3 boas notícias para empresas de tecnologia em 2023

As crises são um problema, mas também são ótimas oportunidades para quem sabe como aproveitá-las

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Adam Nash 4 minutos de leitura

Se você tem uma startup ou investe em tecnologia, é compreensível que esteja desesperançoso em relação a 2023. O cenário não tem sido animador para as grandes empresas.

Vimos uma sequência de demissões em massa, falta de financiamento para novas iniciativas e cortes no orçamento. Mas não são apenas elas que estão passando por isso. O mesmo tem ocorrido em startups e unicórnios em estágios mais avançados.

Como alguém que foi operador e investidor durante outras três crises na indústria de tecnologia, ainda acredito que há boas notícias para as startups em 2023.

Lembre-se, por pior que a crise de 2000-2004 tenha sido, muitas das maiores empresas dos últimos 20 anos foram criadas como consequência dela. O LinkedIn foi fundado em 2002; a Tesla, em 2003; e o Facebook, em 2004.

Embora 2023 seja um ano que colocará à prova todo o ecossistema de startups, há três oportunidades que ajudarão aquelas que sobreviverem à crise a ter sucesso nos próximos anos.

MENOS CONCORRÊNCIA DE EMPRESAS MAIORES

No boom dos últimos cinco a sete anos, o tempo que levava para uma startup obter financiamento para um novo produto ou serviço inovador e para que empresas estabelecidas fossem atrás desse mercado era bastante curto. Não é mais.

muitas das maiores empresas dos últimos 20 anos foram criadas como consequência da crise de 2000-2004.

Toda startup precisa entrar em uma corrida contra o tempo para conseguir distribuição antes que grandes empresas ponham as mãos no produto inovador. Mas, com todos os recentes cortes, muitas ganharão uma vantagem nessa disputa.    

Os funcionários terão dificuldade de convencer as empresas a financiar novas iniciativas que não sejam lucrativas no curto prazo. Elas provavelmente estarão avessas à ideia de investir pesadamente em novos produtos que não tragam a mesma lucratividade de seus principais negócios.

Foi o que aconteceu quando a web 2.0 estava começando a crescer, 15 anos atrás. Ouvíamos histórias de gigantes da web 1.0, como o Yahoo, que haviam descartado novos produtos como resultado da crise de 2000-2004. Veremos histórias semelhantes nos próximos cinco anos, à medida que novos unicórnios surgirem. Elas sairão perdendo, e essa é a sua oportunidade.

MENOS CONCORRÊNCIA DE STARTUPS

Uma das dinâmicas mais cômicas e repetidas em Hollywood são dois estúdios diferentes produzindo filmes quase idênticos ao mesmo tempo. Mas, no caso de startups apoiadas por capital de risco, há um preço sério a pagar quando muitas estão atrás do mesmo mercado.

As empresas estarão avessas à ideia de investir em novos produtos que não tragam a mesma lucratividade de seus principais negócios.

Na última década, vimos um boom no número de empresas de capital de risco, o que significa que há muito mais investidores do que costumava haver. Essas empresas prometeram a seus clientes que investiriam em startups e, rapidamente, colocaram esse capital para trabalhar.

Como resultado, uma startup que recebe atenção de investidores e clientes pode se deparar com uma série de concorrentes bem financiados. Isso não apenas pode fazer com que os custos de aquisição de clientes aumentem, mas também tem o potencial de dividir o mercado de tal forma que nenhuma delas realmente decole. 

A boa notícia é que, em mercados apertados como o de 2023, é muito menos provável que os investidores sigam esse padrão. Eles têm mais tempo para avaliar e fazer perguntas complexas sobre diferenciação e entrada no mercado. É um momento em que se dedicam mais para encontrar a melhor empresa para oferecer suporte.

Isso significa que, se sua startup conseguir atravessar 2023 com sucesso, não apenas será muito mais provável que você tenha um caminho relativamente claro para seguir quando deslanchar, mas também que terá uma lista de investidores de alta qualidade batendo à sua porta para investir em sua próxima rodada de financiamento.

MAIS FACILIDADE PARA CONTRATAR TALENTOS

Para startups apoiadas por capital de risco, contratar grandes talentos sempre foi difícil. Em mercados quentes, é ainda mais. As ofertas e pacotes de ações de grandes empresas parecem imensas e de baixo risco e, para talentos que procuram uma startup, existem milhares para escolher. Mas as coisas mudaram.

em mercados apertados como o de 2023, os investidores deverão se dedicar mais para encontrar a melhor empresa para oferecer suporte.

As demissões ensinaram uma lição valiosa para uma nova geração de engenheiros e designers: o emprego não é garantido e os cortes ocorrem sem aviso prévio. Estamos passando por um momento em que os preços das ações das grandes empresas não estão mais em tendência de alta e, quando diminuem, podem cair 50%, 60%, até 70%.

Aqueles que desejam ingressar em uma startup estão aprendendo que saber mais sobre os fundadores e sobre o modelo de negócios é extremamente importante, e que nem sempre há garantia de novas rodadas de investimento.

A aversão ao risco é bastante comum em mercados em baixa. Como empreendedor, você pode ter dificuldade de convencer as pessoas de que sua empresa é viável e de que tem potencial para se tornar um negócio que pode valer bilhões algum dia. Mas agora existe uma oportunidade real de recrutar talentos que antes não estariam interessados no seu discurso.

Construir novas empresas é incrivelmente difícil, mesmo nas melhores circunstâncias, e essa sequência de notícias ruins pode desanimar até mesmo os mais confiantes.

Mas, se olharmos para as consequências da crise de 2000-2004, há muito espaço para otimismo. Aqueles que enfrentam os desafios e conseguem construir grandes negócios colherão os frutos das sementes que plantam hoje.


SOBRE O AUTOR

Adam Nash é cofundador e CEO da Daffy.org. Foi presidente e CEO da Wealthfront e ocupou cargos executivos e técnicos no Dropbox, Linke... saiba mais