Doomscrolling: porque gastamos tanto tempo com más notícias nas redes sociais

Seu desejo de ficar rolando o feed é um sinal claro de que você busca estímulos sensoriais. Encontre-os no mundo real

Crédito: VikaValter/ Getty Images

Steffi Cao e Delia Cai 2 minutos de leitura

Existem certas regras nas redes sociais que todo mundo conhece: ignorar uma conversa é falta de educação e responder com um simples “joinha” é agressivo e indelicado. Mas, e quanto ao resto? Quando é aceitável cobrar uma dívida antiga de um amigo virtual? O que fazer quando alguém flerta com você no LinkedIn?

Delia Cai e Steffi Cao estão aqui para ajudar a resolver seus dilemas digitais, grandes ou pequenos. Desta vez, Delia responde sobre o excesso de tempo gasto nas redes sociais, principalmente no chamado doomscrolling (algo como “rolagem do juízo final”, em tradução livre)

Passamos cada vez mais tempo nas redes sociais e, dentro delas, um tempo considerável lendo sobre fatos ruins seja sobre política, problemas econômicos, guerras, desastres. Muita gente evita engajar com esse tipo assunto, mas outros não conseguem parar de consumir esses conteúdos o tal do doomscrolling. Um hábito nada bom, em especial para quem está passando por uma fase difícil na vida.

Estou desempregado e passo muito tempo nas redes sociais, mas me sinto exausto demais para ser produtivo. O que posso fazer?

Entendo completamente. A designer e tecnóloga Mindy Seu uma vez me explicou que não devemos ver o uso excessivo das redes sociais como uma falha de caráter: essas plataformas foram projetadas para prender nossa atenção. Somos, basicamente, como crianças assistindo desenho animado, com os olhos grudados na tela.

Dito isso, sabemos o quão exaustivo esse hábito pode ser para a mente. Estar desempregado e sentir que perdeu o controle sobre sua vida já é uma situação delicada – e passar horas nas redes só piora isso.

Pode parecer contraditório, mas tente estabelecer um horário específico por dia – que não seja logo ao acordar ou antes de dormir – para rolar seu feed sem culpa. Assim, isso se torna algo planejado e mais prazeroso.

Descubra quais estratégias funcionam para se manter afastado pelo resto do dia, seja uma extensão no seu navegador, aplicativo ou ferramenta que limita o acesso, ou simplesmente exclua o aplicativo do seu celular e acesse a plataforma apenas pelo computador.

Crédito: Marwan Ahmed/ Unsplash

Enquanto isso, veja o oposto de “rolar a feed” não como ser produtivo, mas como absorver novos estímulos. A escritora Caitlin Kunkel fala sobre o conceito de modelo de entrada/ saída: você não pode ser criativo ou produtivo sem primeiro “alimentar” seu sistema com novas inspirações.

Na prática, isso significa entrar no “modo de entrada”: assista a um filme por semana que não seja um blockbuster (e, se possível, legendado ou em outro idioma).

Somos como crianças assistindo desenho animado, com os olhos grudados na tela.

Explore exposições de arte, mesmo que as obras pareçam confusas ou estranhas. Crie uma lista de livros para ler. Pesquise eventos, museus e outros lugares interessantes para visitar.

O objetivo não é substituir o tempo nas redes sociais por outro tipo de consumo desenfreado, mas permitir que seu cérebro experimente novos estímulos reais. Saia com amigos antigos ou se desafie a conhecer novas pessoas.

Seu desejo de rolar o feed é um sinal claro de que você busca estímulos sensoriais. Encontre-os no mundo real e veja como sua mente começa a se reativar. Isso o deixará pronto para entrar no “modo de saída” e ser mais produtivo.

Com informações da redação da Fast Company Brasil


SOBRE A AUTORA

Steffi Cao escreve sobre cultura digital para publicações como Forbes, The Washington Post e Teen Vogue. Delia Cai é autora da newslet... saiba mais