Esta carne plant-based não precisa nem ser guardada na geladeira

Várias empresas estão criando alternativas de origem vegetal que são mais acessíveis e duram mais tempo que os congelados

Crédito: Century Pacific Food

Kristin Toussaint 4 minutos de leitura

Quem procura por proteína vegetal no supermercado, provavelmente vai olhar direto na seção de congelados. Produtos como hambúrgueres ou tiras de frango vegetarianos costumam vir em caixas que ficam dispostas nas prateleiras dos freezers.

Mas novos tipos de carnes vegetais estão agora ocupando uma seção totalmente diferente dos mercados: as gôndolas comuns, ao lado dos enlatados e dos secos.

Nos EUA e em alguns outros países, nas prateleiras logo ao lado das embalagens de atum e de outras carnes enlatadas, agora é possível encontrar produtos como patê de carne e atum plant-based. Desenvolvidos pela unMeat, esses são apenas dois dos produtos já lançados. A ideia da empresa é encher as prateleiras “secas” de proteínas veganas estáveis.

Crédito: Century Pacific Food

“Faz muito tempo que trabalhamos com alimentos enlatados”, diz Gregory Banzon, CEO da Century Pacific Food, empresa com sede nas Filipinas que produz peixe e carne enlatados.

“Quando a maioria das pessoas pensa em proteínas vegetais, imagina produtos congelados ou resfriados. Realmente, a maioria vem assim, mas há um segmento significativo dos consumidores que continua comendo comida enlatada”.

A empresa foi fundada em 2013 e, em 2020, lançou a marca unMeat, que também oferece hambúrgueres e nuggets congelados à base de vegetais, além de comida em lata. Seus produtos são feitos principalmente à base de soja.

Enquanto outras empresas começaram a investir na categoria de carnes congeladas à base de plantas, a Century Pacific Food pensou em como poderia criar produtos que não dependessem de refrigeração e assim, quem sabe, alcançar clientes “flexitarianos”, que ainda comem carne, mas que estão tentando reduzir seu consumo.

Crédito: Century Pacific Food

A oferta de produtos enlatados também pode permitir que as proteínas plant-based, que tendem a ter um preço mais alto, estejam mais de acordo com os preços de carne enlatada e produtos em conserva.

Entre os motivos que tornam o preço mais acessível está a logística de transporte de produtos secos, em comparação com aqueles que exigem uma cadeia de transporte refrigerado.

Transportar um contêiner com refrigeração pode custar o dobro de um não refrigerado. Além disso, os contêineres refrigerados tendem a acomodar menos produtos. Os caminhões de entrega refrigerados também emitem mais gases de efeito estufa do que os comuns.

Crédito: High Time Foods

A cadeia de suprimentos de alimentos congelados também não chega a todos os lugares. Essa limitação é algo em que Damien Felchlin e seu parceiro, Aakash Shah, estavam de olho. “Mais de três bilhões de pessoas em todo o mundo não têm fornecimento de eletricidade confiável”, diz Felchlin.

Com Shah, ele fundou a High Time Foods, que fabrica carne de frango plant-based para prateleiras secas a partir de proteína de trigo e ervilha. “Os chefs na Índia diziam: ‘se você quer me vender qualquer tipo de comida, tem que ser algo de prateleira seca’”, acrescenta.

O frango à base de vegetais da High Time precisa ser reidratado – o que não é muito diferente do que já se faz com a proteína vegetal texturizada, como a proteína de soja desidratada. Felchlin diz, porém, que seu produto se reidrata mais rapidamente, que tem mais sabor e pode ser mais facilmente manuseado para formar almondegas ou bolinhos.

Crédito: High Time Foods

A High Time está disponível em 12 restaurantes de Boston e negocia com faculdades para que os produtos sejam oferecidos em suas lanchonetes. A empresa também está de olho nos bancos de alimentos e nos serviços de assistência em desastres, onde seu produto ajudaria as organizações de ajuda a evitar a necessidade de refrigeração.

Há ainda negociações em andamento com empresas de alimentos e chefs na Nigéria, na Índia e no México, onde a empresa espera preencher uma lacuna de proteína, principalmente nos locais sem um sistema de refrigeração confiável. No futuro, pretende vender direto ao consumidor ou também no varejo.

“Até os restaurantes nos Estados Unidos estão satisfeitos por não precisar de outro alimento refrigerado”, diz Felchlin. “Este produto pode ser colocado em qualquer prateleira e não vai estragar por 12 meses.”

Tanto a High Time quanto a unMeat observaram como as proteínas vegetais mais prevalentes tendem a ser muito centradas na América do Norte – hambúrgueres, nuggets e assim por diante – e dizem estar dispostas a mudar isso.

“Para conseguirmos democratizar o consumo de alimentos de origem vegetal, precisamos oferecer variedade de tipos de proteínas e de sabores”, diz Banzon. “Tem que ser acessível, bem distribuído e barato. Se fizermos isso, daremos aos consumidores mais oportunidades de optar por produtos à base de plantas”.


SOBRE A AUTORA

Kristin Toussaint é editora assistente da editoria de Impacto da Fast Company. saiba mais