Com ChatGPT, o cão-robô da Boston Dynamics agora é “inteligente”

Ficou muito mais fácil para o Spot obedecer ao seu dono

Crédito: Levatas

Jesus Diaz 3 minutos de leitura

Era inevitável: integraram o ChatGPT ao famoso cão-robô da Boston Dynamics. Embora isso possa fazer parecer que o pesadelo dos robôs assassinos da série “Black Mirror, de Charlie Brooker, possa estar se tornando realidade, essa atualização é, na verdade, uma ótima notícia – pelo menos para os donos do Spot.

Com o processamento do ChatGPT, o cão robótico agora é muito mais fácil de controlar, graças a uma interface de voz natural mais rápida e abrangente do que os complexos painéis de controle utilizados anteriormente.

O Spot agora possui uma plataforma de inspeção cognitiva baseada em inteligência artificial capaz de realizar tarefas valiosas para a indústria, como detectar e ler medidores analógicos, identificar anomalias térmicas, verificar a presença de pessoas não autorizadas, procurar sinais de corrosão e danos aos equipamentos, analisar condições inseguras no local (como derramamentos e vazamentos), entre outras funções.

Essas habilidades permitiram que grandes fábricas usassem esses robôs em missões de reconhecimento automatizadas, em vez de instalar milhares de sensores caros em todos os lugares, de acordo com Chris Nielsen, fundador e CEO da Levatas – a empresa que desenvolveu o cão-robô inteligente Cada missão tem longas listas de tarefas detalhando o que eles precisam verificar.

Essas missões resultam em grandes conjuntos de dados de observação, que são inseridos em um banco de dados. “Apenas pessoas técnicas podem lidar com eles. No final de cada missão, os robôs capturam uma tonelada de dados. Não há uma maneira simples de consultar tudo sob demanda”, diz ele.

É aí que entra o ChatGPT. A equipe de Nielsen criou uma maneira muito mais simples para o Spot e seus controladores humanos se comunicarem usando linguagem natural. As pessoas podem conversar com o robô por meio de comandos de voz.

Mas talvez o mais útil seja a nova habilidade de analisar instantaneamente grandes quantidades de informação e usá-las para responder a perguntas anteriormente sem resposta.

“Por exemplo, pela primeira vez, podemos cruzar informações de diferentes missões [de reconhecimento] sem precisar programar previamente”, destaca Nielsen. “Fornecemos ao ChatGPT os dados brutos e instruções sobre como interpretá-los e ele responde às solicitações do cliente.”

Ser capaz de direcionar, consultar e obter informações sobre o status de um local é uma grande vantagem para as empresas. A integração do bot agora permite que qualquer um possa falar com o Spot, não apenas pessoas com experiência técnica e conhecimento de robótica.

Adicionar um cérebro ChatGPT a essas máquinas significa que agora elas podem oferecer uma camada extra de segurança. Em vez de depender de um único operador remoto, qualquer pessoa nas instalações poderá pausar ou alterar a missão autônoma do robô com segurança e rapidez, sem a necessidade de treinamento técnico. Basta falar com ele.

Nielsen diz que sua equipe está atualmente estudando como usar o GPT-4 para realizar tarefas complexas, não apenas seguir comandos. “O grande avanço acontecerá quando tivermos grandes modelos de linguagem tão capazes quanto o GPT-4 sendo executados localmente em dispositivos, em vez de online”. Isso limita o alcance dos robôs, já que muitas dessas enormes instalações não têm conexão com a internet em toda a sua extensão.

Assim que conseguirem que esses novos cérebros complexos funcionem de forma independente, será possível deixar alguns desses robôs soltos dentro de qualquer instalação, dar-lhes uma missão principal e deixar com que as equipes descubram a melhor maneira de executá-la, sem precisar de conhecimento técnico ou treinamento.

“Essas unidades Spot poderão explorar as instalações, descobrir uma variedade de equipamentos e condições e, em seguida, relatar recomendações de segurança, proteção e manutenção para as equipes humanas.”

Só depois disso, Charlie, fará sentido se preocupar com alguém adicionando armas e dardos venenosos aos cães-robô.


SOBRE O AUTOR

Jesus Diaz fundou o novo Sploid para a Gawker Media depois de sete anos trabalhando no Gizmodo. É diretor criativo, roteirista e produ... saiba mais