5 tendências que vão dar o tom da “guerra do streaming”

Prepare-se para assistir a filmes e programas em cortes ainda menores - e em novos lugares

Crédito: Viktor Gladkov/ iStock

Saleah Blancaflor 4 minutos de leitura

Dizer que 2023 foi um ano tumultuado para o setor de mídia e entretenimento seria um eufemismo. A greve dos roteiristas e dos atores nos Estados Unidos fez com que os estúdios e os serviços de streaming tivessem que se desdobrar para encontrar maneiras de manter a programação em andamento.

Em meio às greves, as guerras entre os serviços de streaming continuaram. Confira a seguir algumas das tendências mais recentes que veremos este ano. 

1. A ascensão dos serviços com anúncios

Como os serviços de streaming continuam a aumentar os preços das assinaturas, os clientes tentam encontrar maneiras de reduzir custos, inclusive buscando serviços gratuitos. Mais da metade dos consumidores (55%) ouvidos em uma pesquisa da Hub Entertainment Research disseram que usam pelo menos um serviço gratuito de TV por streaming com suporte de anúncios, como o Pluto TV. 

2. Os pacotes agregados

Em abril do ano passado, Warner Bros. Discovery apresentou o Max, resultado da fusão do HBO Max com o Discovery+, para ampliar o apelo da nova plataforma carro-chefe de streaming. Mais pacotes agregados de streaming começaram a ser lançados este ano: a Disney lançou uma experiência em um único aplicativo, oferecendo a programação do Hulu (não disponível no Brasil) e do Disney+ no mesmo espaço.

Recentemente, a Apple e a Paramount estavam (supostamente) em negociações para agrupar seus serviços de streaming oferecendo um desconto, enquanto a Verizon anunciou que ofereceria um pacote de US$ 10 para os planos de assinatura com anúncios nos serviços de streaming Netflix e Max nos EUA. 

3. Programas de TV e filmes inteiros nas mídias sociais

Piratear conteúdo online não é novidade, mas a geração Z tem recorrido às mídias sociais para assistir a episódios e filmes gratuitamente. No TikTok, uma rápida pesquisa mostra que a plataforma está repleta de episódios inteiros e partes de filmes carregados pelos usuários. Antes de ser retirada do ar, uma versão do filme "Super Mario Bros." foi vista por nove milhões de pessoas no Twitter. 

The Super Mario Bros. (Crédito: Nintendo)

Para chegar aos usuários aonde eles estiverem, a Peacock fez experiências com o lançamento de programação nas mídias sociais e subiu o episódio piloto de sua série de comédia "Killing It" no TikTok em cinco partes, as quais, de acordo a empresa, alcançaram sete milhões de visualizações. Com um mês de atraso, a Paramount fez o upload da íntegra do filme "Meninas Malvadas" no TikTok. 

Um estudo revelou que quase um quarto (23%) dos usuários do TikTok têm maior probabilidade de descobrir conteúdo de entretenimento em plataformas sociais e de vídeo do que em outras plataformas.

4. As reprises estão de volta (mais uma vez)

Essa não é exatamente uma tendência nova, mas está se consolidando conforme mais consumidores deixaram de assinar TV a cabo. Não é de surpreender que programas clássicos populares com grandes bases de fãs, como "The Office", "Friends", "Seinfeld" e "Breaking Bad" continuem fazendo sucesso nos serviços de streaming.

O maior exemplo deste ano foi "Suits", da USA Network, que voltou a ganhar popularidade depois de ser licenciada pela Netflix, levando-a ao primeiro lugar nas paradas de streaming dos EUA.

Crédito: USA Network

Se o sucesso de "Suits" prova alguma coisa é que o licenciamento pode ser o caminho a ser seguido se as emissoras quiserem gerar interesse em alguns de seus programas mais antigos (e serem pagas por isso) .

5. Aquele filme que você não assistiu pode te fisgar no formato de série 

Quando "BlackBerry" foi lançado nos cinemas, foi aclamado pela crítica por sua atuação e narrativa e ganhou US$ 2,9 milhões na bilheteria mundial. Em outubro, a IFC Films lançou o filme de 121 minutos como uma série limitada de três partes, com 16 minutos de filmagens inéditas. 

"Vejo isso como uma forma de um trabalho menor e independente ter um impulso extra e encontrar seu público", disse o diretor Matt Johnson à revista "Variety" quando perguntado sobre a decisão de recortar o filme.

Crédito: 20th Century Studios

Em novembro, o Hulu estreou "Faraway Downs", série de seis episódios que é uma versão reeditada do filme "Australia", de 2008, dirigido por Baz Luhrmann e estrelado por Nicole Kidman e Hugh Jackman. Embora o filme original tenha um tempo de duração de quase três horas, a série acrescenta uma hora extra de novas filmagens, com algumas mudanças no enredo. 

Embora "Australia" tenha recebido críticas contraditórias quando estreou, Luhrmann disse ao "Daily Beast" que queria revisitar o filme e se baseou na narrativa em capítulos para apresentar a história de uma maneira diferente, na esperança de dar uma segunda chance a alguns espectadores.


SOBRE A AUTORA

Saleah Blancaflor é jornalista e cobre as áreas de negócios, entretenimento, cultura e estilo de vida. saiba mais