CES 2025: confira os destaques da palestra de Jensen Huang, da Nvidia
Executivo apresentou a plataforma Cosmos, supercomputadores pessoais e anunciou parceria com a Toyota para veículos autônomos
O fundador e CEO da Nvidia, Jensen Huang, abriu a Consumer Electronic Show (CES) 2025 nesta segunda-feira (dia 6). Diante de seis mil pessoas em Las Vegas, ele apresentou uma visão ousada sobre o futuro da inteligência artificial em um discurso de 90 minutos.
O executivo falou sobre a nova era da tecnologia: a IA física. Além de mostrar modelos que a companhia está testando para rodar robôs e carros autônomos, Huang apresentou os supercomputadores pessoais dotados de IA.
Confira aqui os destaques da palestra que abriu a maior feira de tecnologia do mundo.
1. IA Física
“A inteligência artificial está avançando em um ritmo incrível”, afirmou Huang, ao destacar as três eras da IA. “Começamos com a IA de percepção – que entende imagens, palavras e sons. Depois veio a IA generativa – capaz de criar textos, imagens e sons. Agora, entramos na era da IA física, que pode proceder, raciocinar, planejar e agir.”
No palco, ao lado de robôs, o CEO da Nvidia falou sobre a nova era de agentes da IA. Segundo o executivo, a IA física vai permitir que máquinas entendam instruções e interajam com o ambiente.
"A IA física vai revolucionar as indústrias de manufatura e logística, que movimentam US$ 50 trilhões. Todo objeto em movimento – de carros e caminhões a fábricas e armazéns – será robotizado e incorporado pela IA", previu.
2. Plataforma Cosmos: para treinar robôs
“Estamos ensinando a inteligência artificial a entender o mundo real”, disse Huang. De olho na era dos agentes físicos de IA, a Nvidia lançou uma nova plataforma, chamada Cosmos. Diferente dos projetos de hardware da companhia, Cosmos é um conjunto de modelos de IA que replica o mundo físico.
O Cosmos está focado em recriar o espaço visual e físico. Huang explicou que os modelos de IA foram treinados com 20 milhões de horas de filmagens reais de humanos realizando ações cotidianas – caminhando, movendo as mãos, manipulando objetos. "Não se trata de criar arte", destacou. "Trata-se de ensinar a IA a entender o mundo físico."
Durante a apresentação, ele fez uma demonstração do Cosmos em ação, simulando ambientes de armazenagem onde caixas caíam das prateleiras. Esse tipo de geração de vídeo realista é fundamental para treinar robôs a reconhecer e responder a cenários do mundo real, como acidentes no local de trabalho.
As empresas podem ajustar o Cosmos usando seus próprios dados proprietários, adaptando-o às suas necessidades específicas.
3. Computador pessoal com IA
Além da robótica, a Nvidia lançou seu primeiro projeto de computador pessoal, o Digits. O dispositivo é um supercomputador pessoal com o superchip GB10 Grace Blackwell. Com o preço inicial de US$ 3 mil, o aparelho é voltado para pesquisadores de IA, cientistas de dados e estudantes.
"A IA será uma tecnologia central e popular em todas as aplicações e indústrias. Com o Projeto Digits, o supercomputador chega na mesa de cada cientista de dados, pesquisador de IA e estudante, os capacita a se engajar e a moldar a era da IA”, afirmou.
Com o supercomputador, os desenvolvedores poderão executar modelos de linguagem com até 200 bilhões de parâmetros, impulsionando a inovação em IA.
4. Parceria com a Toyota
A Nvidia também anunciou uma parceria com a Toyota para aumentar a capacidade de direção autônoma para novos veículos. "A revolução dos veículos autônomos chegou e o setor automotivo será uma das maiores indústrias de IA e robótica nos próximos anos", disse Huang.
O CEO compartilhou na CES 2025 que a Toyota Motor, do Japão, usará os chips Orin, da Nvidia, e sistema operacional automotivo para impulsionar sistemas avançados de assistência ao motorista em vários modelos. Huang prevê uma receita de hardware e software automotivo de US$ 5 bilhões no ano fiscal de 2026, acima dos US$ 4 bilhões esperados para este ano.
As empresas de veículos autônomos Aurora e Continental anunciaram esta semana uma parceria de longo prazo para implementar caminhões sem motorista em larga escala, utilizando a plataforma de direção assistida por IA da Nvidia, a Drive.
"Um trilhão de quilômetros são percorridos ao redor do mundo todos os anos, e todos serão, em algum momento, altamente ou totalmente autônomos", afirmou o executivo. "Eu prevejo que esta será, provavelmente, a primeira indústria de robótica a alcançar múltiplos trilhões de dólares."
5. Nova força de trabalho
Huang projeta um futuro em que os agentes de IA serão capazes de raciocinar e se otimizar continuamente. “O processo de raciocínio da IA não será mais uma simples resposta de etapa única, mas se aproximará de um "diálogo interno"", diz o CEO.
Para o executivo, sistemas mais velozes e potentes de treinamento para os agentes de IA, sejam eles em forma de robôs ou de softwares, vão transformar a tecnologia em “uma nova força de trabalho digital”.
entramos na era da IA física, que pode proceder, raciocinar, planejar e agir.
“Introduzir esses agentes especializados na sua empresa será como integrar novos colaboradores. A empresa precisará oferecer diferentes kits de ferramentas para ajudar esses agentes de IA a aprender a linguagem, o vocabulário, os processos de negócios e os métodos de trabalho únicos da companhia”, diz o executivo.
Ele pinta um cenário no qual empresas também serão responsáveis por dar os exemplos de resultados esperados, bem como os feedbacks. “Ao mesmo tempo, será necessário definir limitações claras, como especificar quais ações eles não podem realizar, o que não podem dizer e controlar as informações que podem acessar.”
Acompanhe outros destaques na CES 2025 no especial da Fast Company Brasil.