As engenhocas mais esquisitas da maior feira de eletrônicos do mundo

Um prêmio que nenhuma empresa quer ganhar destaca os “produtos menos reparáveis, menos privados e menos sustentáveis em exibição”

Crédito: Getty Images

Sarah Parvini 4 minutos de leitura

Grande parte da tecnologia apresentada na Consumer Electronics Show (CES 2025) inclui aparelhos projetados para melhorar a vida dos consumidores, seja aproveitando a inteligência artificial para criar dispositivos que ajudam as pessoas a serem mais eficientes, criando "companheiros" para combater a solidão ou fornecendo ferramentas para melhorar a saúde mental e física.

Mas nem toda inovação é positiva, de acordo com um painel de "especialistas em distopia", que classificou alguns produtos como os "piores em exibição". O prêmio Worst is Show (O pior do show), que nenhuma empresa quer ganhar, destaca os "produtos menos passíveis de conserto, menos privados e menos sustentáveis" apresentados na feira.

“Estamos vendo cada vez mais dessas coisas que, basicamente, têm tecnologia de vigilância embutida, e isso permite algumas coisas legais”, disse Liz Chamberlain, diretora de sustentabilidade do site de e-commerce iFixit. “Mas também significa que agora temos microfones e câmeras em eletrodomésticos, e isso realmente é um problema de toda a indústria.”

Veja os escolhidos deste ano:

Um anel inteligente novo a cada poucos anos?

Kyle Wiens, CEO da iFixit, concedeu ao anel inteligente de luxo Rare, da Ultrahuman, o título de "menos consertável".

Os anéis, disponíveis em cores como "dunas", "rosa do deserto" e "areia do deserto", custam US$ 2,2 mil. Wiens disse que a joia “parece elegante, mas esconde uma grande falha: sua bateria dura apenas 500 recargas.”

Pior ainda, segundo ele, é o fato de que substituir a bateria é impossível sem destruir completamente o dispositivo . “Itens de luxo podem ser efêmeros, mas US$ 2,2 mil por dois anos de uso é um novo patamar”, afirmou.

Um berço inteligente movido por IA?

O berço Revol, da Bosch, utiliza sensores, câmeras e IA que, segundo a empresa, podem monitorar sinais vitais, como o sono do bebê, frequência cardíaca, respiratória, entre outros indicadores. O berço também pode balançar suavemente se o bebê precisar de ajuda para dormir e sinalizar aos pais caso um cobertor ou outro objeto esteja interferindo na respiração.

Crédito: Bosch/ Divulgação

A empresa afirma que os usuários podem controlar como e onde seus dados são armazenados. Além disso, o berço pode ser transformado em uma mesa à medida que as crianças crescem.

Mas Cindy Cohn, diretora executiva da EFF, argumenta que o berço explora os medos dos pais e “coleta dados excessivos sobre os bebês por meio de câmera, microfone e até um sensor de radar.” “Os pais esperam segurança e conforto, não vigilância e riscos à privacidade, nos berços de seus filhos”, disse ela no relatório.

Passou do ponto?

Embora a IA esteja em toda parte na CES, Stacey Higginbotham, membro da Consumer Reports, considerou que o sistema de comércio eletrônico instalado em veículos SoundHound AI In-Car, alimentado por uma IA automotiva, leva as coisas a extremos desnecessários.

"Quero pedir hambúrgueres para o jantar. Que restaurantes tem no caminho para casa?" (Crédito: SoundHound/ Divulgação)

O recurso “aumenta o consumo de energia, incentiva o desperdício com pedidos para viagem e distrai os motoristas – tudo isso enquanto agrega pouco valor”, analisou. Isso fez o sistema veicular ser classificado como o "menos sustentável" da lista.

Vulnerável a hackers

O roteador Archer BE900 da TP-Link ganhou o título de "menos seguro" da CES. A empresa é uma das marcas de roteadores mais vendidas nos EUA. Mas seus produtos são vulneráveis a ataques hackers, disse Paul Roberts, fundador do The Security Ledger.

“Pela lei chinesa, a TP-Link deve relatar falhas de segurança ao governo antes de alertar o público, gerando risco à segurança nacional”, afirmou. “Ainda assim, a TP-Link exibiu seu roteador Archer BE900 na CES sem abordar essas vulnerabilidades.”

O pior de todos

Gay Gordon-Byrne, diretora executiva da The Repair Association, chamou o refrigerador LG “AI Home Inside 2.0 com ThinkQ” de o pior produto de todos.

A geladeira adiciona “recursos chamativos”, afirmou, como uma tela e conexão à internet. “Mas isso tem um custo,” afirmou Gordon-Byrne.

“Menor suporte de software, maior consumo de energia e reparos caros reduzem a vida útil prática da geladeira, deixando os consumidores com um eletrodoméstico caro e gastador.”

NOSSA ESCOLHA

Nessa lista de gadgets esquisitos, a redação da Fast Company Brasil dá menção honrosa ao Adam, o robô barista da Richtech Robotics.

Apesar de não ser exatamente uma novidade – estreou oficialmente na CES do ano passado e já “trabalha” no estádio do time de beisebol Texas Rangers –, o robô chamou muito a atenção dos visitantes da feira este ano.

Adam consegue preparar drinques (ajudando a agilizar o atendimento aos clientes em horários de pico) faz recomendações de bebidas e prepara drinques customizados, quando solicitado. O robô combina inteligência artificial, um avançado conjunto de sensores e dois braços mecânicos para desempenhar a função de ajudante de barista. Tim-tim.


SOBRE A AUTORA

Sarah Parvni é repórter de tecnologia da Associated Press. saiba mais