Disney aposta alto na computação espacial com o novo Apple Vision Pro

A empresa enxerga isso como um pequeno passo em direção a uma nova forma de entretenimento

Créditos: Disney/ Apple

Harry McCracken 4 minutos de leitura

Em junho do ano passado, quando a Apple anunciou seu “headset de computação espacial”, o Vision Pro, um convidado especial esteve presente na celebração: o CEO da Disney, Bob Iger. As duas empresas mantêm uma relação próxima há muitos anos.

A Disney se orgulha de ser pioneira na adoção de novas tecnologias – uma característica que carrega desde os primeiros anos, quando Walt Disney abraçou inovações cinematográficas como cor e som.

Durante a transmissão, Iger reiterou o apoio da empresa ao Vision Pro com um vídeo demonstrando várias experiências de computação espacial, desde uma versão do famoso desfile da Disney até uma partida de basquete totalmente em 3D.

Mas também fez um grande anúncio: o Disney+ estaria disponível no aguardado headset de realidade virtual desde seu lançamento.

“Estamos trabalhando juntos nisso nos últimos anos”, disse Jamie Voris, CTO dos estúdios Disney. “Dada a natureza do produto e da parceria, tudo tem sido muito sigiloso, mesmo dentro de nossa própria empresa.”

Créditos: Disney/ Apple

Mas nem todos os desenvolvedores parecem compartilhar o entusiasmo da Disney pelo Vision Pro. O número relativamente baixo de aplicativos nativos disponíveis no lançamento sugere que muitos preferiram esperar para ver.

Entre os principais serviços de streaming, apenas o Disney+, Max e Pluto TV possuem versões nativas. Outros, como Prime Video e Paramount+, têm aplicativos para iPad que podem ser executados no headset – uma solução razoável. Enquanto isso, Netflix, Spotify e YouTube podem ser acessados apenas através do Safari, a opção menos amigável aos usuários.

Para a Disney, apostar no Vision Pro não é apenas uma estratégia de negócios de curto prazo. Eles veem indícios de uma nova forma de entretenimento.

“Este é apenas o ponto de partida para esses tipos de dispositivos e experiências”, afirma Aaron LaBerge, presidente e CTO de entretenimento da Disney e ESPN. “Somos uma empresa que conta histórias e esta é uma plataforma que nos permite contá-las de uma maneira diferente.”

Mas o que a Disney ganha ao adaptar sua plataforma de streaming para o VisionOS a curto prazo? Para começar, ela conseguiu dar ao aplicativo uma verdadeira interface espacial, com uma faixa de ícones que flutua à esquerda da janela principal. Também adicionou uma área de destaque dedicada à sua biblioteca de 40 filmes 3D.

Mas, de longe, o aspecto mais interessante é poder ficar imerso em qualquer um dos quatro ambientes virtuais. Aproveitando a capacidade do headset de enganar nossos olhos, nos fazendo pensar que estamos diante de uma grande tela de cinema, o aplicativo coloca o usuário em um ambiente projetado a partir de suas principais produções: o andar do susto de “Monstros S.A.”, a sede dos Vingadores ou Tatooine, planeta natal de Luke Skywalker.

Créditos: Disney/ Apple

Cada um dos cenários virtuais envolve o usuário em 360 graus de detalhes incrivelmente renderizados, mostrando a capacidade do Vision Pro de criar um efeito 3D que, às vezes, é surpreendentemente convincente. Quando se dá play em um filme ou programa, o ambiente escurece como se você estivesse em um cinema de verdade, o que, sem dúvida, enriquece a experiência.

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Mas, no fim das contas, estes cenários são apenas um complemento à experiência de assistir ao Disney+ no Vision Pro, não uma nova forma de entretenimento em si. Por enquanto, isso pode ser o suficiente – ou até mesmo o ponto principal. Como disse LaBerge: “é uma implementação muito simples em alguns aspectos, mas que irá surpreendê-lo.”

Dado o catálogo quase inesgotável de propriedades intelectuais da Disney, é inevitável que surja mais. Voris cita a National Geographic como uma fonte provável de mais material. “Foi uma surpresa para mim o quanto as pessoas estão amando os ambientes imersivos”, ele admite.

No entanto, a empresa está apenas começando a materializar os planos que Iger apresentou durante o lançamento do Vision Pro, quando disse que o headset era “uma plataforma [que] nos permitirá levar a Disney para os nossos fãs de maneiras que antes eram impossíveis.”

Créditos: Disney/ Apple

O único outro projeto que Voris confirma estar em desenvolvimento é um aplicativo baseado na série de realidades alternativas da Marvel, “What If...?. “Será a primeira história imersiva de realidade mista que as pessoas já experimentaram”, diz ele.

Mesmo na Disney, muitas pessoas ainda estão se familiarizando com o Vision Pro, um dispositivo que não pode ser completamente entendido até que se tenha experimentado.

Mas, quando a empresa estiver totalmente apta a contar histórias em computação espacial, esta pode se tornar uma excelente oportunidade.


SOBRE O AUTOR

Harry McCracken é editor de tecnologia da Fast Company baseado em San Francisco. Em vidas passadas, foi editor da Time, fundador e edi... saiba mais