Empresa afirma ter alcançado a “supremacia quântica” com novo computador

A D-Wave mostrou que seu computador quântico pode, de fato, superar os sistemas tradicionais em simulações de materiais

Crédito: D-Wave/ Divulgação

Sam Becker 2 minutos de leitura

A D-Wave acaba de anunciar um feito histórico. A empresa de computação quântica anunciou que conseguiu, pela primeira vez, “simular com sucesso as propriedades de materiais magnéticos” utilizando seu computador Advantage2.

“Isso nos permite projetar e testar novos materiais sem precisar fabricá-los em laboratório”, disse o CEO da D-Wave, Alan Baratz, em entrevista à Fast Company.

Na prática, isso significa que a D-Wave atingiu a chamada “supremacia quântica” em um problema real e útil – algo que, segundo a empresa, ninguém havia conseguido até então. O avanço foi descrito em detalhes em um artigo publicado na revista “Science”.

“Este é um momento decisivo para toda a indústria de computação quântica”, afirma Baratz. “Pela primeira vez, demonstramos que um computador quântico pode resolver um problema complexo e do mundo real que os computadores clássicos simplesmente não conseguem solucionar. Esse era o grande objetivo da área, e estamos muito empolgados com isso.”

A computação quântica, por muito tempo, foi vista como uma tecnologia promissora, mas sem aplicações concretas. O avanço da D-Wave muda esse cenário, mostrando que seu computador quântico pode, de fato, superar os sistemas tradicionais em simulações de materiais.

Para replicar as propriedades de materiais magnéticos em um computador convencional – algo que a equipe da D-Wave fez com sua tecnologia quântica – seriam necessários quase um milhão de anos e mais energia do que todo o consumo global em um ano. A empresa fez isso em apenas 20 minutos.

Mas esse avanço não aconteceu da noite para o dia. “Esses resultados são fruto de décadas de pesquisa”, explica Mohammad Amin, cientista-chefe da D-Wave.

Ele destaca que essa conquista “é o resultado de 25 anos de desenvolvimento de hardware” e que o trabalho “também envolveu dois anos de colaboração entre 11 instituições do mundo todo”.

A SUPREMACIA QUÂNTICA E O FUTURO

Seth Lloyd, professor de engenharia mecânica quântica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, afirma que, embora a D-Wave tenha alcançado a supremacia quântica nesse caso específico, computadores quânticos de grande escala, totalmente corrigidos para erros, ainda estão a alguns anos de distância.

imagem abstrata representando a supremacia quântica

No entanto, os recozedores quânticos – um tipo de computador quântico especializado em resolver problemas de otimização – já demonstram aplicações práticas. “O resultado da D-Wave destaca o potencial dos recozedores quânticos para explorar efeitos complexos em uma ampla variedade de sistemas”, explica Lloyd.

Segundo a empresa, cientistas poderão usar a computação quântica para testar e simular novos materiais – especialmente aqueles utilizados em tecnologias como marca-passos e smartphones. Atualmente, esses materiais precisam ser sintetizados em laboratório, um processo caro e demorado.

A possibilidade de simular materiais antes de produzi-los pode reduzir custos, acelerar o desenvolvimento tecnológico e tornar diversos produtos mais eficientes. “As possibilidades são praticamente infinitas”, conclui Amin.


SOBRE O AUTOR

Sam Becker é escritor e jornalista freelancer que mora perto da cidade de Nova York. Ele é natural do noroeste do Pacífico, se formou ... saiba mais