IA é usada para evitar perdas e desperdício no plantio e na colheita
Foodtech aplica conhecimento com base nos pedidos recebidos dos clientes e na sazonalidade dos vários tipos de alimentos
A previsibilidade é um dos maiores desafios para quem trabalha na produção de alimentos. Fatores aleatórios como clima, pragas, demandas de mercado, logística, entre outros, são sempre incógnitas para os produtores de alimentos frescos, que têm que se programar com meses de antecedência para produzirem frutas, verduras, leguminosas.
Os descompassos acabam gerando perda de produtos e prejuízo financeiro não só para os produtores, mas para toda a sociedade com a perda de alimentos.
Desde o início de suas atividades, em 2016, a foodtech de alimentos orgânicos e saudáveis Raízs definiu que trabalharia em estreita parceria com pequenos produtores de alimentos. Os resultados estão sendo verificados com o expressivo crescimento da base de fornecedores que hoje se apoiam nas orientações da empresa para planejar o plantio e a colheita.
As informações que a Raízs tem trabalhado estão organizadas em uma ferramenta própria de inteligência artificial que consegue projetar as tendências e demandas dos consumidores.
“Os produtores rurais sabem muito bem como realizar seu trabalho de plantar e colher. Quase nada temos a somar a eles em termos de conhecimento. O que agregamos são as informações de mercado, logística, valor e melhor produtividade, a partir dos dados que temos coletado desde o início das atividades e repassado a eles”, explica Tomás Abrahão, fundador e CEO da empresa.
Isso ajuda os produtores na previsibilidade sobre o que plantar e em quais quantidades, sem perdas, e, segundo Abrahão, garante um valor que chega a 20% acima da média do mercado. Por meio de sistemas e plataformas próprias, a empresa consegue fazer uma previsão de compras com base na média de consumo, entregando os melhores produtos para os clientes.
As ferramentas desenvolvidas pela Raízs combinam conhecimento sobre as médias diárias, semanais e mensais de compras dos consumidores e a sazonalidade dos produtos.
Toda a rede de pequenos produtores da foodtech é integrada com essa base de dados. Assim, tanto o plantio quanto a colheita são feitos de forma sincronizada com os comportamentos de compras dos clientes.
Os dados permitem a personalização das cestas de alimentos que são entregues aos mais de 90 mil clientes da cidade de São Paulo, com registros sobre preferências e restrições alimentares. Destes, metade são assinantes que recebem suas caixas com periodicidade definida. O giro mensal é de cerca de 500 toneladas de alimentos.
Atualmente, a startup conecta os consumidores finais com cerca de mil famílias de pequenos produtores de todo o Brasil e de alguns países na América Latina. “Temos uma fila de espera de produtores que desejam vender seus produtos por nossa plataforma, motivados pelos bons resultados de outros produtores”, enfatiza o CEO.
Tais resultados positivos para os pequenos agricultores são verificados com o aumento das taxas de escolaridade, melhor saúde e renda. A empresa, no início das atividades, verificou que apenas 5% dos produtores tinham acesso a esses três itens básicos. Hoje, o acesso supera 45%.
“Os jovens que trabalham no campo estão vendo boas perspectivas de melhorar a qualidade de vida com o trabalho em suas propriedades, o que não estava ocorrendo antes, com o processo de evasão para os grandes centros urbanos”, conta Abrahão.
A tecnologia está servindo de plataforma para boas projeções. Grande parte do faturamento vem dos alimentos orgânicos, com bom crescimento no consumo de leguminosas e verduras. Em apenas dois anos, a empresa cresceu 10 vezes. Atualmente, avalia várias verticais no campo com base em dados e investimentos na cadeia, para atingir a meta de 40 mil agricultores.
