Plataforma soma sustentabilidade às exportações de commodities agrícolas

A agtech Gavea Marketplace oferece uma solução pioneira para negociação de commodities com base em blockchain

Crédito: Gávea Marketplace

Fábio Cardo 4 minutos de leitura

A tecnologia, bem usada, está trazendo novas facilidades ao mercado agro nacional e transparência no mercado internacional. Além da qualidade dos produtos, a sustentabilidade, a proteção de matas nativas e o cultivo responsável são grandes cobranças internacionais sobre o Brasil. A conformidade socioambiental é pauta recorrente, principalmente nos países europeus.

Tradicionalmente, as negociações sempre foram dependentes de emissões manuais de documentos, de centenas de trocas de mensagens de e-mail, sujeitos a erros humanos. A adoção de medidas de segurança digital com blockchain está melhorando esses processos.

Algumas empresas de tecnologia já oferecem plataformas

Os produtos transacionados na plataforma são 100% rastreáveis, desde a origem até o destino.

para agilizar a comercialização de grãos com a vantagem da redução de processos, usando blockchain para garantir a segurança das operações e dos documentos, com redução de custos e de tempo de execução.

A Covantis, fruto da união de grandes negociantes de commodities mundiais – como ADM, Cargill, Bunge, COFCO e LDF – em operação desde 2020, chegou a transacionar em sua plataforma tecnológica, no ano passado, 519 milhões de toneladas de commodities, incluindo grãos e oleaginosas. Isso demonstra que o mercado está aberto a novas e melhores opções de tecnologias.

A brasileira Gavea Marketplace tem a primeira solução web e mobile para negociações de commodities baseada em blockchain, com o diferencial de incorporar as informações sobre a origem dos produtos.

GARANTIA DE ORIGEM E QUALIDADE DOS PRODUTOS

Esta é uma entrega adicional de alto valor ao mercado, que demanda saber se os alimentos foram produzidos levando em conta os critérios de conformidades socioambientais – principalmente se vêm de áreas de desmatamento, protegidas, ou se consta alguma ocorrência de mau uso de mão-de-obra. Os produtos transacionados na plataforma da Gavea são 100% rastreáveis, desde a origem até o destino, sempre atrelando os critérios de ESG.

As empresas que desejam negociar a venda e compra de produtos passam por extensa validação junto a órgãos públicos e privados de controle e monitoramento de produção agrícola, ambiental, financeiro, cartorial e trabalhista. O cruzamento das informações leva à assertividade quanto à origem e quantidade de produtos ofertados.

Exemplo de empresa fictícia na plataforma (Crédito: Gavea Marketplace)

Os compradores de commodities agrícolas encontram na plataforma todas as informações necessárias para saber onde foram colhidas. As informações podem ser aproveitadas até o destino final dos produtos.

Os registros em blockchain podem ser compartilhados com o mercado até o consumidor final, que poderá ver, por exemplo, de onde saiu o grão de soja que foi usado no óleo de cozinha que ele compra no varejo. Basta ser inserido um QR code nas embalagens com as informações.

REDUZINDO O STRESS NO MERCADO INTERNACIONAL

Conseguir somar transparência à produção e negociação de commodities foi uma das premissas da Gavea. A rastreabilidade dos produtos, comprovando a conformidade ambiental e social dos produtores, demonstra que é possível cumprir com as novas exigências da União Europeia para negociar commodities brasileiras.

“O valor percebido é maior do que o real quanto ao impacto ambiental. A promoção das informações pode projetar melhor o país no exterior”, defende Diogo Iafelice dos Santos, cofundador da empresa. Há muita desinformação no mercado interno e externo, o que gera falta de entendimento e compromete as relações comerciais – em quantidade e valor.

Crédito: Gavea Marketplace

As tecnologias a partir de acessos a banco de dados nem sempre são suficientes. Pode ocorrer alguma defasagem no carregamento e cruzamento de informações. Quando os números apresentam algum resultado fora do padrão e as métricas passam a não representar a realidade de mercado, o processo de validação da operação ganha fases adicionais.

Nesses casos, a empresa recorre a bases de dados de fontes diversas e a auditoria local para se certificar de que toda a operação está em conformidade.

Recentemente, a companhia fez uma transação piloto de 60 mil toneladas de soja do Brasil para a Holanda, já cumprindo essas exigências. Essa transação foi apresentada no Centro Global de Monitoramento da Conservação, ligado ao Programa para o Meio Ambiente da ONU (UNEP-WCMC).

O ambiente negocial é acessível para vendedores e compradores de commodities, onde eles podem montar ambientes para negociações de produtos. A grande vantagem apontada pela empresa está na facilidade de uso do ambiente para o processo de negociação.

“No caso de originação, isto é, para quem tem produtos a ofertar, há redução de custos com equipe comercial e com o backoffice ambiental. Além disso, o sistema amplia o alcance comprando e vendendo produtos sem restrições do espaço físico. O blockchain agrega transparência, valor institucional e segurança em todo o processo”, ressalta Diogo.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais