Arroz seco não salva celular molhado: 5 mitos sobre tecnologia para esquecer
Veja exatamente o que funciona nesses casos

A tecnologia pode parecer um mistério às vezes – e isso abre espaço para que informações erradas sejam reproduzidas por anos como se fossem verdade. Talvez esse seja o motivo de certos mitos sobre tecnologia continuarem a se espalhar com tanta facilidade.
Colocar o celular molhado no arroz funciona mesmo? Você precisa de VPN para usar um wi-fi público? Seu smartphone grava suas conversas escondido? A resposta para todas essas perguntas é a mesma: não. E acreditar nesses mitos pode mais atrapalhar do que ajudar.
A seguir, desmonto algumas dessas crenças populares e explico o que você deve fazer no lugar.
MITO 1: ARROZ SALVA CELULAR MOLHADO
A ideia de que o arroz cru consegue “sugar” a umidade de um celular molhado é tão comum que até a Apple já fez questão de desmentir. “Não coloque seu iPhone em um pote de arroz”, alerta o suporte da empresa. “Os pequenos grãos podem danificar o aparelho.”

O que fazer: se o seu celular tem proteção contra água, o arroz não faz sentido. Mas se não tiver, o site iFixit recomenda chacoalhar o aparelho para remover o excesso de água, desligá-lo e deixá-lo secar ao ar livre por bastante tempo. No fim, o arroz acaba servindo mais como uma desculpa para deixar o celular parado – talvez por isso tanta gente continue acreditando nisso.
MITO 2: FECHAR TODOS OS APLICATIVOS ECONOMIZA BATERIA
Desde que os celulares começaram a mostrar os apps abertos em segundo plano, virou hábito fechar tudo o tempo todo, pois um dos mitos sobre tecnologia é que isso economiza bateria ou melhora o desempenho do aparelho.
Na prática, o efeito costuma ser o contrário: forçar o fechamento de apps pode fazer o celular gastar mais energia, já que ele terá que recarregar tudo do zero ao reabrir. A Apple recomenda fechar um aplicativo só se ele travar. O mesmo vale para Android.

O que fazer: acesse as configurações de bateria do celular e veja quais apps consomem mais energia. A partir daí, você pode limitar ou ajustar o funcionamento em segundo plano desses aplicativos.
MITO 3: MODO ANÔNIMO GARANTE PRIVACIDADE TOTAL
Há tanta confusão sobre o modo de navegação anônimo que o Google precisou fazer um acordo para encerrar um processo coletivo no ano passado, depois que usuários alegaram que o recurso passava uma falsa sensação de privacidade. Na prática, ele faz apenas duas coisas:
- Evita que os sites acessados fiquem salvos no histórico do navegador.
- Permite navegar como se você estivesse deslogado, sem manter os dados de sessões anteriores.
Ou seja: ele não torna sua navegação invisível. Os sites ainda conseguem rastrear sua atividade, identificar seu endereço IP e coletar dados. E, se você fizer login em qualquer serviço, tudo o que fizer será associado à sua conta – mesmo na janela anônima.

O que fazer: use um navegador com bloqueador de rastreamento integrado. Se quiser reforçar a proteção, considere usar uma VPN (mesmo com suas limitações). Extensões que bloqueiam anúncios também ajudam, mas lembre-se de ativá-las para funcionar no modo anônimo.
MITO 4: É ESSENCIAL USAR VPN EM REDES WI-FI PÚBLICAS
Hoje em dia, praticamente todos os sites utilizam o protocolo https, o que significa que sua conexão com eles já é criptografada. Nesses casos, uma VPN acaba sendo desnecessária. Quando um site tenta enviar dados sem segurança, o próprio navegador costuma alertar.

O que fazer: segundo a Electronic Frontier Foundation, o mais importante é manter o sistema e os aplicativos do seu dispositivo sempre atualizados. Isso ajuda a evitar brechas de segurança que possam ser exploradas por ataques.
MITO 5: SEU CELULAR OUVE SUAS CONVERSAS O TEMPO TODO
Se um aplicativo tem acesso à sua localização e compartilha esses dados com empresas como o Google ou o Facebook, já é possível saber quais dispositivos estão perto de você e usar isso para exibir anúncios direcionados.
É um caminho bem mais simples do que gravar conversas secretamente (até porque o celular avisa sempre que o microfone está ativo), embora o "celular espião" seja um mito sobre tecnologia muito comum.

O que fazer: se esse tipo de rastreamento te incomoda, você pode tomar algumas medidas simples:
- Desative o identificador de anúncios no iOS ou Android.
- Limite quais apps podem acessar sua localização.
- No Facebook, acesse “Gerenciar atividade futura” e desative o rastreamento fora da plataforma.
- No Google, desative a personalização de anúncios.
- Use navegadores com proteção contra rastreamento ou extensões que bloqueiam anúncios.
Essas medidas não eliminam todos os problemas de privacidade, mas ajudam bastante a reduzir a sensação de que seu celular está “te ouvindo”.
Este artigo foi publicado originalmente na newsletter semanal de dicas de tecnologia Advisorator