5 medidas que o TikTok adotou para acalmar seus críticos (mas não deu certo)

Uma lista (incompleta) dos esforços da empresa para deixar os órgãos reguladores mais contentes

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Chris Stokel-Walker 3 minutos de leitura

Plataformas de redes sociais e aplicativos de conteúdo mudam o tempo todo. Mas, nos últimos anos, o TikTok fez mais alterações do que qualquer outra rede.

Diante das críticas que a dona do aplicativo, a empresa de origem chinesa ByteDance, vem sofrendo de órgãos reguladores de todo o mundo – por causa de seus supostos vínculos com o governo da China –, ela tem procurado apaziguar os ânimos, remodelando o aplicativo, a própria empresa e a forma como ela funciona.

Mas parece que tudo foi em vão, já que os políticos dos EUA estão se empenhando para forçar o TikTok a se desvincular da ByteDance. Essa estratégia conta com o apoio da maioria dos cidadãos norte-americanos, de acordo com uma nova pesquisa da Morning Consult e da Bloomberg.

"O TikTok adotou todas as medidas de atenuação que haviam sido usadas antes e ofereceu novas soluções, como uma espécie de 'botão de emergência'", conta Anupam Chander, professor de direito e tecnologia da Universidade de Georgetown. "Mas essa era uma tarefa impossível, porque o governo não estava disposto a aceitar mais nada além de uma venda ou uma proibição da empresa."

Um porta-voz do TikTok declarou que a empresa foi muito além do que seus concorrentes fizeram para proteger os dados dos usuários. "Nós só pedimos para sermos julgados com base em fatos e evidências, e não em medos infundados, e para sermos tratados da mesma forma que nossos concorrentes", acrescenta o porta-voz.

A seguir, uma lista das medidas adotadas pelo TikTok para se adaptar e responder às críticas que vem recebendo.

1. O botão de emergência

Como parte de uma ação judicial movida pelo TikTok em resposta à proibição, os advogados da empresa disseram que apresentaram um plano para dar aos EUA uma "opção de desativação" que permitiria ao governo suspender imediatamente as operações do TikTok no país caso ele não atendesse aos padrões de segurança de dados. 

2. Projeto Texas e Projeto Clover

O TikTok gastou US$ 1,5 bilhão no Projeto Texas, que consiste em isolar os dados dos EUA em servidores de dados operados pela Oracle no Texas. Uma abordagem paralela, chamada Project Clover, está acontecendo na Europa.

A empresa classificou o Project Texas como "sem precedentes" em seu escopo, embora uma investigação da revista "Fortune" tenha alegado que o projeto era "em grande parte cosmético".

3. Supervisão de terceiros

Junto com o trabalho nos projetos Texas e Clover, o TikTok contratou provedores de segurança terceirizados que monitoram regularmente o tráfego e o gerenciamento de dados do aplicativo. Na Europa, a empresa terceirizada pode relatar quaisquer problemas que encontrar de forma independente diretamente ao governo, sem qualquer envolvimento do TikTok.

No geral, a empresa declara em documentos judiciais que gastou mais de US$ 2 bilhões para "resolver as preocupações expressas publicamente pelos apoiadores da lei no Congresso com o objetivo de proibi-lo".

4. US$ 1 milhão para criadores de conteúdo de cunho social

Uma das principais medidas defensivas que o TikTok adotou para continuar existindo diz respeito ao seu impacto econômico sobre pequenas empresas nos EUA, bem como sobre criadores individuais.

A empresa alega estar empenhada em promover isso, inclusive financiando o Programa Change Makers, no valor de US$ 1 milhão, que apoia 50 criadores " guiados por algum propósito" em todo o mundo e doa US$ 25 mil para uma organização sem fins lucrativos da escolha de cada um dos 50 criadores.

5. Regras mais rígidas para a mídia patrocinada pelo estado

Consciente do impacto que seu aplicativo vai exercer sobre as muitas eleições que acontecem este ano, o TikTok anunciou, na última quinta-feira, que estava intensificando seu trabalho para evitar operações secretas de entidades patrocinadas pelo estado.

Quando o aplicativo identificar perfis vinculados a meios de comunicação filiados ao estado que estejam publicando sobre assuntos atuais, o TikTok bloqueará o acesso à aba "Para você" para usuários fora do país onde o meio de comunicação está sediado.


SOBRE O AUTOR

Chris Stokel-Walker é um jornalista britânico com trabalhos publicados regularmente em veículos, como Wired, The Economist e Insider saiba mais