A força das CEOs: fundadoras dobram participação no Web Summit Rio
Nesta edição, 45% das startups participantes do evento são fundadas por mulheres. No ano passado, indicador era de 21%
A força da empreendedora brasileira é destaque do Web Summit Rio 2024. Um dos maiores festivais de tecnologia do mundo chega na sua segunda edição carioca com o recorde de participação de fundadoras de startup: 45% do total. No ano passado, eram menos de 25%.
A alta da participação feminina é um recorde para o Web Summit no mundo. O evento, que acontece no Qatar e em Lisboa, nunca teve tantas mulheres fundadoras quanto no Brasil.
Mesmo em Lisboa, carro-chefe do Web Summit, o indicador de participação feminina nas startups apresentadas fica em torno de 33%. “É impactante e maravilhoso que o Rio de Janeiro tenha chegado neste número em apenas duas edições”, diz a vice-presidente de comunidade do Web Summit, Carolyn Quinlan.
Criado em 2009 na cidade de Dublin, na Irlanda, o Web Summit tem uma forte veia de empreendedorismo, com espaços voltados para mostrar novos empreendimentos e conectá-los com investidores. No Brasil, serão mais de mil startups, quase metade (45%) fundadas por mulheres – a maior concentração de fundadoras num evento sul-americano.
Segundo o Sebrae, 23,4% das lideranças de startups brasileiras são mulheres.
Desde 2015, o evento tem comitês de diversidade para apoiar a curadoria de palestrantes mulheres e executivas. “Não teremos sucesso se não tivermos representação e diversidade”, diz Carolyn. No Brasil, ela conta que houve pressão também do público para ver mais fundadoras e co-fundadoras apresentando suas soluções tecnológicas.
O mercado brasileiro, assim como o Web Summit, ainda precisa de esforço para chegar na paridade. De acordo com dados da Liga Ventures, 31% das startups brasileiras tem pelo menos uma mulher como sócia. Cerca de 20% delas foram criadas entre 2020 e 2023. Já de acordo com o Startups Report Brasil, do Sebrae, 23,4% das lideranças de startups brasileiras são mulheres.
FINTECHS, HEALTHTECHS E… BEETECHS?
Como no ecossistema brasileiro, há variedade nas startups lideradas por mulheres que se apresentarão no Web Summit Rio 2024. Há fintechs e insurtechs, como a Dinie, que oferece soluções de pagamento B2B para pequenas empresas; a Latú Seguros, voltada para seguros empresariais; e a Silverguard, cofundada por Marcia Netto, que é ligada à proteção de smartphones contra golpes digitais.
Há também startups do setor de saúde, como a Clina.care, que cria uma dinâmica “pay-per-use” para profissionais de saúde, ou a oriente.me, que conecta usuários a psicólogos e terapeutas. Dentro do mundo de law tech, a LegalPass é voltada para corporações que querem ter acesso facilitado a apoio legal.
Outros exemplos de startup presentes no evento são as agtechs, como a Bee2Be, focada em preservar as abelhas ameaçadas de extinção com soluções de economia circular para apicultores, e a Arado, que oferece serviços de tecnologia para pequenos produtores agrícolas, conectando-os a grandes varejistas.
“Ainda somos poucas. Para a gente, o trabalho costuma ser dobrado”, diz Luiza Batista, fundadora da Arado. A empresária comenta que se sente aliviada por ver o aumento de mulheres fundadoras. O objetivo é que elas se liguem e criem espaços de conexão, exatamente como já acontece com os fundadores homens.
Para Carolyn, a variedade reflete a visão “agnóstica” que o Web Summit tem de tecnologia: não como um setor em si, mas como uma ponte para conectar tudo.