3 ideias de Star Wars que eram ficção há meio século e agora são realidade

Pelo menos três aspectos importantes da saga Star Wars estão muito mais próximos do que seu criador, George Lucas, poderia imaginar

Crédito: GooKingSword/ Pixabay

Daniel B. Oerther e William Schonberg 4 minutos de leitura

Apenas 48 anos atrás, o diretor de cinema George Lucas usou a frase “há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante” como abertura do primeiro filme da saga Star Wars, mais tarde rotulado como "Episódio IV: Uma Nova Esperança".

Mas pelo menos três aspectos importantes da saga Star Wars estão muito mais próximos – tanto no tempo quanto no espaço – do que Lucas deixava transparecer.

Sem contar a capacidade de adicionar corante azul ao leite, que já era possível na época em que o primeiro filme foi lançado. Mas em 2024, o leite azul temático de Star Wars passou a estar periodicamente disponível em supermercados.

E nós, um engenheiro de saúde ambiental e um engenheiro civil, sabemos que há pelo menos mais três elementos dessas antigas e distantes histórias de Lucas que podem parecer ficção científica, mas são, na verdade, realidade científica.

1. Cultivo de umidade

Em "Uma Nova Esperança", o tio de Luke Skywalker era um fazendeiro no planeta Tatooine. Ele "colhia" água do ar em pleno deserto.

Pode parecer impossível, mas é exatamente isso que especialistas discutiram na segunda Cúpula Internacional de Coleta de Água Atmosférica, organizada pela Universidade Estadual do Arizona em março.

Todos os dias, um ser humano precisa consumir o equivalente a cerca de três litros de água. Com mais de oito bilhões de pessoas vivendo no planeta, isso significa que engenheiros precisam produzir quase 10 trilhões de litros de água potável por ano.

Fazenda do tio Owen em Tatooine, mostrada em "Uma Nova Esperança" (Crédito: Lucasfilm)

Considerando o planeta como um todo, a chuva seria suficiente, mas ela é distribuída de forma muito desigual – inclusive caindo no mar, onde se torna salgada demais para ser bebida com segurança. Os desertos, que cobrem cerca de um quinto da superfície terrestre, são lar de aproximadamente um bilhão de pessoas.

Pesquisadores já desenvolveram sistemas movidos a energia solar que conseguem produzir água potável a partir do ar. Em geral, eles utilizam um material que captura moléculas de água do ar dentro de sua estrutura e depois usam a luz do sol para condensar essa água e transformá-la em líquido potável.

No entanto, ainda há um bom caminho a percorrer até que esses sistemas estejam prontos para distribuição comercial e disponíveis para ajudar grandes populações.

2. Detritos espaciais

Quando a segunda Estrela da Morte foi destruída em "O Retorno de Jedi", causou um grande caos, como seria de se esperar ao explodir um objeto com pelo menos 140 quilômetros de diâmetro. Mas a mitologia do filme ajuda a explicar que um buraco de minhoca no hiperespaço se abriu brevemente, espalhando grande parte dos destroços pela galáxia.

Pelo que se sabe, nenhum buraco de minhoca no hiperespaço jamais apareceu perto da Terra. Mesmo que algo assim existisse ou acontecesse, talvez os humanos não tivessem tecnologia para jogar todo o nosso lixo lá dentro. Então, estamos cercados por uma quantidade enorme de coisas, inclusive no espaço.

Segundo o site Orbiting Now, no final de abril de 2025 havia pouco mais de 12 mil satélites ativos orbitando o planeta. No total, as nações com programas espaciais estão tentando monitorar cerca de 50 mil objetos em órbita. E há milhões de fragmentos de detritos pequenos demais para serem observados ou rastreados.

Assim como nas estradas da Terra, veículos espaciais colidem se o tráfego estiver muito congestionado. Mas, ao contrário dos detritos que caem no asfalto após uma batida, os pedaços que se soltam em colisões espaciais voam a velocidades de vários milhares de quilômetros por hora (entre 10 mil e 30 mil km/h) e podem colidir com outros satélites ou espaçonaves no caminho.

Esse acúmulo de detritos espaciais está se tornando um problema cada vez maior. Com mais satélites e espaçonaves sendo lançados e mais objetos se movendo em órbita que podem colidir com eles, a viagem espacial está se tornando mais parecida com pilotar a Millennium Falcon por um campo de asteroides – todos os dias.

Engenheiros da Nasa, da Agência Espacial Europeia e de outros programas espaciais estão explorando uma variedade de tecnologias – como redes, arpões e lasers – para remover os pedaços mais perigosos de lixo espacial e limpar o ambiente ao redor da Terra.

3. A própria Força

Para a maioria do público terrestre, a Força era um campo de energia misterioso criado pela vida e que mantinha a galáxia unida. Até 1999, quando "A Ameaça Fantasma" revelou que a Força vinha dos midi-chlorians, uma forma de vida microscópica e senciente que vive dentro de cada célula viva.

Máquina medidora de midi-chlorians e "A Ameaça Fantasma" (Crédito: 20th Century Fox)

Para os biólogos, os midi-chlorians soam muito parecidos com as mitocôndrias – as usinas de energia das nossas células. A hipótese atual é que as mitocôndrias surgiram de bactérias que passaram a viver dentro das células de outros seres vivos. Elas podem se comunicar com outras formas de vida, inclusive bactérias.

Há muitos tipos diferentes de mitocôndrias e os profissionais da medicina estão aprendendo a transplantá-las de uma célula para outra, da mesma forma que se transplantam órgãos de um corpo para outro. Talvez, um dia, um procedimento de transplante possa ajudar as pessoas a encontrar o lado luminoso e se afastar do lado sombrio da Força.


SOBRE O AUTOR

Daniel B. Oerther é professor de engenharia ambiental e William Schonberg é professor de engenharia civil, ambos na Universidade de Ci... saiba mais