Ranking aponta as empresas foodtech mais inovadoras e sustentáveis no mundo

Crédito: Fast Company Brasil

Fábio Cardo 4 minutos de leitura

A terceira edição do ranking FoodTech 500, recém divulgada pela consultoria Forward Fooding, aponta as empresas de produção de alimentos de maior expressão no mercado, com tecnologia e sustentabilidade. Foram recebidas mais de 5,5 mil inscrições para avaliação, de 180 países. Entre as companhias listadas, apenas três são brasileiras: Fábrica Meatz (146º lugar), NoMoo (391º) e Connecting Food (399º).

Criado em 2019 e seguindo o modelo da Fortune 500, o ranking tem como proposta dar visibilidade aos empreendedores, para que ampliem seus negócios e ganhem reconhecimento em escala global. Os critérios adotados são bastante rigorosos e regidos por tecnologia com algoritmos proprietários, que levam em conta três critérios básicos:

  • Business size score: avalia as informações sobre o potencial de crescimento do negócio, investimentos, funcionários, escritórios.
  • Digital footprint score: mede a força de presença digital das empresas, considerando website e redes sociais.
  • Sustainability score: avalia o alinhamento das empresas com as Metas de Desenvolvimento Globais da ONU.

Desde 2015, a Forward Fooding atua como facilitadora do ecossistema para estimular conexões e favorecer colaborações significativas entre empreendedores, empresas e investidores, a fim de criar um futuro melhor para o ecossistema de alimentos. 

“Nestes três anos, testemunhamos que a indústria está se fortalecendo. Até agora, a indústria foodtech lançou mais de 70 IPOs (oferta inicial pública de ações, na sigla em inglês) e mais de 85 unicórnios globalmente. O FoodTech 500 deste ano apresenta dez empresas de capital aberto, sete unicórnios e outros 20 negócios que estão a caminho de se juntarem a este grupo nos próximos 12 a 24 meses. Este é o testemunho de que o empreendedor com talento da indústria global de foodtech é capaz de realizar grandes negócios enquanto faz o bem ao planeta”, disse Alessio D’Antino, fundador e CEO da Forward Fooding.

As empresas de fazendas verticais e indoor ganharam boa expressão entre as vencedoras no ano, com a presença da Infarm, da Plenty e da Bowery, reconhecidas líderes em seus segmentos de atuação. A produção indoor cresce como opção de cultivo e oferta de alimentos frescos, com controle de qualidade, redução de riscos de contaminação e de quebra de safra devido a condições climáticas adversas.

A francesa Ynsect, líder mundial em proteína a partir de insetos e produção de fertilizantes, mantém os investimentos no sentido de aumentar a oferta de proteínas saudáveis, com baixo impacto para o meio ambiente. Já a Benson Hill atua na aplicação de tecnologia que combina ciência de dados e de alimentos para ampliar a diversidade genética de plantas, com a oferta de alimentos mais saudáveis e nutritivos.

A Imperfect Foods tem uma missão desafiadora: mudar a cultura de descarte de alimentos considerados “feios” pelas redes de varejo, que acabam sendo jogados no lixo. A ONG faz parceria com agricultores, pescadores, pecuaristas e produtores para comprar mercadoria imperfeita e excesso de produção, visando eliminar o desperdício de alimentos. 

O EMPREENDEDOR COM TALENTO DA INDÚSTRIA GLOBAL DE FOODTECH É CAPAZ DE REALIZAR GRANDES NEGÓCIOS ENQUANTO FAZ O BEM AO PLANETA.

A Hello Fresh atua no delivery de alimentos, oferecendo kits e serviços de assinatura, opções para consumidores que têm recorrência na compra e consumo de alimentos. A empresa está há mais de dez anos no mercado e consegue ofertar produtos com qualidade e custo acessível. Ela compra direto dos produtores, contando ainda com a vantagem da previsibilidade de compras, o que favorece toda a cadeia de abastecimento e as questões relativas à sustentabilidade.

A Ag Biotech Pivot Bio fabrica fertilizantes à base de nitrogênio produzido a partir de micróbios. A empresa cresce a um ritmo de 300 vezes ao ano desde 2019. Alcançou esses avanços com tecnologias de computação e microbioma proprietários, testes automatizados em várias escalas e profundo conhecimento científico obtido por pesquisas e inovações.

A Too Good To Go encontrou uma forma de reduzir o desperdício de alimentos com a venda dos excedentes de lojas e redes varejistas. Consumidores conseguem comprar produtos por preços mais baixos do que os de vitrine e gôndola e os vendedores ganham um valor extra por sua produção.

A única empresa latino-americana que ficou entre as top 10 do ranking é a NotCo. Ela mantém investimentos e crescimento com suas opções de proteínas à base de plantas, substituindo matérias-primas de origem animal.

AS BRASILEIRAS NO RANKING FOODTECH 500

A Fábrica Meatz atua na produção de alimentos plant-based a partir do uso da jaca. Tem inclusive um produto com as mesmas características da carne-louca. Todo o projeto de operação considerou as questões de sustentabilidade, incluindo o acesso aos fornecedores de matérias-primas e aos principais mercados consumidores.

Nascida em 2016 no Rio de Janeiro, a NoMoo iniciou suas atividades com a venda de queijos veganos inovadores, fermentados e produzidos com as mesmas técnicas de produção dos queijos tradicionais de origem animal. Hoje oferece iogurtes, maionese, manteiga e queijos diversos, todos produzidos a partir de castanhas.

A Connecting Food trabalha com gestão de resíduos de alimentos. Utiliza redes, processos e tecnologia para conectar alimentos saudáveis sem valor comercial às organizações sociais. Desta forma, permite redirecionar alimentos que seriam descartados para atender pessoas em entidades assistenciais, usando tecnologias de mapeamento de todos os participantes no ecossistema de alimentação.


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais