Traive: participação das fintechs no agronegócio vai crescer

Crédito: Fast Company Brasil

Fábio Cardo 2 minutos de leitura

A oferta de crédito para o agronegócio nunca foi tão dinâmica no Brasil. Os financiamentos para os agricultores contam com múltiplas ofertas de fontes de financiamento para suas operações, desde os insumos básicos, equipamentos, estocagem, venda e distribuição. 

Fabrício Pezente, CEO e co-fundador da Traive, aponta que de 50 a 70% dos créditos que chegam às mãos dos produtores no país são originados por tradings, cooperativas, indústrias de insumos e de sementes, além das fintechs especializadas no setor. Os bancos, tradicionais financiadores do setor, mantêm participação até por conta da expansão do agronegócio, porém dividem o mercado com as demais empresas, que têm menos amarras institucionais e regulatórias, e conseguem oferecer soluções de crédito muito mais ágil.

Fabrício Pezente, CEO e co-fundador da Traive (Crédito: Traive)

Segundo Fabrício, “a infraestrutura de tecnologia permite captar dados, criar e abastecer algoritmos para realizar toda a jornada de crédito. As fintechs atuam nos dois eixos principais: tecnologia, que permite mapear toda estrutura de análise de crédito, e no financiamento às operações. Melhores análises de crédito atraem o capital privado para ampliar a oferta de crédito”. A inteligência artificial, big data e outras tecnologias entram neste contexto subsidiando cada vez melhor a qualidade do recebível que será vendido ao mercado.

Fabrício vê que há muitos desafios a serem enfrentados para que ocorra o crescimento sustentável de todo o processo de crédito. O principal vem da uniformização da base das informações: existem inúmeras empresas captando as informações dos produtores, e as registrando nos mais diversos meios. Os registros de dados são feitos em manuscritos em folhas de papel, planilhas Excel offline, e no outro extremo, em sistemas conectados por equipamentos com sensores que abastecem centrais de dados de grandes empresas sem interferência humana. “A coleta padronizada de dados deve ser uma prioridade em toda a cadeia produtiva do agronegócio para dar mais confiabilidade no processo de tomada de decisão do crédito”, afirma Fabrício.

Felizmente, as grandes empresas que atuam no mercado agtech estão passando por um processo de consolidação e se sofisticando em termos de tecnologia. Estão unindo operações complementares e verticalizando o processo de análise, a geração de recebíveis e a concessão de crédito.

“O país precisa contar com ferramentas de crédito modernas que acompanhem o ritmo de crescimento do agronegócio nacional. Deve ter um marketplace de crédito que permita a atração de capitais de investidores nacionais e internacionais, permitindo o fluxo de capitais e as disputas de mercado”, ressalta Fabrício.

Esse cenário é factível com a adoção de tecnologias que transmitem solidez e confiabilidade nas garantias oferecidas pelos tomadores de crédito. “A dimensão e dinâmica do agronegócio nacional exige que a tecnologia atue como um facilitador para dar sustentação ao crescimento do setor, com condições de custo financeiro melhor para toda a cadeia”, complementa. 


SOBRE O AUTOR

Fábio Cardo é economista de formação, atua em comunicação empresarial e empreendedorismo e é co-publisher do canal FoodTech da Fast Co... saiba mais