligência artificial. Mas as coisas são um pouco diferentes na Europa. Lá, a empresa enviou recentemente uma notificação aos usuários informando que usaria suas informações públicas para treinar seus sistemas de IA a partir de 26 de junho.

Ninguém pode deter os direitos autorais de uma obra que ainda não existe.

Mas eles têm a opção de recusar, graças às leis da União Europeia. Só precisam entrar na conta do Facebook, clicar em “configurações de dados” e depois em “atividade fora do Facebook”. Em seguida, selecionar “gerenciar seus dados” e desativar “compartilhamento de dados” e “treinamento do modelo de IA”. 

No Instagram, basta acessar “configurações”, “sobre” e, em seguida, “política de privacidade”. Lá, eles encontram informações sobre a IA da Meta e como desativar a coleta de seus dados para treinamento.

No resto do mundo, no entanto, as opções são mais limitadas. Não existe um botão de desativar como na Europa, mas é possível definir sua conta como privada e deletar quaisquer informações suas que a Meta tenha salvado usando o comando “/reset-all-ais” na janela de chat.

Mas a melhor maneira de garantir que suas fotos e outros dados não sejam usados para treinar a IA da empresa é exatamente o que você deve estar imaginando – mesmo que não seja algo simples para quem é viciado em redes sociais.

“Se você realmente não quer que seu conteúdo seja usado para treinar uma IA, basta não postar”, diz Morris. “Essa é a única maneira.”


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais