Pesquisa aponta que foodtechs serão protagonistas no setor de alimentos e bebidas

Crédito: Rob Pumphrey/ Vadim Bogulov/ Unsplash

Fábio Cardo 3 minutos de leitura

A revolução das foodtechs está apenas começando no Brasil. As seis principais categorias que englobam o segmento – delivery, super foods, smart kitchen, segurança alimentar, aplicativos para consumidores e gestão de resíduos – seguem em crescimento na atração de capitais e nos negócios.

As foodtechs brasileiras ainda não são tão relevantes em termos de atração de capital, comparando com o que está ocorrendo em outros países, mas o potencial é enorme. Pesquisa recém divulgada pela Distrito, realizada em parceria com a Outcast Ventures, traz relevantes informações sobre a boa evolução das empresas nacionais.

Os investimentos mundiais em foodtech ultrapassam US $1 bilhão nos últimos dez anos, com 129 negócios fechados (deals). No Brasil, estamos muito longe dos volumes de investimentos que as empresas foodtech recebem no exterior. Os dois países que mais atraem investidores, em termos de quantidade de deals e de valor, são os Estados Unidos – que têm muita maturidade de mercado de consumo e para investimentos de risco – e a China, com enorme contingente populacional e demanda por alimentos.

PROTAGONISMO DAS FOODTECHS NACIONAIS

Uma das qualificações que mais atrai investidores e indústrias do ecossistema de alimentação no Brasil é a criatividade nos processos de busca de soluções inovadoras para problemas reais do sistema alimentar. Os empreendedores nacionais são visionários e conseguem oxigenar grandes indústrias com novas soluções, que dificilmente seriam criadas ou desenvolvidas internamente devido às estruturas corporativas.

O país conta com diversos centros de inovação ligados a grandes empresas trabalhando em cocriação com empreendedores. Buscam novos produtos e soluções que irão compor com seus produtos e serviços. É o caso de Nestlé, Mondelez, Tetra Pak, BRF, GPA, iFood, ADM, Puratos, Ambev, entre outras empresas.

Segundo o relatório, permitir que esses empreendedores acessem capital de forma simples e eficiente é fator essencial para que as demandas da sociedade sejam atendidas. Um ótimo caminho para isso é o relacionamento com empresas bem estabelecidas no mercado. Muitas, inclusive, se propõem a investir nas startups, quando for relevante no alinhamento dos negócios e dando-lhes projeção internacional.

QUEM RECEBEU MAIS INVESTIMENTOS

O perfil de investimentos realizados em foodtechs no Brasil é bem similar ao dos outros países no mundo. Food Delivery é a categoria que atrai o maior valor de investimentos.

Entre as várias divisões, marketplace de delivery concentra 55,3% dos investimentos. Nela se encaixa o iFood, que recebeu a maior soma de aportes desde 2010, num total de US$ 591,9 milhões. Daki, com delivery de mercado, é a segunda colocada no ranking nacional, com aporte de US$ 170,5 milhões. Fazenda Futuro, com seus produtos plant-based, também ganha destaque no relatório, por ter recebido US$ 82,3 milhões, seguindo no seu plano de crescimento no mercado nacional e internacional.

Entre as startups que comercializam algum tipo de produto (37,9% das soluções), 24,7% oferecem vegetais, proteínas ou laticínios extraídos de vegetais, como de lentilha, trigo, tofu, ervilha, aveia, sementes, entre outros. Metade dessas ofertas se baseia em produtos naturais como snacks, refeições frescas e/ou congeladas, cafés, molhos, ovos, comida infantil ou para pet.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS

O relatório Distrito / Outcast prevê algumas tendências bem definidas para as foodtechs.

  • Nutrição personalizada: os consumidores estão mais atentos à saúde, buscando alimentos que tragam benefícios personalizados, considerando a saúde mental e física. Mais do que saciar a fome, os alimentos devem suprir necessidades únicas e individuais, identificadas por testes biológicos e genéticos. O uso de dados se torna muito relevante para a definição da melhor opção alimentar.
  • Transparência na cadeia de suprimentos: dados sobre origem, sustentabilidade, transporte e armazenamento viraram referências que crescem em relevância junto aos consumidores. As informações partem de consumidores e das empresas que têm o carinho de rastrear toda a cadeia de produção e distribuição, compartilhando as informações com o mercado.
  • Proteínas alternativas: sempre precisaremos de proteínas em nossa alimentação. O que os consumidores demandam são alternativas à proteína de origem animal. Empreendedores e indústrias investem muito nas opções plant-based e de proteína cultivada, que buscam aproximar a experiência gustativa das opções de origem animal.
  • Impressora 3D de comida: essa alternativa visa contribuir com a produção de alimentos de forma individualizada, a partir de pó e líquido com valor nutricional, ajustando sabores e texturas. De acordo com a BIS Research, em 2023 esse mercado será de US$ 525 milhões. Algumas startups para conhecer: 3D Systemns Corporation, BeeHexm byFlow e Natural Machines.

SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais