A banda Velvet Sundown está bombando, mas será que ela existe de verdade?

O grupo viral surgiu do nada e levantou suspeitas sobre a existência de seus integrantes

Créditos: Velvet Sundown (reprodução) / Freepik

Eve Upton-Clark 2 minutos de leitura

O Velvet Sundown se tornou a banda do momento – mas não exatamente por sua música.

O grupo de indie rock, que em poucas semanas já acumulou mais de 634 mil ouvintes no Spotify, virou assunto depois que começaram a circular teorias de que ele teria sido criado por inteligência artificial.

As suspeitas começaram no Reddit, quando usuários notaram que a banda apareceu do nada em suas playlists de “Descobertas da Semana”. O Velvet Sundown apresentava vários indícios típicos de conteúdo gerado por IA: imagens com aquele visual meio estranho (quase artificial), uma citação duvidosa da “Billboard” na bio do Spotify (que depois foi apagada) e praticamente nenhum rastro online antes do mês passado.

Com a repercussão, uma conta no X/ Twitter que diz representar o grupo respondeu aos boatos: “é inacreditável que ‘jornalistas’ continuem alimentando essa teoria preguiçosa e sem fundamento de que o Velvet Sundown foi criado por IA – sem mostrar uma única prova.”

E a resposta seguiu: “isso não é brincadeira. Essa é a nossa música – feita em noites longas e suadas, em um bangalô apertado na Califórnia, com instrumentos de verdade, mentes reais e alma. Cada acorde, cada letra, cada imperfeição – é tudo HUMANO.”

Mas a confusão só aumentou: a conta que publicou esse desabafo não é a mesma vinculada ao perfil oficial da banda no Spotify. Ou seja, várias contas nas redes dizem ser “as oficiais” – e todas afirmam representar o Velvet Sundown.

Fonte: Reprodução/ @Velvet_Sundown/ X

A Fast Company entrou em contato com a conta que postou primeiro no X/ Twitter. Um porta-voz do grupo tentou esclarecer: “existem várias contas porque os integrantes estão lidando com a situação de formas diferentes”, explicou por e-mail.

“Somos um coletivo e nem todos concordam sobre como reagir a toda essa atenção repentina”, completou. Ele ainda afirmou que o mistério em torno da banda “faz parte da narrativa” e está ajudando a despertar curiosidade.

O porta-voz reconheceu que algumas ferramentas de IA foram usadas – principalmente para criar imagens promocionais e testar visuais. Mas reforçou: “o que realmente importa aqui sempre foi a música feita por humanos.”

o caso reacende um debate importante sobre o uso de inteligência artificial na indústria da música.

Segundo a bio no Spotify, o Velvet Sundown é formado por quatro integrantes: Gabe Farrow (voz e mellotron), Lennie West (guitarra), Milo Rains (sintetizadores) e Orion “Rio” Del Mar (percussão).

A banda afirma que seus dois álbuns foram “escritos, performados e produzidos por pessoas reais” e nega o uso de qualquer ferramenta de áudio generativo. Segundo eles, as “falhas” e “texturas” que alguns interpretaram como sinais de IA na verdade vêm do uso de equipamentos lo-fi, microfones improvisados e gravações em fita.

Seja qual for a verdade, este caso reacende um debate importante sobre o uso de inteligência artificial na indústria da música. A Deezer, por exemplo – plataforma que tenta identificar e sinalizar músicas geradas por IA –  revelou recentemente que recebe mais de 20 mil faixas totalmente feitas por inteligência artificial por dia.

Já o Velvet Sundown defende a liberdade artística de experimentar. “Para a gente, sempre foi sobre criar músicas estranhas que despertam sentimentos e explorar novas formas de apresentá-las. Pode até não agradar todo mundo, mas é fiel ao que queremos fazer.”


SOBRE A AUTORA

Eve Upton-Clark é jornalista especializada em cultura digital e sociedade. saiba mais