Como lideranças de tech encaram o retorno aos escritórios

Em pesquisa realizada pela A.Team, executivos falam sobre adotar novos modelos de talentos e trazer o pessoal de volta ao escritório

Crédito: Visual Tag Mx

Joe Lazauskas 4 minutos de leitura

A Grande Demissão. O retorno ao escritório. A desaceleração da indústria de tecnologia.

Empreendedores e executivos do setor estão diante de um turbilhão de acontecimentos. Tanto em palestras quanto em podcasts, o consenso, há algum tempo, é de que todos deveriam esperar para ver como as coisas se desenrolam.

Mas não queríamos esperar.

Em julho, a A.Team, em parceria com a MassChallenge, realizou uma pesquisa com 581 empreendedores e executivos de tecnologia, desde empresas de pre-seed (em fase pré-operacional) a IPOs (que já lançaram ações na bolsa de valores).

Perguntamos como estão enfrentando esses desafios monumentais. Eles revelaram planos de retornar ao escritório, adotando novos modelos de recrutamento de pessoal, entre outros pontos.

Vale a pena ler o relatório completo, mas abaixo apresento cinco das principais conclusões.

1. O trabalho remoto deu certo, mas o retorno ao escritório está próximo

Há dois anos, havia um forte temor de que o trabalho remoto diminuiria a produtividade, mas a realidade se mostrou muito diferente: 62% dos líderes de tecnologia relataram que a produtividade aumentou. Apenas 13% discordaram dessa afirmação.

Embora ainda exista margem para aumentar a criatividade e a inovação, o trabalho remoto deu certo para a maioria das empresas de tecnologia.

37% têm planos de solicitar que os funcionários trabalhem presencialmente com mais frequência nos próximos 12 meses.

Apesar do sucesso, a tendência é o retorno ao escritório. Empreendedores estão seguindo o exemplo das gigantes da tecnologia, como a Apple, que agora exige que os funcionários trabalhem presencialmente pelo menos três dias por semana, apesar das críticas.

A pesquisa revelou que 37% dos fundadores e executivos de tecnologia têm planos de solicitar que os funcionários trabalhem presencialmente com mais frequência nos próximos 12 meses.

Cerca de 53% também disseram que uma desaceleração econômica tornaria mais fácil exigir que os funcionários voltassem ao escritório, pois um mercado menos competitivo para talentos mudaria a dinâmica de poder entre funcionários e empregadores.

2. A Grande Demissão resultou no êxodo de profissionais de alto desempenho

Um relatório recente mostra que a tendência da Grande Demissão continua: 4,2 milhões de trabalhadores pediram demissão em julho, mantendo o ritmo dos meses anteriores.

Os líderes de tecnologia que entrevistamos também sentiram esse impacto: 44% disseram que haviam perdido um número significativo de seus melhores talentos devido ao movimento de demissão voluntária.

Esse pode ser o motivo pelo qual há tantos planos para realizar novas contratações, principalmente, entre empresas mais consolidadas.

Nossas descobertas estão de acordo com o relatório JOLTS, que aponta a contratação de 500 mil novos funcionários em julho e mais de 300 mil em agosto (nos EUA), além de um inesperado aumento no número de vagas abertas, totalizando mais de 11,2 milhões.

3. O modelo tradicional de recrutamento não funciona no novo mundo híbrido do trabalho

Líderes de tecnologia ultracompetitivos estão cada vez mais frustrados com o processo de recrutamento tradicional, que se mostra antiquado para este novo mundo, onde há uma enorme pressão para construir e aprimorar equipes mais rápido do que nunca.

44% disseram que haviam perdido alguns de seus melhores talentos devido ao movimento de demissão voluntária.

Na pesquisa, 67% dos entrevistados disseram que o processo de recrutamento tradicional deixou de funcionar e precisa de uma revisão, enquanto 70% o classificaram como muito demorado e caro.

Com muitos empreendedores do setor priorizando o crescimento de receita para a próxima rodada de investimentos, um processo tão longo para formar equipes simplesmente não é uma opção.

4. Líderes de tecnologia estão adotando uma força de trabalho mista

A Grande Demissão fez surgir uma nova e importante tendência de força de trabalho que queríamos estudar: freelancers altamente qualificados e trabalhadores independentes. Como líderes de tecnologia enxergam esse crescente conjunto de talentos?

Eles os veem com bons olhos, sobretudo, no contexto de hoje:

  • 71% afirmam que contratar freelancers dá mais agilidade aos negócios em tempos de incerteza econômica.
  • 70% disseram que o trabalho remoto fez com que se sentissem mais inclinados a contratar freelancers.

Agora, esses trabalhadores estão sendo integrados a equipes mistas, trabalhando junto com funcionários em tempo integral: 73% dos entrevistados disseram ter equipes mistas, com empregados e trabalhadores independentes, enquanto 11% afirmaram ter planos de fazer o mesmo em breve.

5. 80% dos líderes de tecnologia contratariam um candidato sem diploma universitário para qualquer função

Líderes de tecnologia não somente estão mais abertos à força de trabalho autônoma, mas também estão se tornando mais flexíveis em relação aos critérios de contratação de grandes talentos. 80% disseram que estão dispostos a contratar um candidato sem diploma para qualquer função, contanto que tenha as habilidades e a experiência certas.

Estas são apenas algumas das descobertas da nossa pesquisa. Leia o relatório completo aqui.


SOBRE O AUTOR

Joe Lazauskas é jornalista, pesquisador, palestrante e diretor de conteúdo e comunicação da A.Team. saiba mais