Alguém ainda gasta dinheiro comprando imóveis no metaverso?

O mercado imobiliário virtual é diferente do mundo real e tem alguns problemas próprios

Créditos: NVS/ iStock/ pngegg

Chris Morris 4 minutos de leitura

O aumento das taxas de hipotecas vem impedindo o boom imobiliário nos EUA, mesmo com os preços das casas caindo pela primeira vez em quase 11 anos.

Esse é o mundo real. No metaverso, porém, o setor imobiliário está passando por um problema diferente, já que está intimamente ligado ao preço do Ethereum. O valor médio de lotes virtuais caiu de mais de US$ 11 mil para menos de US$ 2 mil, de acordo com a WeMeta. Mas nem todas as notícias são ruins.

O mercado imobiliário virtual está atualmente avaliado em US$ 1,4 bilhão, de acordo com um relatório da Parcel, plataforma de compra e venda de itens de jogos da web3. Em 2021, as vendas de imóveis virtuais foram de apenas US$ 500 milhões, o que significa que o ano passado registrou um crescimento de 180%.

Mais de 62 mil carteiras digitais exclusivas possuem terrenos, sendo que algumas provavelmente possuem várias propriedades.

Crédito: Metaresidence

Há, é claro, uma interseção entre o mundo virtual e o real. A One Sotheby's International Realty e a Voxel Architects, por exemplo, anunciaram o que estão chamando de “primeiro open house no metaverso” de uma casa digital no Sandbox, que recebeu o nome de Meta Residence One.

Os compradores também receberão uma versão real da casa em Pinecrest, na Flórida – um bairro nobre localizado a cerca de meia hora de Miami, onde famosos como Timbaland, Dwayne Wade e Jeff Bezos possuem casas.

A propriedade de mais de mil metros quadrados fica em um terreno (físico) de cerca de meio hectare e possui sete quartos, nove banheiros, adega, piscina, spa e bar, além de uma casa de hóspedes com entrada separada e garagem.

O leilão está previsto para ter início no dia 19 de abril e os lances começarão em US$ 12,9 milhões. Os compradores em potencial poderão visitar a casa virtual no Sandbox e também pessoalmente.

Gabe Sierra é o empreiteiro por trás do Meta Residence One. Ele é um jogador ávido e comprou o lote no Sandbox há algum tempo por apenas US$ 10 mil. Depois, fez uma parceria com a Voxel para construir a versão digital da casa.

A versão real da Meta Residence One, na Flórida (Crédito: Metaresidence)

O setor imobiliário virtual foi a categoria de melhor desempenho entre os NFTs no ano passado. Embora o índice de preços tenha caído consideravelmente (63%), ainda subiu 78%, em relação a 2020.

Como acontece com outros NFTs (e, é claro, com casas de verdade), há muitos compradores que apenas querem lucrar com a revenda. A maioria mantém a propriedade por menos de sete dias. Mas a queda dos preços não tem a ver com a falta de interesse no setor, está mais ligada ao declínio do mercado cripto como um todo.

A localização também é importante no metaverso. No ano passado, por exemplo, um usuário desembolsou US$ 450 mil dólares para se tornar vizinho do rapper Snoop Dogg no Sandbox.

A ideia de uma réplica virtual de uma propriedade de verdade se tornou um grande atrativo. Uma casa de 470 metros quadrados, em Beverly Hill, construída em 1928, foi colocada à venda em 2022, junto com sua versão digital no Decentraland. Ela foi vendida no início deste ano por US$ 8,9 milhões.

Crédito: Metaresidence

O aumento do preço de lotes digitais em tão pouco tempo é algo impressionante. O primeiro foi vendido em 2017 por apenas US$ 20. Quatro anos depois, um terreno de cerca de 90 metros quadrados custava US$ 6 mil. E o preço de revenda é consideravelmente mais alto.

Embora as vendas secundárias tenham caído na metade do ano passado, observa a Parcel, muitos mundos virtuais menores estão planejando lançar lotes para venda este ano, o que provavelmente resultará em aumentos exponenciais no mercado de comércio secundário.

“As previsões para o mercado imobiliário virtual continuam sendo de muito crescimento, com investimentos cada vez maiores no metaverso”, escreveu a empresa. “Com a expansão dos jogos para web3 e da moda digital em 2023, os terrenos virtuais vão desempenhar um papel crucial na maneira como interagimos, jogamos, trabalhamos, aprendemos e conduzimos negócios em ambientes virtuais.”

No entanto, nem todo mundo está tão otimista com o setor imobiliário no metaverso. O bilionário Mark Cuban, que defende as criptomoedas há vários anos, zombou quando questionado sobre a compra de uma casa virtual, no ano passado.

“As pessoas estão comprando imóveis nesses lugares e isso é, tipo, a maior burrice de todas”, disse ele ao Altcoin Daily. “Burrice. Muita burrice. Não consigo nem dizer o quão absurdo é... não é nem como comprar uma URL... porque eles podem criar uma quantidade ilimitada de lotes.”


SOBRE O AUTOR

Chris Morris é um jornalista com mais de 30 anos de experiência. Saiba mais em chrismorrisjournalist.com. saiba mais