Atum que não é atum, frango que não é frango: chegou a comida plant-based
Não é de hoje que ingredientes proteicos a partir de soja são adicionados à nossa alimentação. Diversos alimentos vendidos prontos para consumo e servidos em redes de fast food se valem dessas proteínas para entregar mais valor nutricional, compostas com carnes de origem animal. O sabor praticamente não se altera.
Existe muito investimento em inovação sendo realizado, liderado pelas grandes empresas alimentícias. O objetivo é melhorar a qualidade da nutrição humana, ampliando as opções de alimentos, elaborados a partir de leguminosas, cogumelos, insetos e algas.
Com mais de 75 anos de experiência no desenvolvimento de alimentos e bebidas, a ADM Food acaba de implantar o Customer Creation & Innovation Center (CCIC, ou Centro de Inovação e Criação do Consumidor), com investimento inicial de US$ 4,7 milhões. É o quinto CCIC da empresa, que conta com unidades em Berlim e Heidelberg (Alemanha), Crunbury (Estados Unidos) e Shanghai (China).
A unidade brasileira está estrategicamente localizada na cidade de Hortolândia, próxima a Campinas (SP). A região abriga centros de inovação que são referência em alimentos, incluindo universidades renomadas, o Instituto Tecnológico de Alimentos (ITAL) e o Centro de Tecnologia de Embalagens (CETEA), além de diversas indústrias de alimentos e de embalagens.
A companhia é líder mundial na produção de proteínas vegetais e o investimento em inovação promete ampliar a oferta de alimentos. “O centro de inovação é um passo importante para a ADM se posicionar como um grande player do mercado de nutrição humana, fortalecendo sua atuação na indústria de alimentos e bebidas, além dos canais de e-commerce e food service”, ressalta o presidente empresa na América Latina, Roberto Ciciliano.
ALIMENTOS PLANT-BASED
Na inauguração do CCIC, em março, a ADM ofereceu um almoço no qual o cardápio explorava as diversas opções de proteína animal e vegetal, em pratos acompanhados de bebidas que compunham os sabores e aromas. Tudo elaborado no Centro Culinário da empresa.
Os participantes tiveram a chance de degustar diversos pratos com ingredientes elaborados pela ADM, como sushi vegetal com sabor e textura de atum, peito de frango plant-based ao molho pesto com purê de mandioquinha e beterraba (com textura, umidade e fibras iguais às do frango de verdade), molhos diversos feitos com extratos de frutas elaborados pela ADM, além de sobremesas tradicionais sem lactose e açúcar.
A experiência gastronômica foi bem positiva. Se fosse uma degustação cega, dificilmente haveria como identificar o que era plant-based e o que tinha origem animal. Claro que pesou o cuidado no preparo e apresentação, tendo um chef de cozinha à frente. Só que os ingredientes usados na preparação dos pratos ainda não estão disponíveis no mercado.
PARCERIAS ESTRATÉGICAS
A localização do centro de inovação faz parte da estratégia da empresa de estar perto da academia, indústrias e empreendedores que poderão usufruir da estrutura do CCIC para o desenvolvimento de produtos, explica o executivo.
A unidade de Hortolândia possui algumas capacidades técnicas únicas que viabilizam o atendimento de clientes globais e suportam os três pilares do negócio de nutrição humana: alimentos, bebidas e saúde e bem-estar.
“Essa estrutura moderna fortalece ainda mais nossa expertise técnica e nos conecta a clientes e parceiros para desenvolver e apresentar soluções inovadoras que entregam sabor, textura, aparência, funcionalidade e processo, que se inicia a partir de insights dos consumidores e de tendências de mercado”, explica Andréa Lunardini, líder da área técnica da ADM na América Latina.
RECURSOS EXCLUSIVOS
A unidade conta com equipamentos únicos e alguns exclusivos no mercado nacional, por exemplo, o mais moderno e completo pasteurizador UHT do país, o primeiro Spray Dryer piloto e a única planta de carnes completa do Brasil, com uma máquina moldadora de hambúrgueres exclusiva, conta a líder da área técnica..
Essa estrutura é particularmente importante para as indústrias e startups que desejam desenvolver produtos em escala reduzida, simulando processos industriais, testando ingredientes, embalagens, promovendo testes sensoriais e de marketing. Com este conjunto de serviços, a empresa se posiciona como provedora de soluções para a indústria de alimentos.
Inovações como proteína obtida no ar e a partir de insetos são realidade, porém demandam muito estudo, aceitação dos consumidores, escala para viabilidade econômica, testes e aprovações das autoridades sanitárias. “Estamos focados em entender como compor melhor os alimentos para complementar a oferta. As inovações no setor se processam muito rapidamente”, afirma Roberto Ciciliano.
Segundo ele, é preciso avaliar constantemente novas tendências e investimentos. “Hoje, por exemplo, posso dizer que a ADM não investirá em carne de laboratório. Amanhã, isso já pode mudar”, reconhece. Para ajudar a dinamizar esse ecossistema foi criada a ADM Ventures, que avalia investimentos em novos empreendimentos de startups de alimentos.