Amazon, MGM e o monopólio do entretenimento (e das Big Techs)
Durante o anúncio sobre a aquisição da MGM pela Amazon por US$ 8,5 bilhões, na semana passada, Mike Hopkins, vice-presidente sênior do Prime Video e Amazon Studios, falou duas grandes buzzwords de Hollywood.
“O valor financeiro real por trás deste acordo é o tesouro do” – tcharararan – “IP no extenso catálogo que planejamos reimaginar e desenvolver com a talentosa equipe da MGM. É muito empolgante e nos dá oportunidades para” – tcharararan – “storytelling de alta qualidade.”
Nessa fusão, a propriedade intelectual se une ao storytelling criativo na intenção de criar uma empresa como nenhuma outra. Algo inédito, se desconsideradas Disney, Comcast, Sony, ViacomCBS ou a recém-anunciada fusão entre Warner e Discovery, a Warner Bros. Discovery. De fato, assim como os spin-offs da Marvel e de Star Wars fazem parte da Disney+, é hora de se preparar para um reality show com temática de Rocky no Amazon Prime Video.
O que mais preocupa, porém, é a marca monopolística que esse acordo coloca sobre uma das empresas mais ricas e poderosas do mundo. Uma empresa cujo capital de mercado está não nos bilhões, mas nos trilhões. Agora, além de vender seus próprios produtos em seu marketplace e ameaçando negócios menores e independentes, a Amazon fará o mesmo com filmes e programas de TV em uma escala 10 vezes maior do que tem feito com o entretenimento. O catálogo da MGM conta com mais de 4 mil filmes e 17 mil episódios de séries.
Políticos de todos os lados reclamam das Big Techs há anos e agora essas lamentações vão crescer ainda mais nas próximas semanas. Possivelmente, essas reclamações podem até afetar a aprovação do acordo, que ainda depende de aprovação regulatória.
Em 2019, a senadora democrata de Massachussets, Elizabeth Warren, encaminhou processos antitruste contra empresas como Amazon e Facebook que iriam bloquear fusões e aquisições dessas companhias. No ano passado, outra aspirante à presidência, a também senadora democrata Amy Klobuchar, de Minnesota, publicou o livro Antitrust: Taking on Monopoly Power From the Gilded Age to the Digital Age. E Josh Hawley, senador republicano do Missouri, que lançou Tyranny of Big Tech em maio, criou o ato Trust Busting for the Twenty-First Century Act, que mira “um pequeno grupo de empresas que controlam o que norte-americanos compram, informações que recebem e discursos nos quais se engajam”. Hawley quer banir todas as fusões e aquisições de empresas com capital superior a US$ 100 bilhões.
Veja o tweet do senador logo após o anúncio do acordo entre Amazon e MGM:
This sale should not go through. @amazon is already a monopoly platform that owns e-commerce, shipping, groceries & the cloud. They shouldn’t be permitted to buy anything else. Period. https://t.co/YyOdQ6iWPQ
— Josh Hawley (@HawleyMO) May 26, 2021