Dados vulneráveis: os riscos invisíveis do armazenamento em nuvem
Servidores em nuvem têm proteções, mas não são infalíveis

Você provavelmente já ouviu alguém dizer “meus dados estão seguros, estão na nuvem”.
É uma frase reconfortante. Afinal, a nuvem se tornou sinônimo de segurança e confiabilidade. Mas será que basta armazenar informações lá para estar realmente protegido?
A resposta curta é não. A nuvem não é um cofre mágico capaz de blindar seus dados contra todos os riscos. A verdade é que eles podem ser comprometidos de diversas formas, mesmo quando estão armazenados nela.
O primeiro erro é acreditar que a nuvem cria uma espécie de escudo impenetrável em torno dos seus arquivos. Na prática, ela é apenas o computador de outra empresa. Seus dados estão em servidores de terceiros que, embora contem com boas defesas, não são imunes a falhas ou ataques.
Hackers podem – e frequentemente fazem isso – mirar diretamente nas contas de usuários. Quando conseguem invadir, todo o conteúdo vinculado àquela conta fica exposto.
Ainda assim, o maior risco geralmente não está no provedor, mas na forma como as pessoas utilizam a nuvem. Arquivos são baixados para notebooks, sincronizados em desktops e armazenados em celulares.
Cada um desses dispositivos passa a ser um ponto vulnerável. Se seu notebook for roubado ou infectado por malware, seus dados “seguros” na nuvem também ficam expostos.
O PREÇO OCULTO DA CONVENIÊNCIA
Uso o OneDrive há anos como uma forma prática de compartilhar arquivos. Mas essa conveniência traz riscos. Se um ransomware infectar o computador de um usuário, ele pode criptografar os arquivos locais – e, devido à sincronização, essas cópias corrompidas acabam sendo enviadas de volta para a nuvem.
Em questão de segundos, a versão limpa dos dados é substituída pela infectada em toda a conta. O que começou em um único dispositivo se espalha também para a nuvem.
Isso não é um cenário hipotético. Já vi esse problema acontecer com empresas e usuários. A mesma funcionalidade que torna a nuvem tão atraente – manter tudo atualizado em tempo real – também facilita que o estrago se espalhe.

Outro risco comum é o roubo de credenciais. Hackers conseguem obter nomes de usuário e senhas por meio de phishing, malwares ou senhas fracas. A partir daí, passam a ter controle total da conta, podendo copiar, excluir ou alterar dados sem serem detectados. Em muitos casos, as vítimas só percebem quando já é tarde demais.
A autenticação em dois fatores é uma camada extra importante, mas não resolve tudo. Criminosos já desenvolveram técnicas para enganar usuários e burlar esse recurso. Se a informação for valiosa, alguém vai tentar acessá-la – e, cedo ou tarde, pode conseguir.
Vale lembrar que a nuvem não armazena apenas dados estruturados, como os de um CRM. Lá também estão documentos, e-mails, relatórios financeiros e até backups. E todos esses elementos podem se tornar alvos.
Um arquivo de e-mails roubado pode expor conversas confidenciais. Um backup corrompido pode inviabilizar a recuperação de dados. Um banco de clientes vazado pode abalar a confiança de um negócio. Os riscos são muitos.
FAÇA AS PERGUNTAS CERTAS
Por isso, é importante parar e se perguntar:
- Se seus dados estão na nuvem, você sabe quem mais pode acessá-los?
- Você tem um plano caso um dispositivo sincronizado seja comprometido?
- Consegue identificar se alguém está acessando sua conta de forma silenciosa?
- O que faria se suas cópias na nuvem fossem criptografadas por um ransomware?
Essas não são perguntas teóricas. São questões práticas, que determinam se seus dados estão realmente protegidos ou apenas armazenados em outro lugar.
ESTEJA PREPARADO PARA NÃO SER SURPREENDIDO
Você pode ter um ótimo fornecedor de armazenamento em nuvem, mas depender exclusivamente dele para segurança é como trancar a porta da frente, mas deixar as janelas abertas.
É preciso contar com uma estratégia mais ampla. Isso significa monitorar o acesso às contas, proteger os dispositivos que sincronizam com a nuvem e garantir que você tenha backups que não possam ser substituídos por ransomware.
A mesma funcionalidade que torna a nuvem tão atraente também facilita que o estrago se espalhe.
Significa treinar os usuários para reconhecer tentativas de phishing e implementar protocolos para dispositivos perdidos ou roubados.
Também significa ser realista. Nenhuma solução oferece segurança absoluta. A nuvem é uma ferramenta e, como qualquer ferramenta, pode ser usada com eficácia ou pode abrir novas frentes de ataque. A responsabilidade não termina quando os dados são carregados. De muitas maneiras, é aí que ela realmente começa.
A nuvem é poderosa, mas não é invulnerável. Cabe a você se antecipar: fazer as perguntas difíceis, implementar as defesas certas, mão deixar que a conveniência esconda os riscos. Porque, no fim das contas, não basta ter os dados na nuvem – é preciso garantir que estejam realmente seguros, onde quer que estejam.