A SpaceX ganhou um concorrente à altura: o novo foguete da Blue Origin
Além de representar uma concorrência real, o New Glenn amplia as opções de lançamento para a NASA, o governo dos EUA e outros clientes comerciais

O foguete New Glenn, da Blue Origin, alcançou a órbita terrestre com sucesso pela segunda vez em 13 de novembro. Mesmo que o segundo lançamento não tenha gerado tanto alarde quanto o primeiro, esta missão é importante por vários motivos.
Para começar, o foguete colocou em órbita duas espaçonaves da NASA, chamadas Escapade, que agora viajam rumo a Marte para estudar o campo magnético e a atmosfera do planeta.
Além disso, o primeiro estágio do New Glenn retornou à Terra, pousando em uma balsa no oceano Atlântico – um feito que permite sua reutilização e reduz significativamente o custo de acesso ao espaço.
Este lançamento é uma boa notícia para o setor espacial comercial. Embora a SpaceX tenha sido pioneira no uso de foguetes reutilizáveis, os feitos do New Glenn são igualmente importantes.
Apesar de parecer que a Blue Origin está apenas repetindo os passos da SpaceX, há diferenças significativas entre as duas empresas e seus projetos.
Hoje, a maioria dos foguetes é composta por várias partes. O primeiro estágio impulsiona o veículo até o espaço e se desprende quando o combustível acaba. O segundo assume a partir daí e coloca a carga em órbita.
Tanto o New Glenn quanto o Falcon Heavy – o foguete mais potente da SpaceX em operação – são parcialmente reutilizáveis. Mas o New Glenn é mais alto, mais poderoso e consegue transportar um volume maior de carga.

A Blue Origin pretende usar o New Glenn em vários tipos de missões para clientes como NASA, Amazon e outros. Isso inclui missões em órbita terrestre e, futuramente, viagens à Lua que apoiem tanto os objetivos da empresa quanto os da NASA.
É no programa Artemis – o projeto da agência espacial norte-americana para levar seres humanos de volta à Lua – que o New Glenn pode ganhar maior relevância. Nos últimos meses, especialistas e autoridades da própria NASA demonstraram preocupação com a lentidão do programa.
Se nada mudar, a China pode ter a chance de avançar mais rápido e chegar primeiro ao Polo Sul lunar. A Blue Origin afirma que já está em conversas com a NASA para avaliar de que forma pode ajudar a acelerar o Artemis.
Os planos de exploração lunar da empresa começam com o lançamento do Blue Moon, seu módulo de pouso não tripulado, previsto para o início do ano que vem. A Blue Origin também está desenvolvendo uma versão tripulada do foguete, que será usada na missão Artemis V – o terceiro pouso tripulado planejado.
A IMPORTÂNCIA DO NEW GLENN
O pouso bem-sucedido do propulsor torna este lançamento particularmente importante para a Blue Origin. A SpaceX precisou de várias tentativas até conseguir pousar seu primeiro estágio com sucesso; a Blue Origin conseguiu isso já na segunda vez. Pousar e reutilizar esses estágios é essencial para reduzir custos – algo já comprovado por empresas como SpaceX e Rocket Lab.
Esse feito também mostra como a empresa está aproveitando a experiência adquirida com o New Shepard, seu foguete suborbital. Desde 2015, a Blue Origin lança o New Shepard no Texas, levando pessoas e cargas até a fronteira do espaço e retornando ao ponto de lançamento com seu próprio sistema de pouso.

O New Glenn terá um impacto direto no setor e no poderio espacial dos EUA. Ele representa uma concorrência real para a SpaceX – especialmente para o Starship – e amplia as opções de lançamento para a NASA, o governo norte-americano e outros clientes comerciais. Isso reduz a dependência de uma única empresa.
Mas, para competir de verdade com a SpaceX, a Blue Origin vai precisar aumentar o número de lançamentos e encurtar o intervalo entre eles. Só em 2025, a SpaceX deve realizar entre 165 e 170 lançamentos.
A nova concorrente talvez não alcance esse ritmo impressionante, mas, para consolidar o sucesso do New Glenn, terá que mostrar que consegue crescer e acelerar seu calendário de lançamentos.
Este artigo foi republicado do “The Conversation” sob licença Creative Commons. Leia o artigo original.