Como acabar com a fome em um mundo onde não falta comida – parte 2

Empresas e instituições contam como estão ajudando a reduzir a insegurança alimentar em nível global

Crédito: Istock

Fábio Cardo 6 minutos de leitura

No Dia Mundial da Alimentação (16/ 10) em 2021, convidamos diversas empresas para expressarem como estavam vendo o futuro da alimentação no mundo e as perspectivas de atingir a meta de desenvolvimento sustentável da ONU de acabar com a fome no mundo.

Recebemos diversas manifestações, todas tendo como ponto em comum a preocupação com questões relativas à sustentabilidade e à necessidade de mobilização para melhorar a produtividade e o acesso da população aos alimentos. 

Convidamos novamente este ano algumas empresas para exporem suas visões e iniciativas:

Gustavo Guadagnini, presidente da The Good Food Institute (GFI Brasil)

O GFI existe para ajudar a criar as soluções que, no futuro, vão garantir alimentos seguros, de qualidade e em quantidade suficiente para alimentar toda a população mundial.

As proteínas alternativas, foco do nosso trabalho, devem compor esse conjunto de soluções, uma vez que permitem alimentar as pessoas com o que elas gostam de comer, de forma mais sustentável, sem abandonar hábitos culturais fortemente enraizados.

Crédito: Divulgação

Em síntese, o GFI atua para elevar a eficiência do sistema de produção de alimentos, tendo em vista a baixa conversão calórica na produção de proteína animal, utilizando recursos naturais que deveriam ser direcionados para a alimentação humana, além de facilitar a propagação de doenças zoonóticas. 

No ano que vem esperamos desenvolver estudos sobre a segurança de alimentos vegetais análogos e cultivados, tendo em vista a campanha da FAO/ ONU “Se não é seguro, não é alimento”.

Temos também a parceria com o governo do Mato Grosso para explorar as possibilidades do uso de feijões brasileiros como ingrediente principal dos alimentos plant-based análogos, visando reduzir custos pela substituição de ingredientes importados.

Outras iniciativas são a ampliação do Programa Biomas, que investe em pesquisa científica para identificação de novas fontes proteicas a partir dos biomas brasileiros; e investimento em ciência e tecnologia para a produção de alimentos sustentáveis a base de proteínas alternativas e com maior escala.

Nicolás Amaya, presidente da Kellogg para a América Latina

Na Kellogg, geramos iniciativas que ajudam a garantir um lugar à mesa para todos. Sabemos que este é um desafio que não pode ser vencido com esforços individuais, por isso criamos alianças com diferentes organizações que trabalham para esse mesmo objetivo. Desta forma, criamos o programa Dias Melhores, que tem como meta criar três bilhões de dias melhores no mundo até 2030.

Crédito: Kellogg/ Divulgação

O Dia Mundial da Alimentação é uma data na qual ampliamos esta discussão, a fim de causar um impacto positivo e relevante nos países onde estamos presentes. Ao longo de 2022, de janeiro a setembro, já doamos mais de 105 toneladas de alimentos, que representam 3,2 milhões de porções, para mais de 100 mil beneficiários. Até o final do ano, a meta é chegar a 150 toneladas.

Marina Prevedello, gerente da plataforma Food da Sodexo On-site Brasil

A Sodexo On-site investe constantemente em inovações e soluções que promovam redução do desperdício de alimentos nas operações. Umas dessas soluções é a Cozinha Inteligente, desenvolvida pela companhia visando deixar os

A Cozinha Inteligente deixa o preparo mais eficiente, com o máximo aproveitamento dos insumos e recursos naturais.

processos de preparo mais eficientes, com o máximo aproveitamento de todos os insumos e recursos naturais, como água, energia e gás, graças ao uso de equipamentos de ponta e ao consumo integral de alimentos. Isso é bastante significativo para contribuir com a redução do desperdí- cio e o cenário da fome.

Seguiremos com nossas ações internas de prevenção ao desperdício e com as parcerias para o combate à fome, mobilizando diferentes atores da sociedade – seja por meio do Instituto Stop Hunger (organização sem fins lucrativos, formada por colaboradores da Sodexo), seja lançando mão de campanhas de conscientização que incentivam a redução do desperdício, principalmente de alimentos

Cristiane Lourenço, diretora global de sustentabilidade em sementes vegetais da Bayer

Recentemente, assinamos o Zero Hunger Pledge, com um compromisso de US$ 160 milhões para ajudar a acabar com a fome global até 2030.

A iniciativa foi criada no contexto da Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU e como parte da Coalizão Fome Zero, que reconhece a necessidade de governos e setor privado trabalharem juntos para acabar com a escassez de alimentos no mundo.

Crédito: Bayer/ Divulgação

Nos comprometemos a investir recursos nas regiões onde fazemos negócios, especialmente nas comunidades da Ásia, África e América Latina, e faremos parcerias com governos e instituições globais.

A partir do Zero Hunger Pledge, estamos buscando investir em iniciativas locais em prol da segurança alimentar.

Um exemplo no Brasil é a parceria que a Bayer está fechando com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR-BA), para expandir e fortalecer a capacidade produtiva de frutas e vegetais de agricultores familiares do estado da Bahia.

A iniciativa facilitará o acesso dos pequenos produtores a sementes de hortaliças de qualidade, para inclusão socioprodutiva das comunidades de baixa renda.

Regina Teixeira, diretora de assuntos corporativos da Pepsico

A Pepsico e a Fundação PepsiCo investem em diversas frentes e a segurança alimentar está entre as prioridades. Como uma das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, entendemos que investir em segurança alimentar de forma contínua e apoiar as comunidades em situações emergenciais são pilares essenciais da nossa atuação. No último ano, a PepsiCo realizou um investimento de mais de R$ 3 milhões nesta frente.

Crédito: Marco Máximo/ Pepsico/ Divulgação

No caso da parceria com a Gastromotiva – organização que mantém um programa para promover a inclusão social e a geração de empregos por meio do trabalho em cozinhas sociais, treinamentos sobre alimentação equilibrada e a distribuição de refeições para pessoas em situação de insegurança alimentar –, o valor foi revertido em refeições para cerca de três mil pessoas, além de renda e apoio na formação de cozinheiros sociais.

A PepsiCo também doa seus produtos para instituições de renome como o Mesa Brasil e a CUFA, em ações de combate à fome e situações emergenciais no país. Desde o início da pandemia, mais de 500 toneladas de alimentos foram doadas.

Agora em outubro, a PepsiCo anunciou sua entrada no Todos à Mesa, coalizão de empresas e organizações que se unem para combater o desperdício e que já doou mais de 4,8 mil toneladas de alimentos em todo o Brasil no primeiro ano.

A iniciativa será fundamental para que a empresa possa ampliar sua atuação no processo de doações periódicas de alimentos, trabalho fundamental para contribuir e levar esperança e oportunidades para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

AGCO Agriculture Foundation (AAF)

No início de 2022, lançamos um processo seletivo para concessão de subsídios para organizações sem fins

A AAF abriu processo seletivo para apoiar projetos de práticas agrícolas resilientes às mudanças climáticas.

lucrativos, com propostas de financiamento entre US$ 20 mil e US$ 300 mil para apoiar projetos, iniciativas e inovações que ajudassem agricultores e comunidades a mitigar e construir práticas agrícolas resilientes às mudanças climáticas.

A AAF também doou US$ 100 mil para apoiar os esforços de ajuda emergencial às famílias ucranianas e aos países vizinhos afetados pelo conflito entre a Rússia x Ucrânia, além de US$ 50 mil para serem utilizados na compra de sementes distribuídas gratuitamente aos agricultores nas áreas afetadas pela guerra.

Continuaremos a concentrar nossos esforços em soluções focadas no agricultor e programas de impacto para alimentar o mundo de forma sustentável e equitativa, permitindo explorar e identificar caminhos para transformar os sistemas alimentares, contribuir para a segurança alimentar, alcançar a prosperidade agrícola e apoiar as comunidades agrícolas e os agricultores em sua missão de produzir alimentos.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais