Elon Musk quer e-commerce no Twitter, mas o TikTok vai chegar lá primeiro
A plataforma concorrente está se transformando no app dos sonhos de Musk
Uma rede social popular está fazendo avanços reais para se transformar em um “aplicativo que faz de tudo” – mas não estamos falando do Twitter, ou melhor, do X.
O TikTok, que vem testando uma plataforma de e-commerce integrada ao aplicativo há meses, agora se prepara para lançar um projeto ainda mais ambicioso: vender diretamente produtos fabricados na China para competir com as famosas lojas online Shein e Temu.
O Twitter era uma marca muito conhecida, mas sua popularidade vem caindo cada vez mais.
Isso nos leva a uma pergunta: e se, enquanto Elon Musk perde tempo brincando de fazer mudanças desnecessárias e que desagradam aos usuários na sua rede social, o TikTok se tornar de fato o aplicativo que o bilionário sempre sonhou?
Claro, é uma aposta arriscada tentar realizar uma façanha como essa, e, sem sombra de dúvida, será um grande desafio para a plataforma. Mas, pelo menos do ponto de vista da marca, expandir os negócios dessa forma é surpreendentemente plausível – e apenas reforça como o X está caminhando na direção oposta.
SUPERAPLICATIVO
O TikTok é uma marca amplamente reconhecida e extremamente popular, com cerca de 1,2 bilhão de usuários mensais em todo o mundo, e essa base continua crescendo. Além disso, o comércio já faz parte da plataforma. Não apenas com influenciadores promovendo marcas – as famosas “publis” –, mas também com anúncios entre vídeos.
Os virais do TikTok já impulsionam as vendas de uma variedade de produtos, desde músicas até shakes. Portanto,
O TikTok vem testando uma plataforma de e-commerce integrada ao aplicativo há meses.
existe uma lógica em incorporar compras diretas. E, assim que os usuários se acostumarem a comprar pelo aplicativo, será mais fácil explorar outras possibilidades que possam despertar interesse. A marca TikTok é inerentemente atraente, inclusiva e propícia à expansão.
Já a história do X é um pouco diferente. O Twitter, é claro, era uma marca muito conhecida. Mas essa popularidade conquistada a duras penas vem caindo cada vez mais, principalmente agora que Musk decidiu mudar sua identidade para algo, digamos, confuso. E, em comparação com o TikTok, o número real de usuários é modesto (um pouco menos de 400 milhões mensais).
Sob a liderança de Musk, a plataforma se tornou mais nichada, com uma série de mudanças nas políticas e no design que priorizam ostensivamente a liberdade de expressão, mas que acabaram afastando mais usuários e anunciantes do que atraindo. Pode ser que haja um modelo de negócios por trás, porém não parece indicar uma expansão concreta.
Dito isso, a ideia de criar um “aplicativo que faz de tudo” pode ser questionável. Apesar de o WeChat na China, o KakaoTalk na Coreia do Sul e o Line no Japão oferecerem funcionalidades de “superaplicativos”, que vão desde comunicação a finanças, todos eles evoluíram em contextos culturais e regulatórios diferentes.
Além de Musk, executivos da Meta, do Snapchat e até mesmo da Uber têm pensado em criar apps semelhantes para usuários nos EUA, que funcionem como uma espécie de sistema operacional para a vida cotidiana. Mas os esforços para transformar isso em realidade até agora não deram em nada.
COMÉRCIO + ENTRETENIMENTO
O TikTok não expressou tal ambição, mas sua tentativa de fortalecer o e-commerce evidencia alguns desafios específicos. O aplicativo tem testado a função “clique aqui para comprar” em vários países desde o ano passado.
Mas, nos EUA, a plataforma teve que ajustar seus planos, que originalmente dependiam mais da venda de terceiros, já que muitos se mostraram relutantes em aderir em meio a inúmeras discussões sobre banir o aplicativo no país.
O novo plano envolve trabalhar diretamente com comerciantes e fabricantes da China (e, com o tempo, também de outros lugares), com o próprio TikTok ficando responsável pelo armazenamento e envio dos produtos. É um modelo semelhante ao da Amazon – e, claro, das populares plataformas de compras Temu e Shein.
Recentemente, o clamor político para banir ou controlar o TikTok nos EUA parece ter diminuído um pouco. E os usuários até agora parecem não se preocupar muito com as alegações de que seus dados e comportamentos possam ser monitorados pelo governo chinês.
Mas isso pode mudar, ou pelo menos se tornar uma preocupação mais séria, se o TikTok começar a exigir informações de cartão de crédito e coisas do gênero. É possível que os usuários que acessam a plataforma apenas para ver vídeos não se tornem compradores, ou a abandonem caso ela se transforme um uma espécie de canal de televendas.
adicionar um pouco mais de comércio a uma plataforma de entretenimento popular não é uma estratégia ruim.
Ainda assim, a empresa projeta um faturamento de US$ 20 bilhões com o novo recurso de e-commerce em seu primeiro ano. Isso não faria do TikTok um app que faz de tudo da noite para o dia, mas seria um passo nessa direção – e um que faz todo o sentido.
À primeira vista, pode parecer exagero reunir em um só lugar vídeos bobos, memes e transações financeiras. Mas adicionar um pouco mais de comércio a uma plataforma de entretenimento popular não é uma estratégia ruim. O TikTok, inclusive, já está testando uma funcionalidade de “compre agora e pague depois” na Malásia.
Isso, certamente, faz mais sentido do que o rebranding aleatório de uma rede social cada vez mais associada à polarização e à controvérsia, e que espera com isso alcançar uma base de usuários que o Twitter nunca conseguiu, nem mesmo em seu auge. Falta algo importante nesse plano – algo que poderíamos chamar de fator X.