Ética, educação e empatia serão a chave para um futuro mais seguro com IA
Com aplicativos cada vez mais populares, aumentam as preocupações sobre a inteligência artificial e seu potencial impacto em todos os setores da sociedade
Recentemente, quase dez mil cientistas, tecnólogos, empresários e acadêmicos assinaram uma carta aberta pedindo uma pausa no treinamento de sistemas de IA mais poderosos do que o GPT-4.
Em um curto espaço de tempo, houve grandes avanços no campo da IA, tanto bons quanto ruins. Como engenheiro de ciência da computação, sei em primeira mão que as inovações que estamos vendo agora vêm sendo desenvolvidas há algum tempo.
Embora algumas sejam preocupantes, essas tecnologias podem contribuir para um grande avanço social. As possibilidades são infinitas, mas só veremos benefícios reais se as usarmos de forma responsável.
Acredito que existem três áreas-chave que devemos considerar quando falamos sobre IA: ética, educação e empatia. Esses “3 Es” serão essenciais para garantir que a tecnologia ajude a promover o bem da sociedade e um mundo melhor para todos nós.
Embora algumas sejam preocupantes, essas tecnologias podem contribuir para um grande avanço social.
Sou um fervoroso defensor do uso ético da IA. Mas um ponto em que precisamos ficar atentos é em relação à privacidade dos dados. A IA pode, por exemplo, ser usada para desenvolver equipamentos médicos que salvam vidas. No entanto, também devemos considerar como nossos dados estão sendo armazenados e com quem estão sendo compartilhados.
Embora a possibilidade de detectar doenças a partir de nossos padrões de tosse seja incrivelmente positiva, há também o risco de que esses dados possam ser usados contra nós.
APRENDER A INTERAGIR COM A TECNOLOGIA
Um paralelo é o que estamos vendo nas redes sociais. Elas usam algoritmos para manter as pessoas viciadas em suas plataformas. Estudos mostram que isso pode estar ligado ao aumento da tristeza e de pensamentos suicidas, especialmente em meninas adolescentes.
Acredito firmemente que devemos responsabilizar os líderes do setor para garantir que as tecnologias, incluindo a IA, sejam desenvolvidas de forma responsável e usadas de maneira ética.
Dito isso, precisamos falar sobre o segundo “E”: educação. Apesar dos muitos usos possíveis da IA generativa, há preocupações sobre ela ser usada para ajudar alunos a trapacear na lição de casa.
Uma pesquisa recente revelou que 51% dos estudantes acreditam que usar ferramentas de IA para concluir tarefas é uma forma de trapaça; no entanto, um em cada cinco admite já ter usado essas ferramentas para esta finalidade.
Uma pesquisa revelou que 51% dos estudantes acreditam que usar ferramentas de IA para concluir tarefas é uma forma de trapaça.
Em vez de banir imediatamente o ChatGPT de casa, meu filho e eu achamos que seria divertido explorar o aplicativo juntos. Descobrimos que, embora o texto gerado fosse melhor do que esperávamos, ainda tinha muitos erros e estava longe de ser considerado uma “redação nota dez”.
Mas o mais importante é que ele não refletia as opiniões e visão de mundo do meu filho. Isso nos levou a discutir sobre como nenhuma máquina é capaz de captar completamente nossas visões, experiências e pensamentos individuais.
Essa conversa foi importante porque tenho certeza de que esses aplicativos ficarão cada vez mais sofisticados com o tempo. A solução é ensinar aos jovens (e a nós mesmos) como interagir adequadamente com essa tecnologia.
FERRAMENTA DE APOIO OU MAL NECESSÁRIO?
Os aplicativos de IA gerativa ainda têm grandes desafios a superar. Por exemplo, sua precisão é limitada e, se forem alimentados com dados tendenciosos, vão gerar textos igualmente enviesados. Porém, existem diversos benefícios no uso desses aplicativos para a educação – desde o rápido acesso à informação até o fato de serem um recurso extra para professores, pais e alunos.
Em muitos aspectos, há um paralelo com o surgimento da internet. Pesquisar no Google é muito mais rápido do que procurar respostas em livros ou enciclopédias. Os mecanismos de busca aprimoraram nossa capacidade de pesquisa e trabalho, mas não os substituíram.
Nesse sentido, devemos pensar em aplicativos do tipo do ChatGPT como ferramentas que contribuem para o pensamento crítico, e não como um mal necessário.
devemos ver a IA como uma maneira de aprimorar as habilidades humanas, não como uma tentativa de substituir a humanidade.
Por fim, acredito que devemos ver a IA como uma maneira de aprimorar as habilidades humanas, não como uma tentativa de substituir a humanidade. Todas as eras de automação foram marcadas por temores de que trabalhadores perderiam seus empregos para máquinas. Esta é uma tendência que surgiu há centenas de anos, mas parece especialmente relevante agora.
Alguns empregos serão substituídos à medida que novas tecnologias surgirem. No entanto, outros serão criados para complementar esses avanços. Certas funções nunca poderão ser desempenhadas por uma máquina, especialmente aquelas que exigem empatia.
Áreas como a saúde sempre exigirão um toque humano. E, conforme as máquinas forem se entrelaçando cada vez mais com nossas vidas, acredito que esses trabalhos não apenas se tornarão mais importantes, mas também terão salários mais altos.
A IA está na moda agora, o que significa que é fonte de muita empolgação e apreensão. Acho que é muito mais importante olhar para essa tecnologia e todas as suas implicações de maneira sóbria e analítica.
Se usarmos os “3 E” como base, podemos guiar o uso da inteligência artificial de forma que beneficie a humanidade de maneiras inimagináveis, dando-nos a esperança de um futuro melhor.