Esqueça as apresentações ao vivo: na arena do ABBA, os avatares dão o show

Os “ABBAtares” podem roubar a cena, mas a ilusão não seria completa sem a incrível infraestrutura por trás de tudo

Crédito: Johan Persson/ ABBA Voyage/ Stufish Entertainment Architects

Elissaveta M. Brandon 3 minutos de leitura

Shows podem ser bastante extravagantes. Mas, se pegarmos sua essência, são apenas pessoas na plateia assistindo e ouvindo os artistas no palco. Então, como construir uma arena de shows quando falta uma parte essencial dessa equação?

Essa é a questão central por trás da arena personalizada que receberá o ABBA Voyage, um show deslumbrante com quatro avatares digitais rejuvenescidos das superestrelas suecas, vestindo trajes semelhantes aos do filme “Tron - O Legado”.

Crédito: ©Dirk Lindner/ Stufish Entertainment Architects

A fantástica apresentação, que estreou nos palcos no dia 27 de maio e acontecerá sete vezes por semana até dezembro, conta com uma banda ao vivo de 10 músicos. O palco, no entanto, é composto por três telas de 65 milhões de pixels que criam uma ilusão de ótica feita para o público enxergar profundidade na sua superfície plana.

É uma experiência surreal e provavelmente mudará por completo a maneira como são feitas as apresentações ao vivo, seja para melhor ou para pior. Uma semana depois do show, ficou claro que esses fascinantes avatares, criados capturando os movimentos dos verdadeiros integrantes do ABBA, são a estrela do show. Mas a ilusão não estaria completa sem uma infraestrutura igualmente impressionante.

Crédito: Johan Persson/ABBA Voyage/ Stufish Entertainment Architects

A arena foi projetada pela Stufish Entertainment Architects. A empresa se baseou em sua experiência criando palcos para Beyoncé e Rolling Stones para construir o projeto em colaboração com a diretora do show, Baillie Walsh, e com os produtores Svana Gisla e Ludvig Andersson, filho de um dos membros do ABBA, Benny Andersson.

Crédito: ©Dirk Lindner/ Stufish Entertainment Architects

A arena de aço e madeira pode ser desmontada quando a turnê se encerrar (embora ainda não esteja claro o que virá após a Abba Voyage). Com capacidade para três mil pessoas, o espaço hexagonal é coberto por uma cúpula que fica a 25 metros de altura. Sua forma desempenha um importante papel na ilusão: três lados são compostos por grandes telas; nos outros três, ficam os assentos. E no centro, o palco.

Crédito: Johan Persson/ABBA Voyage/ Stufish Entertainment Architects

Grande parte da mágica depende dessas três telas e da maneira como elas são dispostas. O formato hexagonal ajuda a encantar o público e cria uma sensação de profundidade que é crucial para a ilusão. O CEO da Stufish, Ray Winkler, compara a experiência à maneira como vemos desenhos em perspectiva.

“Quando você está na frente de uma pintura renascentista, é atraído para aquele mundo e perde a noção espacial porque a moldura ao redor se dissolve e você é, então, absorvido”, diz ele. “É exatamente isso que estamos fazendo com a tecnologia do século XXI; estamos pintando um quadro.”

Crédito: ©Johan Persson/ Stufish Entertainment Architects

O design da arena se assemelha um pouco com as várias telas de um PC gamer. A diferença é que as duas telas laterais mostram closes dos avatares conforme aparecem na tela principal. Elas reproduzem o efeito que vemos nos telões de shows tradicionais, criando a ilusão de que os avatares na tela central são, de fato, pessoas reais cantando em um palco físico.

Crédito: Johan Persson/ABBA Voyage/ Stufish Entertainment Architects

Tudo isso é amplificado por uma produção extravagante de alta tecnologia que se estende além da tela. O som surround vem de todas as direções, inclusive da banda ao vivo no palco; enquanto no teto, centenas de pequenos espelhos giratórios refletem luzes e raios laser.

Essas luzes são replicadas na tela, tornando quase impossível distinguir o que é real ou não. “Há uma fascinante mistura de digital e real. Mas o mais interessante é ver como o digital pega o conceito de palcos reais e o replica com uma camada de ilusão”, diz Winkler. “No fim do show, o público aplaude os avatares.”


SOBRE A AUTORA

Elissaveta Brandon é colaboradora da Fast Company. saiba mais