Cinco perguntas para Martin Montoya, da Isla São Paulo

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Martin Montoya costuma dizer que às vezes a tecnologia é tão surpreendente que parece atender a um desejo antes inexistente, mas na verdade o mais provável é que ela se conecte a alguma necessidade profunda e bem antiga. A visão vem de um experiente profissional do mundo da publicidade e do marketing, que depois de uma longa carreira como executivo, empreende pela primeira vez. Montoya entra em 2022 com o desafio de liderar, como sócio, a recém-montada agência Isla São Paulo, operação que pertence à rede criativa latinoamericana Isla.  Entre outras experiências profissionais importantes, ele foi diretor geral da JWT e CEO da WMcCann, e também atuou como CEO da Edelman e foi presidente para a AL da Burson Cohn & Wolfe. Pai de Paco, Ramiro, Felipe e Pedro, Montoya nasceu nos EUA, passou alguns anos da infância na Argentina e vive há mais de 20 anos no Brasil, país onde acabou construindo a maior parte de sua carreira.  Nesta conversa com a Fast Company Brasil, ele dá sua perspectiva sobre alguns dos temas mais importantes para quem lidera empresas e pessoas. E revela, por exemplo, a habilidade que considera a mais importante nos tempos atuais: saber ouvir. 

O que é inovação, para você?

Inovação é encontrar uma forma diferente e original de suprir algum desejo ou necessidade existente. No contexto de marketing, na esmagadora maioria das vezes, discordo da ideia de que as empresas consigam criar necessidades novas. O que os mais espertos conseguem, sim, é desenvolver produtos ou serviços que atendam uma necessidade existente, de forma nova, mais eficiente, prática ou sedutora. Às vezes a tecnologia é tão surpreendente que parece atender a um desejo antes inexistente, mas, na verdade, o mais provável é que ela se conecte a alguma necessidade profunda e bem antiga. Por isso, para inovar precisamos acompanhar dados e tendências contemporâneas, mas também ter repertório sobre o passado e bastante conhecimento sobre o comportamento e as motivações humanas.

Qual a habilidade mais importante nos tempos atuais?

O mundo sempre foi complexo e demandou várias habilidades, mas tem uma cuja falta é gritante: saber ouvir. Todo mundo quer ser protagonista e ficar falando de si. Sentir genuíno prazer na curiosidade pelos outros é uma benção.

O que o conceito de sustentabilidade representa para você e para o seu negócio?

Na indústria da comunicação e marketing a confiança sempre foi muito importante. Mesmo num mundo com tanta disponibilidade de dados e ferramentas objetivas, considero que o trabalho verdadeiramente inspirador ainda precisa da confiança e da autêntica colaboração entre talentos variados, tanto do lado do cliente quanto da agência. Infelizmente, pressões financeiras, medos e ganância vem colocando em risco essa confiança. Áreas que brigam por poder dentro de uma mesma empresa, pessoas que disputam protagonismo, agências que fazem recomendações baseadas na lucratividade, e não na utilidade de um serviço. E clientes que procuram pagar sempre o preço menor, e não o preço justo. Incontáveis atitudes que minam a confiança e colocam em risco a sustentabilidade da nossa indústria.

O que é qualidade de vida você?

Poder ser quem eu sou, sem receio das consequências.

Qual o seu conselho para quem quer ter sucesso nos negócios e na vida?

É interessante que o conselho que mais me marcou na vida acabou funcionando por oposição.  Quando eu tinha só 23 anos, o presidente de uma agência na qual eu trabalhava me disse que, no nosso negócio, eu não chegaria em lugar nenhum se não virasse um “filho da puta”.  Uma grande sensação de insegurança inicial, aos poucos, virou desafio, e o desafio de demonstrar que ele estava equivocado se tornou meu propósito pessoal.  

Nunca sabemos quando alguma experiência se tornará um aprendizado, uma visão, ou uma meta para a vida toda. Precisamos procurar um caminho feliz, mas também abraçarmos da melhor forma possível o que os momentos ruins ou as pessoas tóxicas nos proporcionam.  Afinal, esse líder desagradável acabou me dando a motivação para seguir, em vários outros momentos da vida em que me senti sozinho e inseguro, dentro do caminho que eu julgava correto.


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