Esta “fazenda” transforma raízes de cogumelos em carne e frango
A Meati construiu uma nova fábrica que pode transformar milhares de toneladas de raízes de cogumelos em carne bovina e de frango
Tendo crescido na zona rural do estado de Montana, nos EUA, o mais natural para Tyler Huggins seria trabalhar em uma fazenda tradicional. Seus pais hoje criam bisões (uma espécie de bovino que habita a América do Norte e a Europa) na fazenda da família em Nebraska. Mas Huggins decidiu entrar para o setor de produção de carne de uma maneira muito diferente.
Ele fundou uma startup, a Meati, que produz carne bovina e de frango a partir de raízes de cogumelos – fibras que, surpreendentemente, têm um gosto bem parecido com a proteína animal.
Com uma nova fábrica em expansão em um subúrbio de Denver, no Colorado, a empresa – que já levantou mais de US$ 250 milhões em investimentos até o momento – está ampliando a produção.
Quando estiver em pleno funcionamento, no final de 2023, será capaz de produzir milhares de toneladas de produtos por ano, uma escala comparável às maiores fazendas de gado dos EUA, usando praticamente 1% da terra.
As raízes de cogumelos, ou micélio, são ótimas para imitar a textura da carne. O processo de transformá-las em proteína alternativa começa em enormes vasos de aço inoxidável, semelhantes aos tanques de fermentação usados por cervejarias, com água açucarada para ajudar as raízes a crescer mais rapidamente.
“Queremos trazer o processo natural para dentro da fábrica e proporcionar as condições certas para que as raízes se desenvolvam”, explica Huggins. Ele explica que, ao ajustar a temperatura e os nutrientes, é possível alcançar o valor nutricional e textura ideais.
Depois de colher as fibras microscópicas, o próximo passo é alinhá-las em padrões que reproduzem a estrutura muscular. “Não há desperdício”, ressalta Huggins. Para não revelar seu segredo para a concorrência, a startup não conta os detalhes de como isso funciona.
Em seguida, são adicionados outros ingredientes: o “bife clássico” é feito com raiz de cogumelo, sal, realçadores de sabor, fibra de aveia e suco de frutas e vegetais, para dar cor, junto com licopeno, o antioxidante responsável pela pigmentação vermelha em alimentos como o tomate.
A raiz do cogumelo ajuda a tornar os produtos mais nutritivos. A costeleta de “frango” da Meati tem 17 gramas de proteína (comparável a um corte de frango de verdade) e as mesmas vitaminas essenciais, como ferro e vitamina B. Mas, ao contrário da proteína animal, não tem gordura saturada, colesterol, hormônios de crescimento ou antibióticos. Ela também tem oito gramas de fibra.
Desde sua criação, em 2019, a startup vende sua produção limitada pela internet diretamente aos consumidores e em um pequeno número de mercados no Colorado e no Arizona. Com as novas fábricas, ela planeja expandir o negócio para mais de sete mil estabelecimentos em todo o país, tanto para o varejo quanto para restaurantes, até o final do ano.
Embora a venda de carne refrigerada à base de plantas tenha desacelerado – caindo 13,5% em 2022, em comparação com 2021 –, as proteínas alternativas congeladas cresceram no ano passado, mesmo com o aumento dos preços.
A Meati, que comercializa produtos congelados, viu os produtos vendidos online direto ao consumidor esgotarem em minutos e espera que a demanda aumente.
Muitos consumidores estão em busca de produtos mais naturais e que evitam aditivos. Além disso, o sabor e textura das “carnes” são, indiscutivelmente, melhores do que as proteínas alternativas da concorrência.