Brasil continua com bloqueio a pagamentos por escaneamento de íris; entenda
Autoridade de Proteção de Dados rejeita recurso da Tools for Humanity e diz que riscos não foram eliminados

A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) confirmou, na última quarta-feira (6), a proibição para que o projeto World remunere brasileiros pelo escaneamento de íris. A restrição, em vigor desde fevereiro de 2025, foi mantida após o órgão negar um recurso da Tools for Humanity, empresa responsável pela iniciativa.
De acordo com a decisão, publicada no Diário Oficial da União, a companhia não apresentou “elementos suficientes” que comprovem a eliminação ou mitigação dos riscos apontados quando a medida preventiva foi adotada.
A Tools for Humanity informou, em nota, que discorda da interpretação da ANPD e que pretende adotar novas medidas legais. Segundo a empresa, a tecnologia seguirá disponível no Brasil, “em locais selecionados e de forma limitada”.
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Proibição desde fevereiro
O bloqueio ao pagamento, feito por meio de tokens digitais semelhantes a criptomoedas, foi determinado em fevereiro, quando a ANPD avaliou que a compensação financeira poderia “interferir indevidamente na livre manifestação de vontade” dos titulares dos dados biométricos. Mesmo assim, o órgão manteve a autorização para que a World realizasse novos cadastros.
Na época, a empresa optou por suspender voluntariamente o registro de novas íris no país, mantendo as lojas apenas para esclarecer dúvidas. Questionada se essa estratégia continua, a World não respondeu diretamente.
A World iniciou atividades no Brasil em novembro de 2024. Nos dois primeiros meses, filas se formavam nos pontos de atendimento, mas o movimento caiu no início de 2025. Funcionários e comerciantes próximos a essas unidades relataram queda no fluxo após a suspensão dos pagamentos e diante de notícias negativas sobre o projeto.
No início da operação, o estado de São Paulo contava com dez pontos de atendimento; hoje, são 55 unidades.
Leia a nota da empresa
“A World respeitosamente discorda da interpretação da ANPD e pretende buscar medidas legais adicionais para esclarecer a questão.
Programas de indicação são uma prática comum no Brasil e amplamente usados em setores aéreo, financeiro, telecomunicações e de pagamentos — inclusive por instituições públicas. Acreditamos que a implementação de um programa de indicação atende à decisão técnica preliminar da Autoridade e cumpre com os requisitos da LGPD.
A World continuará trabalhando junto à ANPD e seguirá o processo legal conforme estabelecido, enquanto permanece comprometida em expandir o acesso à tecnologia de prova de humanidade no Brasil. Essa importante tecnologia continuará disponível para os brasileiros em locais selecionados, de forma limitada.", finalizou a nota sobre o pagamento por escaneamento de íris.
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