Com a expansão da IA, CIOs serão ainda mais cruciais daqui em diante

Pressões internas nas empresas vão acelerar a implementação obrigatória da governança de IA

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Felix Van De Maele 4 minutos de leitura

A inteligência artificial já está redefinindo o papel dos CIOs e em 2025 não será diferente. No próximo ano, a tecnologia desafiará esses líderes de novas maneiras, ao mesmo tempo que amplificará sua relevância, dado o ritmo acelerado da adoção da IA – tanto internamente quanto no mercado.

Em 2025, acredito que veremos dois movimentos: as organizações irão aplicar a inteligência artificial a um número ainda maior de áreas – como finanças, atendimento ao cliente, logística e manufatura – e a tomada de decisão orientada por IA será adotada em uma escala sem precedentes em toda a economia.

Com essas expectativas em alta, não é surpresa que uma pesquisa recente da Salesforce tenha revelado que mais da metade dos CIOs (61%) sente que é esperado que saibam mais sobre inteligência artificial do que sabem atualmente, e 9% acreditam que sabem menos do que seus pares em outras empresas.

No entanto, a lacuna de conhecimento e confiança não é o único desafio. Os CIOs também precisam focar em reduzir o abismo entre dados e insights – e é aqui que a tomada de decisão baseada em IA se torna fundamental.

GOVERNANÇA DE IA: UM COMPROMISSO DE LONGO PRAZO

Em 2025, os CIOs vão enfrentar uma questão central: como equilibrar o poder e o potencial da inteligência artificial com a necessidade de regulamentação e conformidade?

Nesse papel cada vez mais estratégico, esses líderes estarão no centro da integração de sistemas de IA, equilibrando inovação com governança, e assumindo uma posição ainda mais próxima das áreas de negócios.

A governança dos dados e da IA será essencial para garantir que os sistemas funcionem de forma ética e eficaz, protegendo tanto empresas quanto consumidores

Com a inteligência artificial influenciando decisões que afetam desde resultados em saúde até projeções financeiras, as empresas precisam garantir que os dados que alimentam esses sistemas sejam explicáveis, imparciais e compatíveis com as normas regulatórias. É aqui que a governança se torna indispensável.

A governança dos dados e da IA será essencial para garantir que os sistemas funcionem de forma ética e eficaz, protegendo tanto empresas quanto consumidores em um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial.

O crescimento dos CIOs como líderes estratégicos e orientados por dados, especialmente ao lidar com a complexidade da IA, reforça sua relevância no futuro da governança tecnológica. À medida que a automação das decisões avança, o grande desafio será implementar práticas transparentes e responsáveis.

Por exemplo, imagine um assistente de contratação baseado em inteligência artificial, projetado para ajudar recrutadores a encontrar candidatos e agilizar entrevistas. Sob a Lei de IA da União Europeia, esse sistema seria classificado como de alto risco, devido ao potencial de decisões enviesadas e à necessidade de atender a regulamentações de privacidade e transparência.

O desafio para os CIOs é gerenciar a governança de sistemas de IA complexos enquanto os alinha aos objetivos da organização e às exigências regulatórias

Agora, imagine isso em grande escala: milhares de sistemas similares operando em diferentes plataformas de nuvem dentro de uma organização, cada um com viés, operando com algoritmos pouco transparentes ou manipulando dados sensíveis de forma indevida.

Sem uma governança adequada, isso poderia resultar em violações legais, danos à reputação e caos operacional. O desafio para os CIOs é evidente: como gerenciar a governança de sistemas de IA diversos e complexos enquanto os alinha aos objetivos da organização e às exigências regulatórias?

RESPONSABILIDADE: UM DESAFIO E UMA OPORTUNIDADE

Empresas que priorizam transparência, responsabilidade e colaboração estarão mais bem posicionadas para aproveitar as oportunidades da inteligência artificial, ao mesmo tempo em que mitigam os riscos. Para os CIOs, o verdadeiro desafio – e oportunidade – está em alcançar esse equilíbrio: gerar resultados de negócios por meio da IA enquanto mantém uma base sólida de governança. Mas como isso se traduz na prática?

Com a evolução rápida da tecnologia e os riscos associados ao uso não regulamentado, a governança se tornou uma necessidade inegável

Primeiro, os CIOs precisam entender que, em 2025, as pressões internas das empresas vão acelerar a adoção obrigatória da governança de IA. Essa tendência reflete o cenário atual. Com a evolução rápida da tecnologia e os riscos associados ao uso não regulamentado, a governança se tornou uma necessidade inegável.

Assim como a adoção de nuvem e a segurança de dados foram reguladas na última década, estamos vendo o mesmo padrão com a inteligência artificial, impulsionado tanto por avanços regulatórios quanto por pressões internas nas organizações. Globalmente, já estão surgindo estruturas normativas voltadas para a governança da tecnologia.

Empresas que implementarem governança de dados e de IA de forma proativa, além de priorizarem decisões orientadas por essas tecnologias, não apenas se destacarão, mas também garantirão o sucesso de seus CIOs. Dessa forma, esses líderes assegurarão um futuro no qual transparência, responsabilidade e governança sejam a base do desenvolvimento e implantação da inteligência artificial. Isso é algo que todos devemos esperar com entusiasmo.


SOBRE O AUTOR

Felix Van de Maele é CEO da empresa de inteligência de dados Collibra. saiba mais