Eventos que ocupam cidades ajudam a democratizar o acesso ao conhecimento

REC'n Play 2023 chegou ao fim, mas deixa como resultado a participação popular em debates importantes sobre o futuro

Créditos: Marcio Silva/ Mohd Izzuan/ iStock

Katarina Bandeira 3 minutos de leitura

As ruas do histórico bairro do Recife serviram de palco para o Carnaval do Conhecimento, que aconteceu entre os dias 18 e 21 de outubro. O legado do REC'n'Play, maior evento de tecnologia e inovação do Nordeste, está justamente na democratização do acesso à informação e a debates preciosos para sociedade.

Com uma programação totalmente gratuita, a feira permitiu que o público visse e ouvisse especialistas em diversas áreas, com palestras que provocavam o pensamento nas formas de viver a cidade, o mercado de trabalho, as tecnologias, sem esquecer de exaltar a cultura pernambucana com shows de artistas locais e de blocos carnavalescos. 

Para participar, bastava realizar um cadastro gratuito no site oficial do evento, que garantia um QR Code, chave necessária para acessar rodas de conversa e workshops que aconteciam em salas fechadas nos prédios da cidade.

Crédito: Iran Luna/ Porto Digital

Porém, mesmo quem não tinha intimidade com a tecnologia conseguia ter acesso às ativações gratuitas espalhadas pelas ruas, como as palestras organizadas pelo Sebrae e o Bradesco (patrocinadores do evento), além dos shows à noite ou de espaços cheios de história, como o Museu do Videogame.

Foi possível conferir o estande de robôs do grupo de pesquisa em robótica do Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o RobôCIn, que apresentou ao público os projetos desenvolvidos pelos universitários.

Foram diversos painéis falando sobre a importância de trazer moradores de periferia para o centro do debate tecnológico.

Temas como diversidade, equidade e inclusão, estiveram presentes em diversas palestras, assim como rodas de conversa sobre soluções sustentáveis e ESG, que colocaram em pauta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU até 2030 e as formas de atingi-los com soluções pensadas para micro espaços – como municípios do interior – em suas diferentes demandas. 

Falando sobre educação – um dos temas mais importantes abordados na feira – estiveram o presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, o doutor em inovação na educação Luciano Meira e o professor do Centro de Informática da UFPE e conselheiro do Porto Digital, Geber Ramalho.

Entre outras personalidades, eles discutiram os principais gargalos que ainda impactam no aprendizado. A inclusão de pessoas com mais de 50 anos no mercado de trabalho e nos espaços de ensino/ aprendizagem também foi discutida, em uma abordagem que mostrou a urgência de se integrar diferentes gerações.

PONTES DO REC'N'PLAY COMO ELEMENTOS DE CONEXÃO

Com o tema "Pontes Para Conectar as Margens", o REC'n'Play conseguiu ser fiel ao seu propósito. Foram diversos painéis falando sobre a importância de trazer moradores de periferia para o centro do debate tecnológico, assim como fornecer ferramentas para que pessoas em situação mais vulnerável tenham acesso às mesmas oportunidades de quem vive em ambientes privilegiados.

Para esses debates, o REC'n'Play contou com personalidades como o produtor musical Kondzilla; o cantor Russo Passapusso; o ex-presidente e atual conselheiro da Central Única das Favelas (CUFA), Preto Zezé; do CEO e diretor-executivo do Bradesco, Edilson Reis; e do roteirista e apresentador do podcast História Preta, Thiago André.

Alice Pataxó (Crédito: Iran Luna/ Porto Digital)

Além deles, em espaços espalhados pelas ruas do Recife, marcaram presença o artista visual recifense Max Motta, criador da Cabra Produções, e a voz profunda, intensa e necessária de Alice Pataxó, comunicadora e ativista indígena que, com apenas 21 anos, conseguiu emocionar um auditório lotado na Livraria Jaqueira.

APERTANDO O START NA DIVERSÃO

Para além da troca de conhecimento, o acesso aos jogos digitais em suas diferentes plataformas também serviu para atrair pessoas que se interessam sobre o tema.

Equipamentos de realidade virtual (RV), desktops preparados para jogos pesados, fliperamas e videogames tradicionais dividiram o mesmo espaço, para deleite de jogadores de diferentes idades, que podiam testar as máquinas por tempo limitado.

Até os campeonatos de FIFA e League of Legends conseguiram atrair um extenso público para torcer pelas equipes participantes. Uma experiência diferente, para lembrar que aprender também pode ser divertido e que o entretenimento faz parte do despertar do interesse, aguçando a curiosidade de quem, muitas vezes, não poderia ter acesso àquelas ferramentas.

Mais de 60 mil pessoas, entre inscritos e "avulsos" que apenas tiraram um dia para curtir o Recife Antigo com a família, passaram pela programação do REC'n'Play.

A despedida foi marcada no melhor estilo pernambucano, com o com cortejo do Homem da Meia Noite, Pinto da Madrugada e outras atrações que fecharam com chave de ouro o Carnaval do Conhecimento.


SOBRE A AUTORA