Indústria de gin une tecnologia e tradição para garantir padrão mundial

Aumento do consumo global exige atenção extra da indústria para garantir a padronização de sabores e aromas

Crédito: Annie Spratt/ Unsplash

Fábio Cardo 4 minutos de leitura

O London Dry Gin caiu no gosto dos brasileiros. As múltiplas opções de drinques com a bebida estão impulsionando o crescimento anual de dois dígitos na Bacardi, que produz o Bombay Sapphire. O consumidor nacional demanda muita informação, principalmente quanto a questões de sustentabilidade e qualidade do produto.

O mesmo movimento de crescimento do consumo é notado em outros países, principalmente os de clima quente. O aumento do consumo global exige atenção extra da indústria para garantir a padronização de sabores e aromas, em particular por se tratar de um produto 100% natural, sem aditivos químicos.

Ivano Tonutti, responsável por gerir os projetos de sustentabilidade dentro do Grupo Bacardi e o mestre de botânica de Bombay Sapphire, coordena uma equipe de 40 provadores degustadores responsáveis por garantir a uniformidade da bebida que será produzida e colocada no mercado.

Crédito: Bacardi/ Divulgação

O trabalho é complexo: a empresa recebe, em sua unidade na Suíça (para controle e harmonização), as 10 especiarias e ervas básicas da formulação, originadas em oito países. São 500 mil quilos de matéria-prima por ano. Tudo tem que passar por um processo de padronização, considerando que são substâncias retiradas de plantas, sujeitas a variações climáticas, quebra de safra, entre outros motivos, que acabam alterando aromas, umidade e sabor. Só depois são enviadas para destilação na unidade localizada nos arredores de Londres.

“Estamos tentando unir a tecnologia à tradição na produção de gin. Buscamos a melhor tecnologia disponível para trazer a melhor qualidade do produto”, afirma Ivano. Ele assegura que consistência é o objetivo principal. “Não é um produto artesanal, é global. As pessoas podem pegar a garrafa e saber que é uma bebida 100% natural.”

Entre as tecnologias, um “nariz” eletrônico é utilizado para captar os aromas, assim como um cromatógrafo e outros equipamentos de uso corrente na indústria de alimentos. Funcionam bem, mas o mestre botânico é enfático: nada supera a sensibilidade do paladar e do olfato humanos.

Destilaria de Laverstoke Mill, na Inglaterra (Crédito: Bacardi/ Divulgação)

TRABALHO DE PADRONIZAÇÃO

A empresa investe nas relações com os agricultores para garantir a qualidade da produção e as melhores condições humanas e comerciais. Também mantém o controle da qualidade de todos os itens botânicos e das culturas e fornecedores, para reduzir a diferença entre os lotes e culturas, misturando todo o material, e verificando os resultados em testes de destilação. “Tudo para garantir que todo o produto seja o mesmo em todo o mundo”, garante Ivano.

As melhores condições comerciais são efetivadas com o link direto com fornecedores certificados, sem corretores como intermediários. Isso viabiliza o acompanhamento da qualidade das safras, permitindo verificar se há algum problema e indicando diretamente como devem ser feitos os ajustes, com o suporte de equipe técnica.

Matérias-primas passam por processo de padronização antes de ir para a destilação (Crédito: Bacardi/ Divulgação)

A certificação de sustentabilidade é uma das premissas na relação com os fornecedores. As condições de trabalho devem ser respeitadas e controladas. “Temos por missão ser a indústria de gin mais sustentável do mundo. Temos um trabalho inclusivo contínuo e com investimento financeiro”, destaca Ivano Tonutti.

Por exemplo, em Gana, um dos países que fornecem matéria-prima, iniciou-se um trabalho em um small village com 10 empreendedores. Hoje estão estruturados como pequenos produtores, contam com um agricultor técnico, estatuto como cooperativa, conselho de administração e oferta de trabalho para jovens, inclusive com bolsas de estudos para universidades. “Nosso foco é ensinar como plantar e fazer o dinheiro das comunidades prosperar, apoiar o negócio e torná-lo sustentável”, complementa.

Duas estufas são usadas para as plantas de climas úmidos ou secos (Crédito: Bacardi/ Divulgação)

No investimento realizado há cinco anos, sistemas com otimização de uso de calor, para redução do consumo, foram implantados na destilaria. Em breve, como forma de dar mais transparência, a empresa adotará o uso de QR code, para que os consumidores possam acessar mais informações sobre a empresa e o produto.

O time de degustação e qualidade liderado por Ivano está atualmente trabalhando com o agressivo índice de qualidade imposto pela empresa, de 0,5 a cada dois milhões de garrafas colocadas no mercado. Ainda assim, o responsável pela área de sustentabilidade entende que há muito o que melhorar.

O gin Bombay Sapphire é o líder de vendas da Bacardi no mercado nacional. “O brasileiro está entendendo melhor como consumir gin, buscando a melhor experiência de sabor”, afirma a head de marketing, Veridiana Carvalho.

“Promovemos a ideia de experimentação de novas receitas, para deixar a criatividade fluir de acordo com os gostos pessoais”, explica. A iniciativa faz parte do alinhamento global da campanha, com foco na criatividade em todas as atividades pessoais.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais