Como o Walmart formou uma rede de entregas rápidas só com drones
Gigante do varejo agora possui a maior rede de entregas por drones dos EUA. Mas essa jornada até o topo contou com a ajuda de parceiros estratégicos
Clientes querem receber suas compras cada vez mais rápido, e a entrega por drones oferece aos varejistas uma excelente solução para atender a essa demanda. Liderando essa revolução está o Walmart, que superou a Amazon em logística de entrega.
Em janeiro de 2024, a gigante do varejo anunciou que agora possui a maior rede de entregas por drones dos EUA. No entanto, esse sucesso não foi alcançado apenas com seus próprios esforços. Parcerias estratégicas com grandes empresas, como DroneUp, Zipline e Flytrex, foram fundamentais para expandir o serviço.
Mas como exatamente essas empresas de drones como serviço (DaaS, na sigla em inglês) estão ajudando o Walmart a atender à crescente demanda dos clientes?
O mercado de entrega por drones, que abrange uma ampla gama de serviços para empresas, agências do governo e consumidores, está prestes a passar por um crescimento explosivo.
Um relatório da Mordor Intelligence prevê que esse mercado crescerá de US$ 690 milhões em 2024 para US$ 1,75 bilhão em 2029, impulsionado por serviços como fotografia e videografia aérea, coleta e análise de dados, inspeção de infraestrutura e operações de busca e resgate.
Para John Vernon, cofundador e CTO da DroneUp – um dos principais parceiros do Walmart para entregas por drones –, a pandemia foi um ponto de virada para este tipo de serviço.
“O Walmart usou drones para entregar kits de teste de Covid-19 aos clientes, demonstrando a viabilidade e os benefícios desse tipo de entrega em situações de emergência”, explica ele. “Isso também acelerou a adoção da tecnologia, destacando seu potencial para fornecer soluções rápidas e sem contato.”
Nos bastidores do serviço de entrega por drones do Walmart estão empresas como a Elsight, que desde 2022 fornece à DroneUp tecnologia para manter seus sistemas não tripulados conectados. “A comunicação confiável é essencial para o sucesso da missão”, afirma Vernon. “Não podemos permitir que drones caiam porque perderam o sinal.”
CONECTIVIDADE RESILIENTE
A conectividade 5G garante que os drones possam se comunicar com centros de controle, navegar com precisão e evitar obstáculos. Essa rede de alta velocidade e baixa latência é crucial para a transmissão de dados em tempo real, necessária para operações seguras e eficientes.
“Mas confiar em uma única infraestrutura de comunicação não é suficiente para aplicações críticas como drones”, observa Yoav Amitai, CEO da Elsight. Imagine uma situação na qual o drone perde o sinal durante uma entrega: “Isso poderia resultar em uma missão fracassada e em um cliente insatisfeito.”
O sistema da Elsight combina sinais de várias fontes, como redes celulares, comunicações por satélite e até Wi-Fi. Isso cria uma conexão robusta, garantindo que os drones mantenham a comunicação mesmo se uma rede falhar. No final, o que mais importa não é a velocidade do 5G, mas a resiliência da conexão.
As regulamentações representam um grande obstáculo, segundo Yariv Bash, CEO da Flytrex. “É necessário certificar o sistema para voar com segurança sobre pessoas em nível federal, e isso não é fácil”, diz ele.
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) afirma que a certificação Parte 135 é “o único caminho para pequenos drones transportarem a propriedade de outra pessoa por compensação além da linha de visão”.
Contudo, obter a certificação, que envolve cinco fases rigorosas, não é uma tarefa simples. Mesmo assim, a FAA continua incentivando a inovação, buscando facilitar as operações nos próximos anos.
Outro desafio é a viabilidade econômica, de acordo com Kay Wackwitz, CEO da Drone Industry Insights. Operar drones de forma segura é bastante caro, e as empresas precisam trabalhar com equipes enxutas. Para uma companhia do porte do Walmart, o desafio será expandir o serviço, ao mesmo tempo em que lida com preocupações e resistências do público.
Apesar dos desafios regulatórios, com as regras rígidas da FAA e as limitações para operações além da linha de visão do piloto do drone, Amitai está otimista de que a colaboração entre reguladores, empresas de DaaS e varejistas continuará impulsionando o setor.